abismo e borboletas


Clique para ampliar – Domí­nio Público

 

“E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você.”

Friedrich Nietzsche. Além do Bem e do Mal,
Ed. Companhia das letras, pág 79, aforismo 146.


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Mais de uma semana sem vir aqui. E uma péssima semana em termos alimentares. Tive muitas crises de compulsão bravas. Muito chocolate, muita comida sem noção. E algumas conclusões também.

A primeira delas é que eu realmente preciso de alguma ajuda, sozinha tá muito dificil. Quando eu estou perto de algum grupo ou algum programa fica mais fácil me motivar, eu encontro mais ânimo pra tentar, pra fazer cardápio, fazer pratos leves, comer frutas e tal. Vou tentar desenvolver esse assunto em outros posts.

 

Se eu estou por minha conta, eu sou a menina das borboletas.

A segunda conclusão é que a minha história é a seguinte: eu tenho um enorme abismo, escuro e cheio de perigos que preciso encarar. Eu preciso me atirar nesse abismo, atravessá-lo para conseguir superar algumas coisas na minha vida, coisas essenciais e cruciais. E o caminho até o abismo é longo, longo e cheio de obstáculos e perigos. Uma verdadeira floresta dos contos de fada. Uma verdadeira jornada do herói.
E eu me armo, me encho de suprimentos, e faço um trabalho árduo pra chegar até lá. Caminho, me perco, sofro, mas chego í  beira do abismo. E o abismo é fascinante, é maravilhosamente tenebroso. Assustador. Eu caminho até sua beirada e me abaixo para encará-lo. Naquilo que seria talvez o momento mais importante da minha vida. Encarar o abismo, travar um diálogo com ele, atravessá-lo. E ai, bem na hora H, em que eu estou quase nauseada de olhar a profundidade desse abismo, passa uma linda borboleta colorida na minha frente e eu me distraio com a beleza de suas cores, de seu vôo e saio correndo atrás dela, enlevada.

Clique para ampliar – Imagem daqui, creative commons

E quando percebo, estou de volta ao começo do caminho, distraí­da e atraí­da por uma borboleta colorida. Assim tem sido minha história, perdendo o foco toda hora com borboletas. Hipnotizada pela flauta de Hamelin. E o esforço que eu tenho que fazer: Deixar de lado as borboletas, por mais atraentes que sejam e me concentrar, me fixar no foco. É isso.
 
Aqui encontra-se disponí­vel para download o livro Além do bem e do Mal, de domí­nio público. Em espanhol.

elefante branco

piada69Domingão de calor insuportável. E eu retomando as rédeas da brincadeira. O peso de hoje é 95,2. Os ponteiros da balança grudaram nesse número. Mas eu não tenho feito nada pra melhorar a situação, essa é a verdade. Ainda não entrei mesmo num programa de modo contí­nuo e sério e fico com a sensação de que não dei o meu melhor. Falta algo que eu tento conseguir. Mas o fato é que recomeço agora e mais uma vez, essa é minha história.

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corra parte 2

Nossas compulsões e os sentimentos aprisionados que as alimentam estão localizados onde também se escondem os tesouros de nosso verdadeiro “eu”. Para descobrir o que existe sob a superficie das compulsões, precisamos aprender a voltar para nossa experiência, não para a direção oposta. […]

Coloque de lado a resistencia por um minuto e imagine que há um enorme leão feroz atrás de você. É isso que acontece com os sentimentos aprisionados dentro de nós, dos quais tentamos escapar por meio das compulsões. Quando os leões, que são esses sentimentos vêm í  tona, colocamos nossos tênis de corrida e corremos í  toda. Comemos mais chocolate, encontramos mais coisas pra fazer, navegamos na internet ou sacamos o cartão de crédito. í€s vezes conseguimos escapar do leão. Um dia, se tiver sorte, não conseguirá mais correr. Ao cair terá a certeza de que será devorado. Quando o leão derrapar até parar a seu lado, para sua grande surpresa, não morderá sequer um fio do seu cabelo. Em vez disso o leão se transformará em um gatinho, e , quando ele abrir a boca, você verá repousando em sua lí­ngua o presente que ele vem tentando lhe entregar a anos! O leão é sua compulsão e todos os sentimentos dos quais você corre. E, como o leão, esses sentimentos guardam grandes tesouros. Mas é preciso parar de correr para recebê-los.

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Esse é outro trecho que gostei deste livro. Que coloco aqui pra lembrar, estou dizendo isso em voz alta pra mim mesma.

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casa na areia

Imagem daqui, creative commons

ERRO

Edifiquei minha casa sobre a areia Todo dia recomeço

Eunice Arruda

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O estrago desses dias sem estar atenta foi grande. Juntou a falta de planejamento, que me fez não comprar boas coisas saudáveis, a sí­ndrome do jaque, uma dispersão sem tamanho, que quase me preocupa.

O que eu poderia dizer hoje? Que construí­ minha casa sobre a areia? Que não sei porque o erro é mais forte do que eu? Que perco tempo vida e alegria nessa brincadeira chata de querer emagrecer. Que eu não sei realmente porque sempre erro? Nem porque insisto em não me aceitar como sou?

Estou comigo mesmo a cada minuto do dia. Não tenho nenhum descanso das minhas fraquezas, nenhuma ausência de mim mesmo. É dificil ter que ouvir aquela voz interior implacável, sempre mostrando meus erros e falhas. (Do livro dos Comedores Compulsivos Anônimos – Para Hoje, pág. 285, 11 de outubro)

E de que adiantaria ausência de mim se teria que retornar as mesmas falhas? O fato: Não emagreci. Não engordei também, o que seria até aceitável, com tanto descuido. Tanto descuido. Descuidada demais, estou eu. Preciso estar atenta, preciso ver agora. Retomo a respiração para encontrar o caminho. Respire fundo, Inspira, expira. Mas descubro que só dói quando eu respiro. É isso, sem cabeça nem pés de barro. Seguindo. Só pra não perder o costume. Eu venho aqui porque quero alguma coisa. Preciso comer frutas. Frutas. Verduras. Grãos integrais. Reduzir açúcar, massa. Caminhar. É isso. Tão simples, tão complicado! Amanhã é segunda, dia bom, quando eu estou em dia com meu trabalho. Estar em dia no trabalho me traz leveza. Amanhã vou seguir firme, firme. Minha primeira meta é emagrecer 7 quilos. Nada mais, se eu conseguir já vai ser um grande feito, grande mesmo. Amanhã vou tomar chá, vou comer frutas, tomar água, fazer o qi, meditar, trabalhar bem e evitar açúcar. Enfim, amanhã vou me cuidar.

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Sabe o cortisol, aquele hormônio que marca território quando vivemos uma situação de stress? Então, uma de suas tarefas é estocar gordura no corpo. E as pesquisas já comprovaram há algum tempo que o cortisol age muito mais intensamente em pessoas que dormem pouco. Para se manter acordado durante a noite, nosso organismo passa por uma série de alterações. A explicação é simples: o corpo interpreta a vigí­lia como se fosse uma ameaça – é o mesmo mecanismo desencadeado no homem primitivo quando tinha que enfrentar um perigo.

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O calor tá terrí­vel por aqui. Coisa horrí­vel mesmo, insuportável. Pra alguém alérgica ao calor como eu tudo fica mais dificil. Porque eu não consigo dormir direito. E sono é tudo de que eu preciso nesse momento. Eu não sei como é com todo mundo, mas eu quando não durmo direito, especialmente um tempo maior, fico fraca, fico sem forças pra resistir í s compulsões… É um ciclo vicioso terrí­vel.

Eu preciso dormir bem, pra ter forças e conseguir resistir. Eu tenho meditado pouco. A meditação que eu estava fazendo não estava muito legal, eu cismei que ela estava trazendo alguns efeitos colaterais e dei um tempo dela. Mas ainda não acertei com a nova meditação. E meditação é a minha maior terapia, ela segura minha onda. Quando eu faço direitinho ela me salva muito.Eu sempre emagreço quando medito regularmente.

Só isso, só mesmo pra vir aqui, pra me forçar. Sem grandes dramas hoje, que o dia tá quente demais e derreteu minha vontade de escrever e me fez esquecer que tinha algo a ser escrito.

quando deus ri

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Deus ri-se da ansiedade dos que tentam controlar a vida e desgastam-se em armar esquemas para que nada fuja do planejado, e esquecem que a vida é fluida e fugidia, e quanto mais se quer controlá-la, mais escapa pelos nossos dedos

Daniel Rocha

–o0o–

O Homem faz planos. E Deus ri.

–o0o–

Baguncei tudo de novo. E vou chorar as pitangas sim, que é o melhor que eu faço. Isso aqui é pra mim, é onde eu choro e esperneio mesmo. é pra minha organização, principal propósito. Se não agrada, pois é…

Baguncei o coreto todo de novo e praticamente coloquei tudo a perder. E infelizmente não foi só no setor emagrecimento. Acontece que esse problema de emagrecimento é metáfora na minha vida. E está ligado a coisas outras, a outros nós que eu não consegui ainda desatar. Pois bem, o fato é que eu procrastinei, fingi que não tava vendo, fugi de mim mesma, mas o elefante branco no meio da sala só engordou e cresceu. Eu perdi o foco mais uma vez e dancei.

Então só resta uma coisa, que é recomeçar, de novo. Só vim aqui pra choramingar e pra escrever, pra registrar que hoje é o segundo dia do meu ciclo e eu estou cansada, cheia de complicações, de pepinos, de trabalhos que se acumularem na minha pasta porque eu fugi de mim mesma. Que eu estou triste, sem fé em mim mesma e de saco cheio. Mas que não vou desistir, não vou largar esse osso.

Eu tenho alguma séria lesão em algum compartimento do cérebro, pq eu já estou careca de saber que não adianta fugir de mim mesma, que não é produtivo fingir que não vi, que não adianta procrastinar, e que acima de tudo eu sou muito dispersiva pra poder me dar ao luxo de não seguir um plano e principalmente de não ter um plano. Eu sempre danço quando deixo tudo solto, não dá.

Eu fujo de mim mesma, mas não adianta, acabo trombando comigo mesma num relance na primeira esquina. Então, lets vamos, vamo que vamo. Bora correr o susto né?

Agora tenho planos e tenho o plano supremo de ter planos, mesmo que Zeus ria muito de mim.

pausa

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Pois é, eu sumi. Até escrevi posts que não publiquei. Pensei em fechar ,mudar de blog, voltar anônima, com pseudônimo ou algo assim. Mas eu consegui postar com pseudônimo durante muito pouco tempo, me conheço. E mudar de casa não some com o problema, eu já tô calejada de saber disso.

E sei que fiquei assim por causa de um comentário inocente de alguém. Mas…Falta pouco menos de 100 dias pra eu ir de novo pra Xangri-lá. E quero estar mais leve, por favor! Pra poder curtir Xangri-lá como nunca pude.
Tenho cem dias pela frente. Vou tomar providências. Fazer o qi 3 vezes é uma delas, isso não pode acontecer eu ficar sem fazer, pois é a minha principal ajuda.
Eu tenho perdido o foco com muita freqí¼ência, apesar da minha persistência… Pensei em reativar o blog dos cem dias, mas mal dou conta dos que já tenho, então não.
De toda maneira preciso dar um jeito de reativar o pique.
Interessante foi perceber que no meu ciclo, quando eu entro na fase de tpm, apesar de mais irritada e muito emotiva, eu fico muito mais animada, com muito energia pra fazer coisas boas pra mim mesma. Então preciso dar um jeito de reverter isso a meu favor. Nessa época eu fico sempre menos dispersiva. Vou começar já a me dar esses cem dias de presente, me cuidar, fazer a coisa certa. Mas principalmente me perdoar quando eu faço as coisas não tão certo assim…Ainda bem que…
Sei lá, ainda bem que tô viva e posso me dar ao imenso luxo de fazer dieta.

blog nós mulheres

Aquela felicidade plena, aquela sensação maravilhosa de saborear um doce que se ama sem pensar em mais nada, sem sentir nada além daquele sabor, foi riscada do cotidiano das mulheres. No dicionário feminino, o verbete “prazer” vem sempre acompanhado da palavra “culpa” -pelo menos quando se fala de alimentação. Antigamente, nós, mulheres, não podí­amos ter apetite sexual. Hoje não podemos ter apetite – ponto final. É por isso que eu sempre brinco que nos tiraram de Bangu 1 e passaram para Bangu 2. O endereço da cadeia mudou, mas continuamos prisioneiras. Antes era a moral que nos aprisionava. Hoje é a estética.

Leila Ferreira

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Nós todas pudemos comprovar de bem perto o quanto ela é magra. Sim, magrinha, magrinha, nós até comentamos. Parece até que vai se esvair de tão levinha…
Mas até ela já sentiu o peso inevitável da magreza, como se vê pelo trecho acima. O artigo todo está na edição deste mês da Marie Claire. Pode ser lido aqui, acho que basta ter um cadastro.

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Nada a ver com o tema do post, mas queria dizer que tá no blog dela também uma frase que eu adorei:

hohohoho.
Essa frase me lembrou do que diz o meu melhor amigo: Nalu, todo mundo é motivo de piada, TODO MUNDO. Incluindo eu, você, o Einstein e a Giselle Bundchen.

medo da privação

Figura daqui

Prosseguir mentindo

é o jeito que encontrei

de viver aproximado da realidade


Dificulta-me repartir.

Ocultava o alimento no quintal.

O que não comia, escondia para o para o próprio proveito.

Nossa fome não acompanha
A idade dos dentes.

Fabrí­cio Carpinejar – As Solas do Sol, pág 70

( o grifo é meu)
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Eu percebo que minha compulsão está ligada a um medo terrí­vel de perda. Acho que é a mesma voracidade que está na origem da minha coleção de livros, com a notável exceção de que os livros só engordam a mente. Eu percebi que essa processo de acúmulo é medo de perda, é apego puro.
É como se eu não tivesse aprendido que não é preciso comer tudo, que eu não vou passar fome, que a comida atualmente é farta. É como se alguma programação genética dos meus ancestrais das cavernas que chegou até mim não tivesse sido desligada e eu temesse a todo instante a falta. A privação.
Certamente a psicanálise deve ter outra explicação pra isso, talvez alguma angústia da separação, sei lá. Enfim, o que interessa é que eu entendi isso, o tamanho da minha angústia o que me leva a acumular, o tamanho do meu apego. Talvez algum exercí­cio de desapego seja bom, ajude a emagrecer. Vou pensar mais nisso, com mais amor. O médico do qi tinha me ensinado uma programação para lidar om isso, vou ver se lembro ou se acho os papéis.
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Enquanto isso, hoje é sábado. Dia de recomeçar. Já acionei o meu maravilhoso suco de hortelã. Que bem me faz esse suco! Já comi minha salada de frutas com uma colherinha de mel. Vou caprichar, como se diz. Cada vez mais eu gosto da minha perseverança. Vou conseguir. Alguns dias de delí­rio não vão me derrubar.