Um flickr só com fotos da minha autora preferida…Como ela era bonita. Mesmo mais velha continuou linda.
Categoria: umbigo
meu sotaque
ogum
EU PEDI A OGUM
Eu pedi a Ogum, para retirar os meus vícios.
Ogum disse: Não.
Eles não são para eu tirar, mas para você desistir deles.
Eu pedi a Ogum , para fazer meu filho aleijado se tornar completo.
Ogum disse: Não.
Seu espírito é completo, seu corpo é apenas temporário
Eu pedi a Ogum para me dar paciência.
Ogum disse, Não.
Paciência é um subproduto das tribulações; Ela não é dada, é aprendida.
Eu pedi a Ogum para me dar felicidade.
Ogum disse: Não.
Eu dou bênçãos; Felicidade depende de você.
Eu pedi a Ogum para me livrar da dor.
Ogum disse: Não.
Sofrer te leva para longe do mundo e te traz para perto de mim.
Eu pedi a Ogum para fazer meu espírito crescer.
Ogum disse: Não.
Você deve crescer em si próprio! Mas eu te podarei para que dês frutos.
Eu pedi a Ogum todas as coisas que me fariam apreciar a vida.
Ogum disse: Não.
Eu te darei a vida, para que você aprecie todas as coisas.
Eu pedi a Ogum para me ajudar a AMAR os outros, como Ele me ama.
Ogum disse: Finalmente você entendeu a idéia!
(desconheço a autoria)
uma trouxa de roupa por favor
iluminuras
Eu tenho muito poucas certezas nesta vidinha de meu Deus. Mas uma delas é que eu já fui um monge copista em algum lugar em alguma dimensão. Eu olho uma iluminura e quase posso me lembrar do cheiro, do clima, do trabalho que deu. Podem rir, mas é isso que o cinema e a literatura fazem podem fazer com a cabeça de uma pessoa. Talvez se não fosse o Nome da Rosa eu jamais me recordasse disso. Então não é fantástico? Até porque eu nunca vi (nessa dimensão, nesse tempo, nessa vida) nenhuma iluminura ao vivo, só pela internet .
Me lembrei disso de novo, dos meus velhos tempos da Idade Média porque vi no blog do Marcelo Coelho um link pra uns sites de iluminuras, que é uma coisa linda.
desejo
(…)Desiderium, sidera, designiu. Estranhos entrelaçamentos estes nos quais a linguagem nos enleia, pois na origem do nome desejo, desiderium, sussurra ao fundo a palavra sidera : as estrelas, as constelações siderais.
Sidera pertencia ao vocábulo dos adivinhos e sacerdotes. Consultava-se então os céus como um oráculo em busca de revelações. No desenho das estrelas, nosso destino encontrava seus desígnios. Eis outra vez o conluio das palavras: desígnio e desenho bebem na mesma fonte etimológica.
De sidera, provêm considerar e desejar. Considerare era observar os astros para encontrar significado, no futuro, ao que acontecia no agora. Desiderare (desejar), ao contrário, era renunciar í s estrelas ou ser desprezado por elas. Ao mesmo tempo ficar ao desamparo de sua providência mágica e arremessar-se no interior do insondável, na exterioridade de si em busca de uma completude.
Por isso o desejo, já em seu étimo, é uma lacuna. O desejo é sempre uma falta, faz parte de seu desígnio não ser satisfeito. Não apenas porque o objeto ao qual o desejo se endereça é uma alteridade que sempre exclui aquele que deseja. Mas porque quem deseja, deseja que o outro o deseje. Desejar o desejo do outro é sua definição atualizada: expulso de mim, procuro a totalidade do Outro. (…)
Maria Tereza Lopes Dantas.
tpm
Ao telefone com uma amiga
dna visual
oficiala
Eu estou perdendo minha habilidade social. Talvez seja resultado de oito anos como cobradora de impostos do dia da derrama. Talvez seja o casamento que sem querer isola a gente de saídas, de baladas, etc. Talvez eu esteja passando por algum período de esquisitice aguda que já dura muito tempo, não sei o que é. Sei que tenho pensado muito sobre isso, e vejo que não consigo mais interagir como antes. As pessoas me machucam, o encontro com elas é como esbarrar em uma ferida aberta (que na verdade é o que me tornei, uma grande ferida aberta). Eu não consigo mais interagir, com exceção de poucas pessoas, as pessoas me doem e não era assim.
Eu sempre tive muitos amigos, namorados, encontros, mas agora eu me magoo toda hora e troco os pés pelas mãos em qualquer interação. Eu tenho a forte suspeita de que é resultado do meu trabalho, onde todos os encontros são embates, onde eu não sou bem vinda em lugar nenhum, onde praticamente todo mundo está mentindo pra mim. Eu lido com o lado mais sujo do ser humano, podem acreditar, o lado mais sujo é o bolso do ser humano, é incrível como as pessoas despertam o pior de si quando o assunto é o seu patrimônio material. A gente sabe disso, mas lidar diariamente com isso é feroz. Acho que ao longo dos anos essa lida diária veio minando minha capacidade de interagir com
o mundo as pessoas em geral. Eu fiquei assustada em perceber como fiquei inábil no trato com o ser humano, eu estou virando uma eremita (mentalmente), que só quer isolamento e distância do ser humano, sabe? E óbvio que isso não é saudável. De todo modo, perceber isto talvez já seja um passo para barrar este processo.
incômodo
Será que todo mundo tem ou teve em algum momento da vida uma pessoa que é querida mas que desperta o seu lado mais sombrio? Eu estou com um caso assim na minha vida e não sei o que fazer. Pessoa muito querida mas que não tá mais rolando a convivência, não existem mais trocas, mais diálogos, não há mais graça, só um gosto amargo e um enorme desconforto. Uma sensação de que seus piores sentimentos vêm í tona, que seus pensamentos menos nobres sobre a pessoa também florescem. É uma pessoa querida, mas que eu tenho chegado í triste conclusão que tem sentimentos meio excusos por mim. E como fazer, não se arranca uma pessoa assim da sua vida né? Depois de tantos anos, amizade, e tal… Eu fico assim, porque neste caso específico sei que conversar não adianta, as palavras nem sempre resolvem tudo mesmo. Bem era só vontade de falar sobre isso um pouco, porque ontem conversei (mentira, eu ouvi) com essa pessoa e até agora estou triste, desconfortável, com raiva, com sentimentos ruins que estão estragando meu frágil dia.