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Eu suplico-vos
fazei qualquer coisa
aprendei um passo
uma dança
alguma coisa que vos justifique
que vos dê o direito
de vestir a vossa pele o vosso pêlo
aprendei a andar e a rir
porque será completamente estúpido
no fim
que tantos tenham sido mortos
e que vós viveis
sem nada fazer da vossa vida.

Charlotte Delbo

Haja o que houver pense nos seus filhos

Poema da Cartomante

Estendo minha mão e a velha me fala
de um futuro tão remoto
que chego quase a descrer da Bomba.
Ah, deliciosa visão,
promessas de vida longa,
um lar feliz
e até mesmo um nome
para ser honrado.
Lê, mulher; procura
em minha mão
a certeza que me falta.
Aprendeste a profissão
nos tempos de paz
e o futuro que me dás
é o dos meus avós.

Falas-me de um lar

e eu procuro concebê-lo
ao abrigo da guerra que virá
e que eu vejo crescer nas declarações de paz.
E contudo eu gostaria
de que tuas profecias se cumprissem;
que estas coisas não fossem para mim,
mas pudessem acontecer
ao homem simples,
a esse que vai para a fábrica, de manhã,
e não sabe do mundo
para além do próprio quintal.
Segues com o dedo
a linha da vida
e vês tão claro
que por um instante me aborreço
e penso em me levantar.
Mas não quero te ferir.
Afagas minha mão
num gesto maternal
e me devolves ao mundo,
na certeza de que estou mais forte.
Não, eu não te direi nenhuma destas coisas,
porque lá fora os teus netos brincam
e a tarde, vista de tua janela,
promete não ser a última,
não pode ser a última.
E porque teus olhos
me pedem que acredite.

Eduardo Alves da Costa, No Caminho com Maiakowski

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Eu tô afastada de todas as esoterices, ando numa fase bem cética, muito mesmo, não sei porque, não consigo mais. Mas por conta de alguém querido que jogou e me pediu pra interpretar fui lá e joguei pra mim também, no Personare.

Essa é a sí­ntese.

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Dia 13

quinatanapoesia

Dia 13 — Um livro que te faz lembrar de alguma coisa, de um dia.
Poesias – Mário Quintana

Me lembra um dia com meu compadre e melhor amigo, um dia sentados num barzinho, lendo poemas deste livro. Foi massa. No tempo em que as tardes eram livres, em que tudo era possí­vel no futuro, em que compartilhávamos amores perdidos. Que lembrança deliciosa! Esse barzinho nem existe mais, mas ficou na memória, no hipercentro de Belo Horizonte, onde a vida adulta passava e a gente nem via, ocupados em ler as linhas e perder o tempo.

POESIAS
Autor: Quintana, Mario
Editora: GLOBO
Assunto: POESIA
ISBN: 8525002127
ISBN-13: 9788525002129
Livro em português
Número de Páginas: 170
Encadernação: BROCHURA

Sinopse

Publicada em 1980, reúne poemas selecionados pelo próprio autor e que foram escolhidos por Paulo Mendes Campos e Rubem Braga para a edição precedente, de 1966.

sobre mães e filhas


brancadeneve3Sobre mães e filhas(os)

Rubem Alves

 

Para falar sobre a relação entre mães e filhas(os), sugiro que leiam algumas das terrí­veis estórias dos irmãos Grimm, em especial a “Branca de Neve” e a “Cinderela”. Os contadores de estórias daqueles tempos, para não provocarem a ira das mães, que se julgavam sempre boas e justas, falavam de “madrastas”. Continuar lendo sobre mães e filhas

caminante, no hay camino

Cantares

Antônio Machado


 

Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.

Nunca persequí­ la gloria,
ni dejar en la memoria
de los hombres mi canción;
yo amo los mundos sutiles,
ingrávidos y gentiles,
como pompas de jabón.

Me gusta verlos pintarse
de sol y grana, volar
bajo el cielo azul, temblar
súbitamente y quebrarse…

Nunca perseguí­ la gloria.

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.

Al andar se hace camino
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.

Caminante no hay camino
sino estelas en la mar…

Hace algún tiempo en ese lugar
donde hoy los bosques se visten de espinos
se oyó la voz de un poeta gritar
“Caminante no hay camino,
se hace camino al andar…”

Golpe a golpe, verso a verso…

Murió el poeta lejos del hogar.
Le cubre el polvo de un paí­s vecino.
Al alejarse le vieron llorar.
“Caminante no hay camino,
se hace camino al andar…”

Golpe a golpe, verso a verso…

Cuando el jilguero no puede cantar.
Cuando el poeta es un peregrino,
cuando de nada nos sirve rezar.
“Caminante no hay camino,
se hace camino al andar…”

Golpe a golpe, verso a verso.

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Eu amei profundamente esse poema, a música não paro de ouvir…Me dá uma vontade de chorar. Mas chorar de alegria. Há muito tempo eu não sentia isso.

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Segue um link para saber sobre o poeta

 

Ouça o poema…

Bonequinha Preta

Morreu com 102 anos a escritora mineira Alaíde Lisboa. Ela escreveu dois livros que eu amava quando bem pequena, A Bonequinha Preta e O Bonequinho Doce. Tenho uma lembrança física, sensorial do livro Bonequinha Preta, é um livro muito fofo. Eu tinha o livro decorado. 

Morre Alaíde Lisboa

Em Belo Horizonte, morreu neste sábado, aos 102 anos, a escritora Alaíde Lisboa. Mineira de Lambari, Alaíde fez história no mundo da literatura infantil e na política. A escritora ficou conhecida em 1938, quando lançou o livro “Bonequinha Preta”. Inovador para época, virou até peça de teatro. No conjunto de obras da escritora também está “O Bonequinho Doce”. Ao todo, são 31 livros publicados e mais de dois milhões de exemplares vendidos. Alaíde conquistou um lugar na Academia Brasileira de Letras, deu aulas na UFMG e, em 1947, foi eleita a primeira vereadora de Belo Horizonte. Mesmo assim, nunca perdeu a modéstia. Alaíde Lisboa morreu em casa depois de complicações por causa de uma pneumonia. O velório está sendo realizado no Cemitério do Bonfim, na capital mineira. O enterro será neste domingo, às 11h.

 

Fonte:www.mgtv.globo.com 

Para o amor não vivido.

Que lindo! Lá do blog Espancando Teclado.

Para o amor não vivido.

 

Para o amor não vivido deixo as saudades dos beijos não dados, dos momentos não compartilhados e das brigas que não tivemos.

Do amor não vivido ficaram as marcas de amor não feito, dos olhares e apelidos não dados e das noites que viraram dia sem se ver. Fica a saudade do que não foi, e daquilo que não vai ser.
Do amor não vivido restaram as lembranças do sonho, do sorriso, da lágrima e do gozo, restou a utopia, restou o amor que ficou encostado no canto, porque houve medo. Porque o coração virou pedra, e não fui eu que o transformei.
Do amor não vivido, não viverei mais, do amor que se escolheu abandonar, deixo para a razão e que ela cuide dele se puder, ou esqueça-o, e que este não se torne pedra no meu coração. Que não seja hiato.
Ao amor não vivido desejo sorte, desejo paz e sobretudo amor. E que viva, que viva e que viva de novo e seja você flor de novo no coração de quem a merecer, que seja sorriso e que seja pleno.
E que viva enfim o amor.

Shibuya