Descrédito

O pior momento é quando nem a gente mesmo está acreditando na gente. Acho que antes de pensar em emagrecer, eu devia aprender a me alimentar. Alimentar corpo e alma. Eu não sei comer, eu faço da minha nutrição um caos total. Senão não vou conseguir chegar lá e vou ceder ao cansaço que está chegando, se insinuando sorrateiro e devagar. Tem hora que tudo que dá vontade é de chutar o balde e desistir. Tenho que me lembrar que eu não posso fazer o que quiser com a comida.

E tenho que ler mais minha agenda magra. É isso, vou procurar, porque nem sei onde está. E tenho que me lembrar do texto sobre a disciplina. E lembrar de não desistir. E começar a lembrar de lembrar as outras coisas essenciais para o caminho. í s vezes tanto imperativo cansa, mas não tem outro jeito.

por que o mundo odeia as gordas

De todas as formas de discriminação, a que ronda as mulheres gordas talvez seja a mais perversa. Atitudes racistas ou homofóbicas são publicamente condenáveis. Por outro lado, parece que não há nada de errado em fazer piadas de mau gosto sobre a aparência dessas pessoas. Diferente do negro e do gay, o gordo raramente é poupado de comentários sobre o fato de ter emagrecido ou não -como se isso fosse o equivalente a ter mudado a cor dos cabelos. O preconceito aparece em diversas situações, como mostra a pesquisa realizada com 9.405 leitoras de Marie Claire. No caso da mulher, a gorda é ‘simpática’ ou, no máximo, ‘tem um rosto bonito’. Se quiser andar na moda, tem que fazer roupa sob medida porque o GG não costuma freqí¼entar as araras dos bons estilistas. Se for disputar uma vaga de trabalho, precisa torcer para que nenhuma magra queira o mesmo posto. E, se resolver malhar na academia, vai ter que superar a incômoda sensação de que é o centro das atenções. Porque o mundo não perdoa quem está fora das medidas.

“Ser gordo não é opção. É destino.” Quem afirma é o endocrinologista Alfredo Halpern, um dos maiores especialistas brasileiros no assunto obesidade. Aqui, ele explica por que í s vezes é tão difí­cil emagrecer.

Marie Claire – Quem é gordo sempre come demais? Alfredo Halpern – Não. Muitas vezes, a pessoa gasta poucas calorias, ou acumula gordura com mais facilidade. Há, ainda, organismos que têm dificuldade de utilizar gordura como fonte de energia. E tudo isso pode ter causas biológicas.

Não. Muitas vezes, a pessoa gasta poucas calorias, ou acumula gordura com mais facilidade. Há, ainda, organismos que têm dificuldade de utilizar gordura como fonte de energia. E tudo isso pode ter causas biológicas.

MC – O que regula o apetite?

AH – O fato de alguém comer mais ou menos depende de, no mí­nimo, 50 substâncias que circulam no sangue, no cérebro, no tubo digestivo…

O fato de alguém comer mais ou menos depende de, no mí­nimo, 50 substâncias que circulam no sangue, no cérebro, no tubo digestivo…

MC – Há causas genéticas?

AH – São muitas variantes e todas reguladas por diferentes genes. Um desbalanço em determinado gene pode criar uma necessidade de comer açúcar que só algumas pessoas sentem, assim como um desequilí­brio genético de outra espécie faz com que alguém tenha uma fome voraz. E não é sem-vergonhice, é fome de verdade.

São muitas variantes e todas reguladas por diferentes genes. Um desbalanço em determinado gene pode criar uma necessidade de comer açúcar que só algumas pessoas sentem, assim como um desequilí­brio genético de outra espécie faz com que alguém tenha uma fome voraz. E não é sem-vergonhice, é fome de verdade.

MC – Nesses casos, é impossí­vel emagrecer?

AH – Há quem não consiga, mesmo levando uma vida espartana… Poucos têm algum sucesso í  custa de muito esforço ou de intervenções cirúrgicas. É preciso lutar contra forças quí­micas, metabólicas, hormonais e neurológicas, comandadas pela genética e facilitadas pelo meio em que vivemos. Até a capacidade para atividades fí­sicas tem a ver com genética. Hoje já se sabe que o bebê de uma mulher gorda se movimenta menos do que o filho de uma magra. E assim será, por toda a vida.

Há quem não consiga, mesmo levando uma vida espartana… Poucos têm algum sucesso í  custa de muito esforço ou de intervenções cirúrgicas. É preciso lutar contra forças quí­micas, metabólicas, hormonais e neurológicas, comandadas pela genética e facilitadas pelo meio em que vivemos. Até a capacidade para atividades fí­sicas tem a ver com genética. Hoje já se sabe que o bebê de uma mulher gorda se movimenta menos do que o filho de uma magra. E assim será, por toda a vida.

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As formas arredondadas e volumosas surgiram naturalmente quando a baiana Eliana Kertesz começou a trabalhar com argila, há 12 anos. Hoje, a artista plástica é conhecida como a ‘Botero’ brasileira, com suas esculturas de mulheres gordas e sensuais, feitas com bronze, terracota, alumí­nio e resina. ‘Odeio a ditadura da beleza magra, e protesto através dessas formas fartas. As esculturas são o meu jeito de dizer que o gordo também é belo’, diz. Para Eliana, uma mulher que se diz nem gorda nem magra, o problema só existe quando a própria pessoa sofre com a gordura. ‘Mas não tem cabimento a gente se incomodar só porque está incomodando os outros. O que estamos vivendo hoje em dia é um patrulhamento.

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NíƒO É PREGUIí‡A

“A herança da tendência í  obesidade não é diferente daquela que explica por que existem pessoas altas e outras de baixa estatura. Num mundo sedentário, com alimentos deliciosos ao alcance da mão, considerar a obesidade um problema de caráter é pura ignorância. Perder peso é empenhar-se numa batalha contra a biologia da espécie humana. Só os obstinados são capazes de vencê-la.” Drauzio Varella (‘Folha de S.Paulo’, em 2004)

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A MENTIRA DO CINEMA

Bochechuda e visivelmente mais cheinha. Foi assim que a atriz Renée Zellweger incorporou a famosa Bridget Jones, personagem que traduzia as angústias da mulher moderna -sempre í s voltas com o primeiro dia da dieta, o último cigarro e a falta de namorado. Gordinha nesse filme, Renée reapareceu magérrima em ‘Chicago’ para interpretar a problemática Roxie. Como ela, muitos atores engordam e emagrecem a cada filme. E, para o público, fica a falsa impressão de que é fácil controlar a balança. “Mas isso só é possí­vel quando a pessoa não tem tendência para engordar”, diz o endocrinologista Márcio Mancini. Quem não se encaixa nesse time é duplamente prejudicado: além da frustração pessoal, esse efeito ioiô das telas reforça o mito do ‘só é gordo quem quer’ na vida real.

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SUCESSO FORA DOS PADRí•ES DA TV

“Nas novelas, tem gente que enfeita a história, e tem gente que conta a história. Acho que estou no segundo time”, diz a atriz Vera Holtz, que saiu no bloco da baiana Margareth Menezes vestida de “XL Bundchen”, no último carnaval. “A avenida é o lugar onde dá para brincar com isso. “E esse também é um jeito de defender as gordinhas”, diz. Na televisão desde 1988, Vera nunca se sentiu prejudicada por causa do manequim 46. “A rua é mais cruel. As pessoas dizem que pareço muito mais magra na televisão. E olha que a telinha engorda!”, diz. No papel de Ornela, na novela ‘Belí­ssima’, a atriz faz sucesso. “Acho que ela é popular porque está mais perto da realidade da mulher brasileira.”

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SENTADA, COM UM BALDE DE PIPOCA

Além da herança genética, ser gordo tem a ver com o modo de vida. ‘Os hábitos modernos promovem a obesidade. As pessoas passam a maior parte do tempo sentadas, a automação resolve quase tudo e, o que é pior, hoje os alimentos são mais calóricos e as porções aumentaram. O antigo saquinho de pipoca virou um balde’, diz Anete Hannud Abdo, endocrinologista do PRATO -Programa de Atendimento ao Obeso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clí­nicas, em São Paulo. As mulheres que se tratam lá acreditam que a gordura é a causa de fracassos na vida amorosa, de frustrações profissionais e de todas as infelicidades. ‘Parte do nosso trabalho é tentar inverter essa lógica, mostrando que a solução desses problemas é que pode ajudar a emagrecer.

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COMO AS GORDAS SE MOBILIZAM NOS EUA

As integrantes do Fat Action Troupe AllStar Spirit Squad são mais que simples lí­deres de torcida: além de animar os jogos, elas agitam os estádios com sua luta pelo direito de não ser magra (www.fatasspdx.com). As Padded Lilies formam um grupo diferente de nadadoras: são mulheres gordas, especializadas em nado sincronizado, que defendem a idéia da boa forma em qualquer “tamanho” (www.paddedlilies.com). Formado por artistas gordos, o grupo The Original Fat-Bottom Revue excursiona pelo paí­s mostrando o lado sexy da obesidade (www.bigburlesque.com)

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MODA X TAMANHO GG

Na temporada de desfiles de 2005, o estilista John Galliano escolheu apenas tipos fora do padrão para mostrar sua coleção – gordinhas, anãs, esqueléticas, gente mais velha e mais nova, mostrando que o mundo abriga muitas variedades além das modelos altas e magérrimas. Isso não significa, porém, que os dias da ditadura estética estejam contados. “O que se vende é a imagem da modelo esbelta ou da gostosona da novela. O mercado muitas vezes é cruel, assim como é da natureza humana a exclusão de determinado grupo”, diz a estilista mineira Graça Ottoni. Para ela, fazer roupas para mulheres gordas é difí­cil, assim como para qualquer um que fuja do padrão. “Trabalhamos em série. Uma pessoa muito alta ou muito baixa também deveria ter uma roupa feita sob medida”, afirma a estilista, que confecciona até o número 46. O estilista Lino Villaventura já criou até vestido de noiva para uma cliente com mais de 100 quilos. “Mas é complicado confeccionar em grande escala por causa das proporções. Tem quem seja mais cheinha nos quadris; para outras, o problema está no busto. A modelagem não pode ser padronizada”, diz Lino. Há, ainda, outro motivo: segundo ele, as próprias mulheres não gostam de ver roupas enormes na loja. “Mesmo quem é gordinha quer vestir roupa de magra. O preconceito não é declarado, mas existe, como no caso dos negros, dos nordestinos e tantos outros grupos.”

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PRESSíƒO Pí“S GRAVIDEZ

A atriz Ní­vea Stelmann controlou a dieta durante a gestação. O medo de ser taxada de gorda ronda as mulheres também durante a gravidez, um perí­odo em que as curvas generosas poderiam ser encaradas com mais condescendência. Segundo o ginecologista Renato Kalil, de São Paulo, mulher não perde mais do que 5 quilos assim que o bebê nasce – o restante vai exigir dieta e exercí­cios. Dependendo da urgência, tem quem recorra í  lipoaspiração – foi isso o que a atriz Giovanna Antonelli decidiu fazer, oito meses depois do nascimento de Pietro, para complementar a perda dos 20 quilos que ganhou durante a gravidez. Para as grávidas famosas, aliás, a pressão para entrar logo no jeans é ainda maior. A atriz Ní­vea Stelmann, de 31 anos, nunca havia se preocupado com o peso, até engordar 6 quilos nos primeiros três meses da gravidez. Foi quando decidiu prestar mais atenção na dieta. “Eu me irritava porque os figurinos da novela ficavam apertados. Além disso, tinha de lidar com a falta de delicadeza das pessoas que não pensavam duas vezes para dizer que eu tinha engordado muito ou para mencionar o meu ‘bochechão’. Chorei muitas vezes.” Ní­vea engordou 14 quilos no total. Logo depois que Miguel nasceu, a atriz voltou í  malhação e fez drenagem linfática. “Com tudo isso e a amamentação, perdi peso rapidamente. E passei a ouvir: ‘Que incrí­vel, como você está magra!’. Poucos me perguntaram se eu estava me saindo bem como mãe. A admiração vinha por outro lado. Fazer o quê? O mundo funciona assim.”

Giovanna Antonelli fez lipoaspiração depois do parto (Valéria Martins)

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MILITí‚NCIA VIRTUAL

No endereço www.magnuscorpus.com.br, a discriminação é o principal tema. O site é o representante brasi- leiro do ISAA – International Size Acceptance Association, instituição norte-americana que orienta e defende as pessoas contra o preconceito.

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MAIS GORDINHAS

Em 1975, a obesidade atingia apenas 3% dos homens e 8% das mulheres no Brasil. No último levantamento feito pelo IBGE, em 2003, esses números pularam para 9% e 13%, respectivamente. Hoje, 39 milhões de brasileiros estão acima do peso e, destes, 10,5 milhões são obesos.

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VOCíŠ TEM PRECONCEITO CONTRA AS MULHERES GORDAS?

  • 66% admitiram já ter feito um comentário maldoso ao ver uma mulher gorda usando biquí­ni
  • 58% já se sentiram secretamente felizes porque a ‘ex’ do namorado engordou muito
  • 52% acham que é pior engordar 15 quilos do que reduzir o salário em 30%
  • 37% ficam incomodadas vendo uma mulher gorda comer hambúrguer com batatas fritas
  • 36% não iriam a um médico de regime que fosse gordo
  • 21% acreditam que as gordas são preguiçosas
  • 21% imaginam que, se um bonitão está com uma mulher gorda, é porque existem outros interesses
  • 18% dizem que uma pessoa muito gorda deveria pagar por dois assentos nos aviões
  • Apesar disso, 77% gostariam de ver uma gorda como protagonista da novela das 8. 9.405 leitoras responderam ao questionário online preparado por Marie Claire

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ESTí PROVADO: OS GORDOS GANHAM MENOS

Cada ponto a mais no í­ndice equivale a R$ 92 a menos no salário, em cargos de gerência. “Talvez isso aconteça porque a pessoa gorda é associada í  idéia de lentidão no trabalho, isto é, menor produtividade”, explica Case. Além de ganhar menos, os gordos geralmente perdem na hora da seleção. Segundo uma pesquisa feita pelo grupo Catho, em 2005, 65% dos diretores de empresa admitiram ter alguma objeção em contratar pessoas gordas. “Não levantamos os motivos. Mas, na minha opinião, quem tem o desleixo de engordar também vai ser desleixado no trabalho. Isso pode justificar a rejeição”, diz Thomas Case, fundador do Grupo Catho.

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NA REDE

íšnica no gênero, a revista virtual www.criaturagg.com.br conta com 3.200 leitores cadastrados. Dirigido por Kátia Ricomini, o site informa, por exemplo, como é possí­vel requisitar um cinto de segurança mais longo no carro ou como obter a carteirinha que dispensa a passagem pela catraca nos ônibus. “Ninguém precisa passar por essa humilhação”, diz.

FOTOS: REPRODUí‡íƒO/ARNALDO MAGNANI (GETTY IMAGES)/KEVIN WINTER (GETTY IMAGES)/MARK MAINZ (GETTY IMAGES)/ DIVULGAí‡íƒO/Mí”NICA IMBUZEIRO (AGíŠNCIA O GLOBO)/OTHER/FRANí‡OIS GUILLOT (AFP)/KATIA RICOMINI/CAMOMILAH, DIVULGAí‡íƒO/MARCELO CORREIA (DIVULGAí‡íƒO)/GABRIEL REIS AGRADECIMENTO: FNAC (ILUSTRAí‡íƒO BOTERO)

Matéria da Revista Marie Claire do mês de abril de 2006.

    Abduzida

    Eu tenho certeza que não sou desse mundo. Acho que fui largada, jogada aqui por algum et, não é possí­vel!!!

    Como o mundo me parece estranho estranhí­ssimo a maior parte das vezes…Eu não tenho nada a ver com praticamente ninguém, é muito esquisito. Não se trata de sentimento nenhum de ser melhor, de ter a massa de um lado e eu evoluí­da de outro, é um sentimento de não pertencimento fudido. íˆ a sensação de não falar a mesma lí­ngua, de ser muito esquisita, de ter muito pouco a compartilhar porque o que tenho não é inteligí­vel. Será que todo mundo se sente assim?

    Eu me sinto todo dia. Cada vez mais os pontos de contato com os outros vão se tornando tênues, vão se fragmentando mais e mais… Sei que sou bem esquisita mesmo, como explicar para alguém que eu sou astróloga mas que não acredito em astrologia, por exemplo? Como dizer que não sou cristã, não acredito em nada do catolicismo, mas rezo o terço? Digo acreditar mesmo, ter fé na literalidade daquilo, isso eu não tenho com nada… Que sou afeita í  simbologia das coisas e não í  sua literalidade? Será que alguém entende? Só dei exemplos de religião porque são mais fáceis de reconhecer, mas tem um tanto de outros. Dá pra entender que tenho dúvidas de tudo o tempo todo a toda hora todo minuto?

    Como encarar tranqí¼ilamente que eu passo mal de verdade com qualquer maldade na televisão. É isso mesmo, na televisão, no cinema, odeio ver maldade, saio de perto, não vejo as cenas, tampo os olhos e ouvidos, isso é esquisito, eu sei. Herdei da minha avó materna que é assim também.

    Nunca vi ninguém com tão poucas certezas, aliás acho que são tão poucas que me espanto. Deve ser por isso que tenho sempre a impressão de que me acham esquisita, porque não tenho a menor coerência.

    Atitudes

    É engraçado como as pessoas se incomodam quando alguma coisa está dando certo pra você…Mesmo quando é uma coisa boba, absolutamente boba. Mesmo assim, se você abrir a boca e ficar feliz em voz alta, alguém vai ficar incomodado, é incrí­vel. Gostaria muito de me pegar em flagrante quando eu tivesse uma atitude assim, pois é muito feio e muito incômodo.

    cí­clica

    rodafortunaEu fico impressionada de ver como sou eu sou cí­clica.

    Todo ano e só agora eu percebo, na mesma época eu estou í s voltas com mais ou menos as mesmas questões…

    Será que enquanto eu não conseguir resolver elas vão ficar voltando e voltando indefinidamente???

    Na verdade nem são questões mal resolvidas, eu falo mais de interesses mesmo, eu sempre começo o ano mais mí­stica e termino mais cética.

    Será que faz algum sentido?

    Ainda estou presa

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    Ainda estou presa

    Uma das coisas que eu andei “descobrindo” nestas últimas semanas (ou meses) é que o meu maior desejo (como deve ser o de muita gente) é ser livre. Ainda não sei de nada melhor do que a liberdade, acho que nem o amor, porque amor que não é livre não é amor feliz, ao menos na minha maneira de ver as coisas. E essa descoberta (eureka!) foi importante porque me fez ver com mais clareza as prisões sem fim em que me meti ao longo da vida.

    Algumas prisões a gente escolhe e até gosta, como casamento, fidelidade, filhos, etc. (Olha só, eu não estou dizendo que não goste de ser casada, fiel e de ter filho, sou muito bem casada obrigada, amo demais minha cria, mas ainda assim para mim não deixa de ser prisão.) Vinha pensando a respeito disso já a algum tempo.

    E coincidência ou não, fim de semana passado li muita coisa de um blog que a Gaby tinha me recomendado quando ainda aparecia por aqui, o Liberal Libertário Libertino. Esse blog tem uma série de posts sobre as prisões da vida. Muito boa essa série, embora algumas eu ache meio impossí­veis de colocar totalmente em prática, e outras prisões eu já tenha superado (ou acredite nisso).

    Tem muita coisa nas opiniões desse autor que eu acho bem engraçadas, algumas que não concordo, mas que ainda sim são engraçadas. Enfim, é um blog legal, bem escrito vale a pena ler. Especialmente a parte das prisões.

    Bem, mas o fato é que percebo cada vez mais que as prisões da minha vida nem são tão metafí­sicas assim, são prisões muito mundanas, idiotas, mas poderosas, tipo fumar, (coloquei fumar no presente porque ainda estou na área de risco), comer compulsivamente, ser desorganizada e indisciplinada, etc.

    É sim, a indisciplina é uma grande prisão, talvez a maior da minha vida até agora, seguida de perto pela vaidade. (Mas vaidade é uma prisão da qual decidi sair só parcialmente.) E para meu desgosto nem é vaidade fí­sica, tipo se pintar, se enfeitar, etc., é de outro tipo, mais no sentido de auto-importância demasiada.

    Então, olha só onde ainda estou na escala da evolução humana, presa a coisas tão mesquinhas, mas tão reais pra quase todos nós. Certamente eu gostaria de estar noutro patamar, aos 34 anos, mas não deu ainda. Isso não significa que eu desisti, mas já vi que meu ritmo é devagar. E olha que eu tenho (embora eu pareça séria) um big antí­doto pra essa posição incômoda na escala da humanidade. Eu sou muito bem humorada, não consigo me levar a sério, acho a vida muitas vezes somente risí­vel.

    E daí­ que agora minha luta é para tentar me livrar dessas mega prisõezinhas. Conseguir me libertar da compulsão, da comilança, da escravidão da comida e do cigarro vai ser um feito e tanto. Deve ser muito bom ficar livre de algo assim. Uma mala a menos pra carregar ladeira acima. Na minha ladeira é melhor ir subindo cada vez mais leve. Do peso fí­sico e do imaginário.

    Aí­ quando eu vir os números na balança abaixarem vai ser um alí­vio, vai ser sensação de abandonar mais uma prisão, de carregar uma mala a menos.

    P.S. Eu devo ser uma “fumante que está sem fumar” muito atí­pica (ai como a gente gosta de se achar atí­pico!), pois ainda não senti nenhum daqueles benefí­cios que dizem a gente sente quando fica sem fumar, tipo sentir mais gosto, ter mais fôlego, dormir melhor, etc. Os únicos benefí­cios que vi foram me livrar de um escravidão e feder menos. Só isso.

    P.S2. Enfim a balança mostrou uma baixa

    Pensamento positivo

    Update: Recebi um áudio com instruções para fazer o Qi mental. Quem quiser, me escreva. Assim, quem tem mais dificuldade de visualização pode achar útil. Meu email é levezadeser@gmail.com

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    Pensamento positivo é mais eficiente do que dieta para emagrecer

    “Mentalizar um corpo atraente é mais eficiente do que contar calorias”

    Dra. Shirley de Campos

    As batalhas contra a gordura não são perdidas por falta de recursos, vontade ou motivação. Para perder peso faz toda a diferença uma atitude mental entusiasta e positiva. É preciso saber persuadir o cérebro e fazê-lo convencer a boca e o estômago.

    Emagrecer de forma segura, eficaz e rápida é bastante simples: a chave está em desenvolver uma atitude positiva que permita não só o alcance da meta, mas também a manutenção do peso a longo prazo. Para conquistar a balança, é preciso conquistar a mente.

    Não importa o quão bem elaborado e equilibrado seja um regime para emagrecer se não se tem uma disposição mental positiva para cumpri-lo e mantê-lo. Se a pessoa não faz um trabalho de mentalização, seu esforço estará fadado ao fracasso. Deixar a dieta e recuperar os quilos perdidos acabam sendo as frustrações mais comuns.

    Segundo os especialistas, o primeiro passo da se dá na mente. Uma série de exercí­cios é decisiva para se emagrecer sem desistir.

    Persuada seu cérebro.

    Para emagrecer e manter o peso não bastam as receitas pobres em gorduras e a ginástica: Isso só se consegue se você está realmente motivado e sem stress nem frustrações: toda pessoa precisa de algo positivo que a anime.

    Muitos tentam se motivar pesando-se todo dia. Essas pessoas compram balanças que marcam as gramas e fazem uma festa diante do menor êxito que alcançam. Mas muitos se desesperam diariamente ao se pesarem, já que o peso nem sempre baixa regularmente e, í s vezes, se estabiliza durante semanas em um ponto determinado.

    É possí­vel que sua alimentação seja pobre em gorduras, mas que seu peso aumente porque você pratica esporte e seus músculos aumentam, ou porque seu corpo armazenou muita água, por exemplo, duas semanas depois da menstruação.

    Pesar-se só significa controlar-se e emagrecer não tem nada a ver com os controles, mas com hábitos alimentares melhores e mais saudáveis.

    Descubra suas razões para emagrecer.

    Pergunte-se qual é a verdadeira causa de sua intenção de perder peso. É algo que deseja fazer, algo que tem que fazer ou algo que os outros de alguma forma pressionam você a fazer? Como se sente diante dessa obrigação? A razão mais sólida é sempre a que surge de dentro de cada pessoa.

    Para descobri-la, é preciso analisar as vozes que dizem que você deve emagrecer. As melhores razões para perder peso não são as que começam com as palavras “porque alguém quer, porque devo ou porque tenho que”, mas as que dizem “porque elejo…”.

    Vigie as mensagens que recebe.

    Muita gente pretende emagrecer porque seu médico faz um comentário sobre seu peso ou porque familiares fazem brincadeiras. Isso pode causar certo ressentimento, já que ninguém gosta que lhe digam o que deve fazer, como deve ser nem como deve mudar sua vida.

    Outras vezes, as pessoas se forçam a emagrecer repetindo para si ordens sobre o que deve ou deveria fazer e evitar, sem nenhuma explicação. São frases do tipo: “devo fazer exercí­cio” ou “devo afastar-me das comidas que mais gosto”.

    Mas essas vozes internas enfrentam outras que se opõem í s primeiras dizendo na mente “não quero ter que”, o que bloqueia qualquer objetivo baseado em frases do tipo “tenho que”.

    Há uma terceira voz que pode controlar as duas anteriores e que permite a descoberta de um elemento de interesse próprio pelo emagrecimento. Ela diz “escolho perder peso porque quero ser feliz e saudável” ou “porque é importante para mim”.

    Essa é a voz que reconhece que não é possí­vel perder sem fazer ginástica ou mudar alguns hábitos alimentares, a única que realmente impulsiona uma pessoa a conseguir o que quer e a qual é preciso buscar e desenvolver para emagrecer.

    Deleite-se comendo sem gordura.

    A maioria das pessoas acha que para emagrecer estão obrigadas a ingerir o primeiro alimento baixo em calorias que encontram, já que são todos iguais, e que deverão resignar-se a comê-lo embora lhes desagrade, até que algum dia acostumem seu paladar a essa comida.

    Mas isso não é certo, porque existem muitas comidas “light” alternativas, que podem fazer parte de um programa emagrecedor, entre as quais é possí­vel escolher as suas preferidas. Além disso, é possí­vel provar diversas marcas e sabores de um mesmo produto até que se encontre o ideal.

    Conceda-se um prêmio por fazer ginástica.

    Algumas pessoas aprendem a amar os exercí­cios e o modo como ficam seus músculos quando trabalhados, mas outras não têm prazer, embora estejam motivados, porque acham que a atividade fí­sica só lhes fará sentir e parecer melhor a longo prazo.

    Porém, ninguém é obrigado a levar adiante um condicionamento fí­sico penoso e monótono, já que se pode modificá-lo para que seja agradável.

    Alguns especialistas asseguram que as recompensas tornam mais tolerável a ginástica, por isso, se você treina cinco dias seguidos, pode premiar-se comprando algo numa loja.

    Outra forma de tornar os exercí­cios agradáveis é vendo filmes, ouvindo música ou lendo os livros ou revistas que nunca tem tempo enquanto pedala na bicicleta, se exercita no step ou faz uma caminhada puxada.

    Anote seus progressos todos os dias.

    Para algumas pessoas, a continuidade de seu regime depende do acompanhamento de seus hábitos alimentares e ní­veis de atividade. O simples fato de escrever em um diário as rotinas, sentimentos e resultados que se produzem í  medida que se perde peso, faz uma pessoa ter sempre em mente seus comportamentos, metas e sucessos.

    É preciso registrar no papel todas as atividades, inclusive coisas como usar as escadas em lugar do elevador, as comidas que se ingerem e em que quantidades e os desafios ou preocupações. Chegado ao peso ideal, a pessoa pode continuar tomando nota mentalmente das comidas e atividades fí­sicas durante um tempo, voltando ao papel só se descobrir que os hábitos saudáveis foram perdidos.

    Imagine como gostaria de ser

    Um simples exercí­cio pode ajudar a conseguir a silhueta ideal. Fique de frente para o espelho e se pergunte que aparência gostaria ter. Comprima o estômago, levante o peito, aperte a barriga com a mão até ficar magro como gostaria.

    Mova-se e observe como sua silhueta muda com cada movimento. Massageie cada parte de seu corpo e descubra o bom aspecto que elas poderiam ter. Pressione suas coxas com as mãos até que sua anatomia apareça magra e firme.

    Se não quer o espelho, deite na cama, fech
    e os olhos, faça massagens e fricções e imagine como suas curvas ficam firmes e magras. Transforme seu corpo mentalmente: descubra que não é pesado e lento, mas suave e moldável. Assim, poderá imaginar como seria ter menos peso em algumas áreas do corpo.

    Voe com a mente

    Alguns especialistas sugerem que se faça antes e durante o emagrecimento uma viagem imaginária na qual você deve imaginar que alcançou a forma que queria. Relaxe, feche os olhos e salte um ano no futuro. Visualize-se deitado na praia, na academia ou indo tomar banho. Você está contente com sua forma e há pessoas felizes com isso.

    Uma amiga lhe pergunta como conseguiu emagrecer e manter o peso e o você a explica. Fale das estratégias que usou, comente as dificuldades que teve e como as venceu , explique seus truques e conte seus sucessos. Descreva como se sentia antes de emagrecer e como se sente bem agora.

    Triunfe sobre a adversidade.

    Quando tentam emagrecer, muitas pessoas não lembram as facetas positivas do processo, porque só lamentam as negativas. É possí­vel saborear os momentos de triunfo sobre os maus hábitos alimentares ou sobre esses momentos em que você hesita em sua decisão de efetuar uma atividade fí­sica. O alcance da meta pode se tornar algo apetecí­vel.

    Há dias em que você prefere comer um hambúrguer com batatas em vez de salada e peixe, mas parou para pensar o quão boa é a sensação de resistir í  tentação?.

    O mesmo pode ser aplicado aos exercí­cios: levantar cedo para uma caminhada pode ser difí­cil, mas desfrutar do ar fresco e do aprazí­vel silêncio da amanhã pode ser muito agradável.

    30/07/2004

    Significados – parte II

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    Significados

    Num post anterior, eu tinha colocado os significados mais comuns do excesso de peso, segundo um livro que eu estava lendo. São espécies de crenças interiores que temos e que contribuem para o nosso excesso de peso. A autora do livro também coloca afirmações para que as crenças que temos sejam neutralizadas e eu coloquei no link significados. Quem quiser dar uma olhada, está aqui.

    Disciplina

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    Disciplina

    Disciplina é a capacidade que permite í  razão ser mais forte e vencer nossas vontades e nossa preguiça. É porque desenvolvemos essa qualidade que conseguimos fazer exercí­cios maçantes todos os dias na mesma hora; que evitamos comidas com muitas calorias ou prejudiciais í  saúde; que nos faz abrir mão de coisas materiais para poupar e atingir um objetivo maior. Pessoas disciplinadas conseguem estudar quando, na verdade, estavam com vontade de assistir í  televisão ou bater papo com os amigos.

    Não resta a menor dúvida: os disciplinados terão maiores chances de sucesso nas atividades í s quais se dedicarem. Entre talento e disciplina, é melhor ter os dois. Porém, a longo prazo, esta última é mais importante. Mas precisa ser conquistada.

    É verdade que há pessoas que aceitam melhor as contrariedades. Essa capacidade de aceitação aumenta í  medida que se desenvolvem a linguagem e o raciocí­nio lógico. Ambos nos ajudam a compreender por que nossas vontades nem sempre podem ser satisfeitas. Aprendemos a suportar melhor a dor.

    O adulto experimenta enorme satisfação quando se sente disciplinado. Sim, porque é nestes momentos que nos consideramos animais mais sofisticados, que definimos com propriedade de racionais.

    A alegria í­ntima de quem se levanta cedo, faz exercí­cios e chega na hora certa aos compromissos assumidos é algo que não pode ser subestimado. Sentimo-nos fortes quando conseguimos nos controlar – coisa muito difí­cil. Sentimos que vencemos a batalha mais árdua: a interior. A auto-estima cresce.
    Devemos aprender, desde cedo, a abrir mão das vontades, sempre que a razão assim achar conveniente e útil.

    *Texto livremente adaptado do artigo “Disciplina e Educação” do médico Flávio Gikovate.