medo da privação

Figura daqui

Prosseguir mentindo

é o jeito que encontrei

de viver aproximado da realidade


Dificulta-me repartir.

Ocultava o alimento no quintal.

O que não comia, escondia para o para o próprio proveito.

Nossa fome não acompanha
A idade dos dentes.

Fabrí­cio Carpinejar – As Solas do Sol, pág 70

( o grifo é meu)
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Eu percebo que minha compulsão está ligada a um medo terrí­vel de perda. Acho que é a mesma voracidade que está na origem da minha coleção de livros, com a notável exceção de que os livros só engordam a mente. Eu percebi que essa processo de acúmulo é medo de perda, é apego puro.
É como se eu não tivesse aprendido que não é preciso comer tudo, que eu não vou passar fome, que a comida atualmente é farta. É como se alguma programação genética dos meus ancestrais das cavernas que chegou até mim não tivesse sido desligada e eu temesse a todo instante a falta. A privação.
Certamente a psicanálise deve ter outra explicação pra isso, talvez alguma angústia da separação, sei lá. Enfim, o que interessa é que eu entendi isso, o tamanho da minha angústia o que me leva a acumular, o tamanho do meu apego. Talvez algum exercí­cio de desapego seja bom, ajude a emagrecer. Vou pensar mais nisso, com mais amor. O médico do qi tinha me ensinado uma programação para lidar om isso, vou ver se lembro ou se acho os papéis.
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Enquanto isso, hoje é sábado. Dia de recomeçar. Já acionei o meu maravilhoso suco de hortelã. Que bem me faz esse suco! Já comi minha salada de frutas com uma colherinha de mel. Vou caprichar, como se diz. Cada vez mais eu gosto da minha perseverança. Vou conseguir. Alguns dias de delí­rio não vão me derrubar.

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