“O melhor espelho é um velho amigo.“
George Herbet
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Eu me afastei da minha melhor amiga, minha madrinha de casamento, aquela amiga com a qual vc passa horas ao telefone conversando sobre tudo e nada, (aquela que teoricamente nunca vai sair da sua vida, pois já está nela diariamente há tantos anos que você não se lembra da vida antes dela), por um motivo muito triste. Muito triste: a implacabilidade…
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Como começou, eu não sei, ou sei, mas não vem ao caso. Mas começou devagar, começou com a negação do direito de sofrer, de reclamar. Ela me negou o direito de reclamar da vida, da unha encravada, do cabelo rebelde, pois afinal, eu estava empregada, saudável e minha vida financeira resolvida, não tinha o direito de reclamar de nada que não fosse um câncer ou uma morte e olhe lá (olhe lá mesmo, porque quando alguém querido tentou se suicidar meu sofrimento também não era bastante).
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E quem me conhece sabe que eu não sou uma pessoa mais reclamona que o normal, que a média. E que eu também não sou implacável, pelo menos não era assim.
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E diante disso, minha defesa foi me tornar implacável também. Com ela. Eu também não permiti mais a ela que sofresse por nada menor que uma grande tragédia. E assim nos arrastamos por mais um tempo, mas uma amizade não pode ser implacável, não esse tipo de amizade, não a melhor amiga, especialmente se a amizade não tinha esse mote e passou a ter depois. Aconteceu aos poucos, imperceptivelmente, mas anos de implacabilidade não são em vão.
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E claro, a amizade não se sustentou, eu não podia mais viver o fingimento de estar ótima, linda e saltitante todos os dias, nem ela. E acabou.
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Eu acho que esse é um motivo muito triste pra terminar uma amizade de mais de 10 anos. Ainda mais nesse mundo tão cheio de gente estranha, gente esquisita, falsa, mentirosa, complicada egoísta _________. E numa idade em que já não se faz mais amizades tão facilmente, porque é dificil se entregar como mais jovem.
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Eu fico me perguntando: Por que nos tornamos tão implacáveis assim uma com a outra? Puxa vida, como eu gostaria de estar dividindo com ela esse meu momento, e o momento dela também, que é igualmente grande e igualmente bonito. Mas a implacabilidade é isso, nada menos. É o que causa, é esse muro alto e cinza.
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Eu ainda tenho saudade dela, ainda queria apagar isso tudo, queria pular este pedaço, voltar a um dia antes da implacabilidade, pois existiu esse dia. Tem dois anos, já, mas ainda dói. E ainda não tem remédio. Mas é a vida, não? Vida que segue.
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Nalu,
Querida…já passei por situação semelhante, não exatamente por esse motivo.
E dói, como dói…as vezes a dor não passa nunca.
Muitas vezes depositamos EXPECTATIVAS nas pessoas e pode perceber que sempre que isso acontece acabamos chateadas, magoadas, decepcionadas.
Ela foi sua amiga? Com certeza em todos esses anos que passarm juntas numa boa, onde havia companheirismo, doação, carinho, sinceridade.
Sabe-se lá em que “ponto” tudo isso começou e deu no que deu.
Acredito que a amizade verdadeira sobrevive a qualquer coisa. Se não voltar é porque realmente não era.
A amizade é um “troca”, onde as duas partes tem de se doar. Infelizmente só uma das duas fazendo isso, ela não acontece e ….morre.
Fica bem, se for realmente pra valer, irá voltar,caso não volte, lembre que vc tem muitas pessoas que te admiram, querem sua amizade.
Boa semana.
Bjs
Ai, eu sei que dói porque ouvi você contar. Não sei o que dizer, só deixo o meu abraço.
Eu fico feliz de ser sua amiga, desejo muito que ela dure dez anos e mais dez e mais dez e prometo deixar você reclamar do cabelo rebelde, da água de côco que veio quente (e que vc não vai mais beber por um bom tempo, lalala) ou dos quadros de zebra na parede. Love ya.
Eu só posso dizer que tenho o maior orgulho do mundo de ter conquistado tua amizade tão valiosa! E no que depender do meu carinho e admiração, será pra sempre viu?
Te amo!
Beijo grande e abraço do Yuri no Tatá!
Eu podia ter escrito isso e concordo totalmente. Você perdeu uma amizade por esse motivo; eu perdi várias. Uma pena que ser maleável, aceitar diferenças e crÃticas construtivas esteja ficando tão difÃcil. Às vezes essas amizades voltam fortalecidas, mas quando as minhas não voltaram tentei aprender um pouco com o acontecido e tocar a bola pra frente.
Ai Nalu,
Sabe que eu também já perdi minha amiga mais velha, mas a diferença foi que eu deixei meu orgulho de lado, botei meu coração pra fora, falei o que sentia e porque tinha me afastado. Ela também fez o mesmo e no final vimos que nem era tãaaao sério o que nos levou a nos afastar.
Sempre acho, em todos os casos que uma conversa sincera pode fazer milagres.
Se dizes que ela também tá passando por um momento tá especial quanto o teu, porque não conversar com ela?
Esse post por exemplo já seria um bom começo…
bjs no coração.
Oi amiga, saudades….
Que lindo está seu cantinho, adorei, tão diferente…
Vou deixar uma mensagem, talvez ajude. Mil beijinhos cheio de carinho
ESTAÇÃO
DAS PERDAS
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Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio.
Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido.
Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida – aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: as perdas do ser humano.
Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero.
Estamos, a partir de então, por nossa conta – sozinhos, podem dizer alguns.
Começamos a vida em perda, e nela continuamos – dizem outros.
Porém, paradoxalmente, se notarmos bem, e se nos atrevermos a ver tudo isso sob um outro ponto de vista, um ponto de vista mais otimista, quem sabe, descobriremos algumas coisas como:
No momento em que perdemos algo, novas oportunidades nos surgem.
Ao perdemos o aconchego do útero, ganhamos os braços do Mundo.
Ele nos acolhe, nos assusta e nos encanta, nos destrói e nos eleva.
E continuamos a perder… E seguimos a ganhar.
Perdemos a inocência da infância, e ganhamos a confiança absoluta na mão que segura nossa mão.
Ganhamos a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair.
Perdemos a inocência da infância, e adquirimos a capacidade de questionar: por quê?
Perguntamos a todos e de tudo. Estamos crescendo.
Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer, renascer.
Cada nova fase revela perdas. Cada nova fase aponta novos ganhos.
A vida é obra encantadora do Criador. Nada nela existe por acaso. Nada funciona ou acontece sem seguir uma lei maior, uma razão.
Nem mesmo a tão temida “morte” deve ser considerada como oposto de “vida”. O que chamamos de morte é apenas uma entrada para outra estação da mesma vida.
Assim, quando achamos que “perdemos” pessoas que amamos, deverÃamos enxergar que “ganhamos” um grande amor, e este nunca se perderá.
Cada pessoa que entra em nossa vida, e que nela permanece através do amor, nunca mais estará distante.
Que ganho maravilhoso este! Que certeza esperançosa, revolucionária.
A vida não começa em perda, começa em “oportunidade”.
Nascer é ganhar nova chance de seguir adiante. Nova chance de descobrir, de conhecer e de amar.
beijos