O Intolerável Peso Da Feiúra

O INTOLERíVEL PESO DA FEIíšRA

JOANA DE VILHENA NOVAES

ISBN: 8576171090
Editora: EDITORA GARAMOND
Número de páginas: 272
Encadernação: Brochura
Edição: 2007

“Beleza é artigo de primeira necessidade”: este é o lema que perpassa os depoimentos das mulheres entrevistadas por Joana Vilhena ao longo dos dez anos de sua pesquisa de campo. Nas academias de malhação, nas antes-salas das clí­nicas de cirurgia plástica, ou nos grupos de pacientes a espera de gastroplastia redutora, há o consenso: “só é feia quem quer”. E quem não quiser se enquadrar nos atuais cânones de beleza sofrerá o merecido castigo da rejeição e da exclusão. Pois beleza e feiúra nada têm de “natural”. São vivenciadas em termos morais, e lembra a autora que a feiúra era vista, pelos antigos gregos, como reveladora de defeitos de caráter. Na sociedade ocidental contemporânea, que se define pela busca narcisista do gozo imediato e pelo abandono dos valores religiosos, culpa e pecado emigram para o terreno da modelagem do corpo.

Monique Augras. Veja


No decorrer da história das artes houve uma ruptura no conceito de um padrão único de estética. Vários artistas sofreram por essa mudança, que significou um redesenho de todas as possibilidades de entendimento sobre a forma. Nas artes a tirania da figura-fundo e do desenho em perspectiva linear foi enfrentada, não sem preço, que o diga Van Gogh, permitindo para o mundo culto e erudito uma estética das possibilidades e da tendência ao infinito pela multidiversidade.
No entanto, nosso corpo, e em especial o corpo feminino, não experimentou essa ruptura estética. O texto de Joana Vilhena de Novaes nos fala desta tirania estética. Se numa viagem no tempo descobrimos que esta imposição estética sobre o corpo ocorreu em várias épocas, de diferentes maneiras, ela agravou-se no tempo de hoje.
Joana nos oferece uma dimensão trágica desta tirania sofisticada do contemporâneo. Porque temos a possibilidade de modificarmos o nosso corpo com o desenvolvimento de uma infinidade de tecnologias, que vão desde as tecnologias de educação fí­sica í s cirurgias de correção, a manutenção de um corpo nãp adequado passou a ser considerada socialmente como um desvio de caráter e um ato de vontade.
A tirania estética atual transformou o corpo inadequado de outrora, que podia ser considerado no locus simbólico do sujeito vitimizado, para um outro lugar, onde o sujeito passou a ser responsabilizado por não estar com seu corpo adequado.
A gravidade aumenta quando sabemos que no universo simbólico o padrão é etéreo e difí­cil de ser objetivado e mensurado. A perfeição idealizada encontra na realidade sempre alguma imperfeição que, segundo a autora, obrigarão o sujeito í  submissão de uma bateria de esforços absolutamente insanos e cruéis, em busca de um modelo inalcançável.
Joana Vilhena de Novaes é uma crí­tica do comportamento contemporâneo e nos oferece um belo texto, permeado de uma ironia maravilhosa, que se oferece como um libelo de liberdade.

Ricardo Vieiralves de Castro
Professor da UERJ
Diretor do Museu da República


SOBRE A AUTORA

Joana de Vilhena Novaes é doutora em Psicologia Clí­nica pela PUC-Rio e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LIPIS) da Vice-Reitoria Comunitária da PUC-Rio. A autora é também consultora de várias empresas para assuntos de estética feminina e possui considerável número de artigos publicados em periódicos, revistas e jornais no Brasil e no exterior.

 

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