labirinto

… É preciso escolher seu caminho entre os muitos caminhos.

(Sri Aurobindo, Savitri, VI:1)

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Minha alimentação está(va) saindo perigosamente do controle. Estes dias estava indo depressinha, depressinha rumo í  uma depressão ferrada. Sexta feira eu estava péssima, péssima, muito mal estava tudo muito ruim. Mas ajudada por uma amiga super querida, apareceu uma bruxa no meu caminho. Uma bruxa super do bem. E lá fui eu fazer shiatsu com ela. A sessão durou 3 horas! Porque conversamos tudo que podí­amos, falamos sobre muita, muita coisa, trocamos esoterices sem fim, de bruxa pra bruxa e ela me fez uma massagem maravilhosa, colocou algumas agulhas de acupuntura em mim e eu sai de lá bem mais contente.

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Na verdade estes dias todos eu tenho pensado muito no meu chamado, na minha jornada, na minha missão na vida. E ter assistido na mesma semana dois filmes emblemáticos neste sentido(vou falar deles depois) me fizeram pensar muito nisso, esse assunto voltou com força total, inclusive em sonhos mirabolantes e cheios de indicações.

Além disso conversei muito isso com a bruxa, que tem uma história de vida fascinante. Vou falar bastante disso que tenho pensado ainda, inclusive ia falar aqui neste post mesmo, mas merece mais reflexão, quero elaborar mais. Sobre essa jornada, sobre tudo que isso envolve. E claro, como o emagrecimento tem a ver com isso.

E também vim aqui escrever para cumprir a meta de vir sempre, pra não perder o foco de vez, que já tá fugindo, já estou desviada bons quilômetros do caminho! E amanhã já vou retomar o controle, tentar domar a compulsão que está ferrenha estes dias, no meu encalço. Encalço nada, já me pegou, mas eu vou fugir dela. Ou chamar ela pra tomar um chá. Chá verde, obviamente.

o lado sombrio do prazer

Estou lendo um livro muito interessante, apesar do tí­tulo muito besta. É A Fórmula da Felicidade. Gostei particularmente deste trecho abaixo.

Tem tudo a ver com a questão do emgrecimento, principalmente se o excesso de peso é devido í  compulsão alimentar, como no meu caso.

Sobre o livro, veja aqui. Se quiser ler mais sobre o capí­tulo do qual eu extraí­ este trecho, leia aqui, O Lado Sombrio do Prazer.

(Apesar do tí­tulo, o livro é legal. Eu adoro livros que falam sobre o cérebro, especialmente sobre a felicidade e o cérebro. Tem muita coisa sendo publicada esses dias sobre o tema, que certamente não deixam de ter um quê de auto-ajuda. Mesmo assim, eu gosto deste tipo de livro.)

A ânsia descontrolada pelo prazer

Uma das conclusões mais irritantes dos estudos fisiológicos sobre o sentimento de gratificação é que as dependências quí­micas, não importa de que natureza, usam os mesmos mecanismos que no dia-a-dia são responsáveis pelo aprendizado e pela fruição normal do prazer, sendo, portanto, necessários a sobrevivência. Precisamente por isso, o estudo das dependências também mostra revelações importantes quanto í  atividade psí­quica de pessoas saudáveis. A dependência é um acidente na busca de todos nós por felicidade.

A evolução não programou nada para evitar que nos prejudicássemos dessa maneira, pois não podia prever essa circunstância que só ocorreria em um futuro distante. Há uma centena de milhões de anos, quando a maior parte dos nossos padrões de comportamento atuais foi estabelecida nos genes, não se podia imaginar que os humanos um belo dia consumiriam bebidas alcoólicas, construiriam cassinos e sintetizariam cocaí­na. Há apenas dez gerações, na época em que a fome era um flagelo freqí¼ente em muitos paí­ses, não se tinha idéia de que a agricultura altamente mecanizada viria a ampliar a oferta de alimentos de tal forma que a obesidade se tornaria um grave problema de saúde pública.

A dependência, portanto, pode ser compreendida como um desejo que escapou do controle. Podemos relacionar até mesmo os sete pecados capitais a um excesso da nossa aspiração natural pela felicidade. Orgulho é amor-próprio em altas doses, avareza é parcimônia excessiva e inveja é um exagero da nossa tendência natural de buscar nas outras pessoas um ponto de comparação. A gula surge sempre que o organismo não responde í  ingestão de alimentos com a sensação de saciedade. A luxúria nos domina quando não encontramos no sexo uma satisfação plena, o que nos faz querer sempre mais. A ira e a agressividade descontrolada, não submetida í  razão. A preguiça é o estado em que ficamos quando, depois de um relaxamento saudável, não conseguimos recuperar o ritmo e a motivação naturais. As drogas funcionam exatamente como as fatí­dicas alavancas nos salões de jogos e nas gaiolas dos ratos, aumentando a quantidade de dopamina no cérebro. Sob efeito do álcool, o ní­vel dessa substância praticamente dobra; e com nicotina e cocaí­na, até mesmo triplica, como constatou o toxicólogo italiano Gaetano Di Chiara. Como a dopamina desperta e intensifica a atenção, depois de fumarmos um cigarro nos sentimos agradavelmente estimulados para o trabalho. Duas taças de vinho nos enchem de otimismo.

Todas as dependências quí­micas, portanto, estão baseadas no mesmo mecanismo, e as drogas apenas se diferenciam pela maneira como o ativam. A nicotina libera dopamina de forma mais direta, com a ativação dos neurônios correspondentes. O álcool, a heroí­na e a morfina aumentam o ní­vel desse neurotransmissor por via indireta, pois inibem os neurônios que normalmente contrapõem ao circuito de expectativa. A cocaí­na, por sua vez, evita a reabsorção normal da dopamina pelas membranas celulares, conseguindo assim que essa substância circule por mais tempo no cérebro. Quem consome o “pó branco” vivencia um estado parecido com aquele em que se encontrava Leonard, o paciente de Oliver Sacks, sob o efeito do medicamento L-Dopa, que o fazia sentir-se todo-poderoso.

Em última análise, o que importa é saber o caminho pelo qual um ní­vel mais alto de dopamina será obtido. É necessário que essa situação aconteça, pois ela estabelece no cérebro uma associação quase indissolúvel entre a droga e a ânsia de consumi-la. Ao reconhecer um cigarro, o cérebro de um fumante aciona imediatamente o comando “acender”. O estí­mulo “garrafa”, por sua vez, desencadeia o desejo de beber. Basta a visão de uma seringa para que o aviso do desejo surja no cérebro de um dependente de heroí­na, como mostraram análises com o tomógrafo de emissão de pósitrons. É dessa maneira que a nicotina, o álcool e a cocaí­na penetram nas estruturas cerebrais responsáveis pelas sensações de prazer: como os guerreiros gregos escondidos no cavalo de Tróia. Em outras palavras, o cérebro de quem tem uma dependência é como uma cidade conquistada.

Clique aqui para ler mais.

números infames

“Um jovem monge perguntou ao Mestre:
– O que eu faço para me emancipar?
O Mestre respondeu:
– E quem o pôs no cativeiro?”

Ensinamentos Advaita

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301105-82_9.jpgComo eu estou de férias e bem ociosa, (pelo menos por hoje eu fiquei), resolvi fazer um balanço dos meus anos de blog. Dos meus novembros de blog, pelo menos. E encontrei uma excelente razão pra fechar este blog. Encontrei um imenso fracasso traduzido em números e os números nao mentem, né?

201106-91_6.jpgEncontrei um desejo grande de mudar. Mentira. Eu não encontrei esse desejo, eu encontrei o desejo de emagrecer. Muito desejo e pouca força interna. Muita falação e pouca ação. Muita racionalização e uma irracional espera de um milagre. Muito pseudo saber e pouca noção do perigo. Muita infantilidade escondida nos velhos números. Eles avançam, implacáveis e eu envelheço a cada minuto.

E penso em fechar, porque aqui só me distraio e não sei se quero emagrecer. Aliás emagrecer eu quero, mas ainda não quis pagar o preço.Que adiantou 4 anos de terapia se meu principal objetivo eu não consegui? Se o ano fecha meio amargo e gordo? Se tenho vontade de gritar xingamentos pra mim mesma? Do mais puro ódio? 101107_908p.jpg

Mas eu não vou fazer isso, eu vou continuar, porque eu quero vir aqui refletir, eu quero vir aqui resolver essa pendenga, do jeito que for, eu quero resolver. E vejam bem, esse é o último post reclamão. Os outros podem até não ter resultados, mas não vão ser reclamões mais, pelo menos por um longo tempo. 101208-95_7.jpgPreciso resolver o que fazer de mim mesma, ainda não sei. Enquanto isso fico arrumando espaço pra 2009 entrar mais leve. Porque eu realmente preciso de espaço na vida, mas não é no meu corpo. Ele tá muito espaçoso já e isso me lembra do significado número 26 do texto.

Que eu preciso ler. De novo.

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Clique nas fotos para ampliar o terror.

que venha 2009

“Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar í  desorientação.”

Clarice Lispector – A Paixão segundo GH.
Deixei aí­ embaixo que é pra vcs darem uma olhada.

É um dos meus livros preferidos, mesmo que eu não tenha lido.

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2009 chega hoje pra mim. Estou de férias! Depois de um ano pesado, cinzento e meio amargo. Nada aconteceu de catástrófico, ninguém morreu, eu realizei um dos maiores sonhos da minha vida, mas mesmo assim o gosto dele é de chumbo e a cor é cinza. Eu perdi um pouco a fé na vida e nas pessoas. Aprendi uma lição dura de que amor só não basta pra gente ter perto quem a gente ama. Aprendi o quanto nossas limitações são decisivas pra afastar ou manter perto as pessoas.

Eu perdi uma grande amiga de maneira meio estúpida, mas inevitável. Nossas limitações acabaram ficando incompatí­veis e não deu mais pra conviver. E isso me custou bastante em termos emocionais, porque eu achava que essa amizade era pra sempre, mas sempre acaba mesmo né? E o mais triste é que nada de concreto aconteceu, ninguém sacaneou ninguem, não houve briga nem discussão, ninguém fez efetivamente nada. Mas o desgaste foi muito grande e de repente acabou. Dói ainda muito, mas é a vida.

E agora no final do ano outro fim de relacionamento que eu botei um ponto final pq tava me prejudicando já. E é bola pra frente, mas é alguém de quem eu também vou sentir uma certa falta, convivi com ela muito de perto por alguns anos.

Então foi a sensação do ano, em retrospectiva: a de faltas e de perdas meio amargas, perdas daquelas que a gente sofre muito por incompetência. E sensação forte de incompetência, foi um ano meio morto na área de conquistas, eu não fiz quase nada, me sinto meio fracassada.

Mas já passou, eu já estou em 2009, ou quase e o ano novo quero que seja diferente, como sempre queremos né? É bom se iludir que vai ser diferente, melhor.

Na verdade esse é um post que deveria ser não-escrito, mas tem o compromisso de vir aqui né? Que eu estou honrando.

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Figura daqui, licença creative commons

O livro agora está disponí­vel aqui, clique para baixar ou ler.

sem metas

Mas será tão forte, assim, o nosso algoz? Pode alguém subtrair nossa esperança? Só se não soubermos nem quem somos nós, nem de onde brotam sonhos de criança.

Augusto Cacá

Meu ano está acabando. Era pra ter acabado ontem, mas não teve jeito, sobraram algumas pendências que eu resolvo terça feira, porque aqui segunda, dia 8 é friado. Foi um ano longo, pesado, cansativo. Na verdade eu estou exausta, cansada, me sinto pesada. Foi um ano de perdas significativas, de problemas no meu trabalho que acabaram culminando com 20 dias a menos de férias. E nesse finalzinho algumas relações terminadas, relações que estavam já moribundas mesmo, grande alí­vio. Que não deixou de representar uma perda verdadeira pra mim. Mas a vida segue e se eu deixei isso pra trás foi justamente pra melhorar minha vida.

Bem eu não emagreci e fecho o ano com saldo negativo nesta esfera. Infelizmente e eu sinto muito por isso.

Mas retomar o blog e voltar a escrever nele mais frequentemente foi muito, muito bom pra mim, eu me conheci mais, eu refleti muito e saio com o saldo de autoconhecimento positivo. Eu fico com vontade de vir aqui, de escrever, de me cuidar. Esse blog é a forma que eu encontrei de começar verdadeiramente a cuidar de mim. É o meu espaço pra organizar as ideias e a partir dai começar a agir. Por isso vou escrever muito aqui ainda. O assunto é fútil de certo modo, e eu não me orgulho de estar obcecada com esse assunto, mas não é nada tão mal pra que eu me envergonhe. Então sigo escrevendo e me preocupando com isso sim. Só não vou mais estabelecer metas, prazos, números, prêmios, vencimentos, nem contagem nenhuma.

É a alma que eu preciso curar, é a ferida que está nela que é preciso cicatrizar, e isso nenhuma meta, nenhuma contagem vai ajudar.

Eu vou aproveitar as férias merecidas pra cuidar do meu dia a dia, pra tomar o meu chazinho, pra meditar, pra me alimentar de forma saudável, pra alimentar também meu espí­rito, meu intelecto e minha alegria.

Imagem daqui

passarim quis pousar não deu…


“Conseguiremos a ave mais rapidamente se chocarmos o ovo em vez de despedaçá-lo.”

Abrahan Lincoln

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Eu, como toda pessoa na face da terra, ou quase toda, sou cheia de auto-enganos. Cheia de coisas que faço sem saber porquê, conto muitas mentiras pra mim mesma, todo o arsenal de auto engano, claro. E uma das mentiras que percebi claramente que adoro me contar é a mentira das datas: Em tal data vou ter emagrecido tanto. Até tal data vou perder tantos quilos. Em 30 dias vou fazer x,y,z pra me ajudar a emagrecer. Um monte de mentiras assim quase piedosas. Vocês até podem perceber que tem dois contadores de data aqui na página principal do meu blog. Contando os dias para sabe-se-lá-quê!

E ai, não sei se porque no fundo eu sou uma pessoa bastante orgulhosa e esnobe, eu preciso de choques de realidade e banhos de humildade de vez em quando pra aprender algumas coisinhas básicas a respeito da vida. E algumas vezes preciso esfregar o focinho no chão pra ver se entra algo nessa minha cabeça de pedra.

Pois hoje aconteceu assim: estava folheando o famoso e famigerado livrinho dos Comedores Compulsivos Anônimos, o Para Hoje, depois de um dia péssimo, em que fiz tudo de errado na face dessa terrinha de meu zeus, (e não estou falando só do ponto de vista alimenticio não) e logo na mensagem do dia 02 de dezembro tá escrito:

“É impossí­vel apressar determinadas coisas. Se estiver abstinente, perderei peso. Precipitar-me, tentar acelerar os acontecimentos, é apenas uma aparência de atividade que não realiza nada. Quando quero que um defeito seja removido antes do tempo, quando quero mais crescimento, quando quero que as coisas conteçam de acordo com a minha vontade, devo lembrar que a vida acontece no tempo de Deus, não no meu.

Paciência é uma parte da humildade, de misturar “eu quero” com a boa vontade de esperar.

Para hoje: Lembro que estabelecer prazos pode me levar ao fracasso, assim como fizeram as metas de perfeição. Eu não faço mais isso.”

Foto daqui, licença creative commons. Clique para ampliar.

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Aproveite para ouvir uma das músicas mais bonitas do mundo. que tem tudo, tudo t-u-d-o a ver com esse post.

[audio:TomJobimPassarim.mp3]

advento

quatrovelas.jpgEsperança é um risco que se deve correr

George Bernanos

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Mês novo. Semana nova.. Advento, primeiros dias…

Adoro coisas novas, adoro começos, eu sou viciada em começos e recomeços. E como já expliquei que não sou uma pessoa naturalmente otimista, embora tente incansavelmente manter a bola lá em cima. Mas tantos anos, tanta vida vivida e por viver, eu ainda estou no começo de muita coisa. E no fim de outras é certo. Mas vamos nos ater aos recomeços. Dezembro, segunda feira, hora de recomeçar.

É cedo e eu comecei bem já. Estou muito agitada porque provavelmente não vou conseguir tirar férias e minha bateria já acabou faz tempo, meu desgaste emocional beira ao colapso. Mas nada que eu possa fazer, e nesse caso, o quem não tem remédio, remediado está.

Apesar de ser triste olhar um ano inteirinho que passou e ver que nada de muito significativo mudou e que mudou foi pra pior, preciso encarar o grande tempo que vem ai pela frente. Uma coisa é certa, eu envelheci este ano mais que em todos os anos anteriores. E eu estou mais sozinha do que nunca estive. E nada aconteceu de objetivo pra isso, a não ser o desgaste do meu trabalho. Mas é dado e eu preciso ir pra frente. E mais uma vez eu vou recomeçar e entrar nos eixos. Não estou tão animada porque é duro lidar com tanto fracasso e se ver reduzido a uma massa reclamona e fracassada, a uma bêbada infeliz e desacreditada. Mas é segunda feira, é dezembro, e eu vou tentar com todas as forças superar o pessimismo que ameaça se instalar e fazer as coisas direito. E tentar ter orgulho de mim mesma. E tentar lidar bem com a solidão que resta nestes momentos.

Alegria, alegria ou a esperança e o urubu…

Sabe que se pode forçar a alegria? De acordo com a psicologia positiva, um ramo da psicologia que eu acho super interessante, é possí­vel criar novos caminhos no cérebro e ensiná-lo a gostar da felicidade. E é isso que eu preciso, redescobrir nestes dias tensos o caminho de ser esperançosa de novo. E dezembro é um bom mês pra isso. Eu parei de fumar num 16 de dezembro. E um Primeiro de dezembro é também um bom dia pra reaprender a ser (menos) (in)feliz.

Ontem foi o primeiro domingo do advento também. Mais um sí­mbolo, mais um dia simbólico. Aproveito pra usar a energia desses primeiros dias do advento pra me inspirar e me fazer seguir. Embora eu não seja estritamente cristã, fui criada como uma e ainda sou apaixonada pelos rituais e por (quase) toda mí­stica. As velas ai em cima são as quatro velas do advento. Se quiser saber mais sobre isso, clique aqui.

força estranha

“Todo mundo é ignorante, só que em assuntos diferentes.”
Will Rogers

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Essa tela em branco a me tentar. E eu olho e não sei. Como de resto não sei de muitas coisas. Não sei como emagrecer, está é a verdade. Não sei quem seria, quem serei magra. A idéia me assusta. Tive dois sonhos em que eu estava nua em público. Tudo bem, o primeiro até teve um contexto em que veio í  tona um lado indesejável de mim, em acontecimentos que me mostraram que eu fui uma pessoa pouco legal. E ai tudo bem estar nua em público. O segundo caso, o segundo sonho num contexto de revelação de segredos. Segredinhos, bobagenzinhas, mas de todo modo em grupo a gente sempre tem exposta alguma parte da gente que não podemos controlar. E também um contexto de ressureição de mortos nem tão mortos assim. Tudo bem.
Mas esses sonhos foram metáforas. Altamente metafóricos. Acho que agora vai clareando o fato de que voltar a ser magra me assusta. Muito. Acho que quase me desnuda e isso é que meu inconsciente tem berrado pra mim. O próximo passo é descobrir como superar esse pavor de emagrecer, porque eu já tinha falado desse medo num dos primeiros posts sobre emagrecer que fiz na vida, lá no velho bloguinho….
E o í­nco jeito que eu conheço é assim, tentando me conhecer, pelo menos é o único jeito que dá certo em outras searas da minha vida.
Por isso essa força estranha de vir aqui e escrever, escrever, mesmo quando o não sei é abissal.
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Clique aí­ pra ouvir Força Estranha

http://www.divshare.com/flash/playlist?myId=5950274-cf0

some fúria

Fúria nas trevas o vento
Num grande som de alongar,
Não há no meu pensamento
Senão não poder parar.

Parece que a alma tem
Treva onde sopre a crescer
Uma loucura que vem
De querer compreender.

Raiva nas trevas o vento
Sem se poder libertar.
Estou preso ao meu pensamento
Como o vento preso ao ar.

Fernando Pessoa, in “Cancioneiro”

Esse poema traduz tudo que estou sendo no momento.

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O que fazer quando um dia são muitos dias num só? São muitos meses, são muitas vidas num só dia? O que fazer quando o dia é cheio de som e fúria e sem abrigo, sem porto seguro, sem velas ao longe? O que fazer quando o dia é tão cheio de meses e anos que não se tem um pingo de fome, mas se tem um fixação oral incontrolável? Quando na verdade só o útero ou o seio materno adiantariam pra amenizar tanto sentimento junto?
Nada é suficientemente saudável num dia assim.