cabeçadas

alone
Foto surrupiada do blog Post Secret.

“Fecha a boca e abra a mente!”.

Frase da nutricionista ontem. E ela fica falando que meu problema é a cabecinha. Que ela vai ter que tratar a cabecinha. Credo, eu não tenho condição de levar í  sério alguém assim, que fala isso…

E passa uma dieta de fome, que sem anfetamina é impossí­vel de encarar. Eu tentei, mas não rolou. E tentei mesmo.

Ela fala pra mim que se eu comi duas colheres de arroz e um pires de legumes, é i-m-p-o-s-s-í­-v-e-l que eu esteja com fome. Que ela não vai aceitar isso e que é a cabecinha que tem problemas.

Ah, data venia nobre colega, vai tomar! Como é que alguém mesmo que tenha estudado nutrição vem me falar que eu não estou com fome? Como é que alguém pode achar que sabe a fome que o outro têm? Arrogância extrema, isso eu acho. E altamente legitimada né? Como assim, minha fome é imaginária? E o que sabe ela da fome? Isso eu não admito.

Ninguém pode saber mais da minha fome do que eu. Nem ela nem ninguém. Isso eu não faço mais, delegar a alguém esse tipo de coisa.

Outra época isso significaria que eu não iria tentar e essa seria uma perfeita desculpa pra chutar o balde outra vez. Mas não. Eu fui atrás de alternativa. E nesse ponto, até hoje depois de tudo que eu conheci no maravilhoso mundo das gordas, a melhor coisa que existe é o VP. Pelo menos lá eu não passo fome. E posso comer o que eu quiser. Esse post aqui da estranha Carrie diz tudo sobre a seita, ops, o programa dos VP…

Eu já to grandinha e minha cabecinha não é tão ruizinha assim a ponto de eu comer todos os meus pontos em chocolate, então posso me aventurar. Eu venho fazendo isso já tem um tempo e tenho emagrecido. Devagar, devagar. Mas minha avómaravilhosa dizia que devagar também é pressa. E francamente ela sabe mais do que a Nutri. Muito mais.

Fiz as preces no VP, não engordei e isso é bom. Estou em movimento. Então eu vou contar os meus pontinhos pra sair logo dessa droga de prisão. E a nutri pode ir lá catar a fome de outra gorda desesperada. O tratamento com ela até que é legal, tem acupuintura, agulhinhas com choquinho e coisa e tal, mas francamente…

Falar que eu não estou com fome, ora senhora nutri vai te catar. Não é possí­vel levar a sério uma profissional dessas. Então fala logo de uma vez que é preciso passar fome. É mais honesto, Ms Nutri. Mas não venha querer se apropriar da minha fome não, viu? Me tratar como criança, porque todo mundo se acha no direito de infantilizar quem é gordo? Ah, passar bem!

tudo bem

Eu percebi uma coisa curiosa: quando a dieta (como disse a Ana, dificil saber que palavra usar né?) vai bem eu escrevo pouco.

 

E fica parecendo que aqui é um muro das lamentações. De certa forma é mesmo. Mas hoje não sei porque cargas d’água, eu resolvi falar um pouco sobre o que está dando certo. Então, eu tenho me controlado muito, todos os dias. Estou ainda comendo um pouquinho mais do que deveria. A contagem de pontos dá um pouquinho a mais. Mas mesmo assim eu fico muito, muito feliz.

 

E não é só porque devagar a balança vai acusando não. Mas é porque eu deixei de lado uma certa rigidez mental minha nesse assunto Que incluem a preguiça de me concentrar, a falta de força e de centro pra levar adiante e uma facilidade muito grande de desistir. E agora, de modo contí­nuo eu tenho seguido adiante! E isso é muito surpreendente em se tratando da minha ilustre e nobilí­ssima pessoa. Agora eu tropeço mas levanto e não desisto (Nossa, que frase mais baranga!!! Mas eu sou geneticamente baranga, não tem jeito).

 

Bom tá indo bem. eu preciso fazer alguns ajustes, é verdade, mas o saldo é muito positivo, eu sinto que a mudança está se instalando. Nesse perí­odo eu já emagreci um pouco. Muito, mas na verdade pouco diante do tanto que me espera. E olha, escrever isso tá sendo tão bom! Tinha tanto tempo que eu não tinha uma vitória assim, que durasse mais de umas poucas horas. Resumindo, eu estou bem contente com o andamento. Que precisa melhorar, é claro, mas que tá 150% melhor do que estava.

minina, minina

Eu não tenho muito costume de pintar as unhas, de ir ao salão, fazer escova e afins. Eu até gosto, mas tenho preguiça. Quer dizer, eu sempre tenho alguma coisa que eu acho mais interessante pra fazer. Eu acho perda do meu tempo fazer isso, porque sou muito ávida pra zilhões de coisas, então não posso evitar o sentimento de estar gastando um tempo precioso onde eu poderia estar fazendo um monte de outras coisas indo ao salão, fazendo unhas e etc. Mas gosto de estar com unhas feitas, cabelo arrumado e tal. Por isso, inevitavelmente sempre opto por não estar com unhas feitas, cabelo de escova e tal.

E tem gente que confunde isso. E confunde isso com alguma tosca noção de que eu acho isso fútil, porque eu sou intelectual (isso tb é um confusão das bravas). E que oh, oh, oh (seria mais coerente com a noção de que elas têm de intelectual?) que eu desprezaria isso.

O que não é verdade. Como a gente sempre conhece mal as pessoas né?

Eu só tenho preguiça. Mas acho bonito, não acho tão fútil e etc. Se já está pronto eu curto. Acho divertido.

O fato é que quarta feira eu pintei as unhas de vermelho. Coisa que acho que desde solteira eu não fazia, não sei mais porque. Fiz escova no cabelo também.

E teve mais de uma pessoa que veio me falar que eu fiquei mais feminina assim. De cabelo escovado e unhas pintadas.

Eu me espanto com isso. Muito e de verdade. Embora não seja novidade passar por isso. Eu me espanto porque nada na minha essência mudou. Só o visual mudou e ainda assim até a próxima acetona. Eu só não estou de coque com minha juba indomada e tenho as unhas pintadas de vermelho. E ainda assim fiquei mais feminina.

Sabe que eu acho isso uma visão muito pobre de feminilidade? Mas muito pobre mesmo. Eu não fiquei mais feminina por causa da escova e das unhas vermelhas. E nem as unhas vermelhas ou a escova foram reflexo de uma súbita “feminilização” do meu ser. Disso eu tenho certeza absoluta.

queijo

Eu não sei porque cargas d’água eu desenvolvi uma alergia das bravas a queijo parmesão. Na viagem eu passei mal por causa de uma pitada í­nfima, menor que a de sal que coloquei num prato só pra sentir o cheiro mesmo. Porque eu amava queijo parmesão. Amava mesmo. Mas a pitadinha de nada quase me estragou um dia inteiro de curtição.

 Semana passada no almoço semanal na casa da minha mãe ela fez macarrão e colocou queijo. E o macarrão da minha mãe é misturado, ela não joga só por cima, mistura mesmo o macarrão, molho e etcs… Eu como tenho uma dificuldade grande pra aprender, fiz o prato e coloquei a primeira garfada na boca. Tiro e queda, passei mal pra caramba.

 Bom, hoje lá fomos nós de novo pra almoçar na mama. E ela de novo fez macarrão. Dessa vez sem um pingo de parmesão. Mas só de olhar o macarrão eu comecei a passar mal. E não almocei direito.

 Dai que lascou com a tarde. Eu ainda não extrapolei, mas ficou muito claro a falta que fez um café da manhã e um almoço decentes. Porque a falta de comida repercutiu í  tarde e agora eu estou morrendo de fome, mas fome de carboidrato, de coisas que engordam. Ou seja, óbvio que é mais que fome né? Pra vocês verem como é delicado o equilí­brio de um viciado, ainda mais em comida. Porque largar o cigarro foi muito mais fácil do que largar o ví­cio de comida, eu não estava exposta a dose nenhuma. E eu era fumante inveterada, ninguém acreditava que eu pudesse largar.

 Eu quero duas coisas com esse post: agora que estou anotando tudo e conseqí¼entemente sendo obrigada a prestar atenção no que como, de verdade (que é a primeira vez em muito, muito tempo, que faço isso por dias seguidos, a sério e sem pirraça) eu resolvi que vou sempre escrever quando acontecer, pra ficar registrado pra mim mesma os gatilhos que disparam as “erradas”. Devagar eu aprendo. Não que eu já não soubesse dessas coisas em mim, mas agora resolvi prestar atenção.

 A segunda é falar que eu fui em uma reunião dos Comedores Compulsivos Anônimos ano passado, mas achei muito pesada a ênfase que se deu í  palavra doença naquela reunião. Doença, doentes, somos todos muito doentes, não temos cura, muito complicado. Uma questão de semântica, talvez, mas pra mim viciado é menos pior do que doente. Eu aceito ser viciada, doente não. Fica claro que ainda não cheguei no Primeiro Passo né? Hahahahaha.

 Talvez seja uma bobagem e seja isso mesmo que os gordos eu sejam seja: viciada(os), doente(s). Mas o fato é que eu tenho muitas e enormes, gigantescas reservas quanto ao significado disso atualmente. Vai ver por isso eu esteja tão gorda. Negação?

 Gorda, vá lá, viciada também, mas doente, hummmm, sei não… Cada época tem seus bodes expiatórios, cada época tem suas doenças, e uma das de hoje é ser gordo. E as doenças são bem mais do que doenças, elas têm sentido social visse? Sempre, sempre.

 Mas eu sou Antropóloga né? Ainda mais do que em comida, sou viciada em olhar por detrás das tramas, dos valores, do senso comum, fazer o quê? Não digo que estou certa, nem sempre vejo consigo ver o que é certo, mas são as conclusões que tiro. De anos de traseiro na cadeira, de cara nos livros e olho no mundo. Bão, só estou divagando (e me exibindo tb) um pouco.

 E não estou negando ser viciada. Sou menos ingênua do que aparento (?). E as palavras nunca são bobagens. E eu não estou falando de nenhuma lei da atração. Não estou falando nada do tipo pensar e atrair.

todo pasa

Nada tinha me preparado para Buenos Aires, nada poderia me preparar. E acho que ninguém entende muito esse amor, esse espanto. Aliás, algumas pessoas entendem. Tem que me conhecer muito, muito pra sacar.

 

É um pouco mais do que entusiasmo de iniciante. Não foi a beleza, que a cidade é muito bonita, mas não pra tanto, não foram as pessoas, não foram os lugares, nem a cultura. Acho que me identifiquei com a alma de Buenos Aires, pois essa cidade tem alma sim senhor. Buenos Aires é uma velha senhora culta, enjoada e orgulhosa. Pelo menos. E junta com minha tendência* í  ser tão entusiasmada… Já tive vergonha de ser tão entusiasmada, hoje não posso mais.

 

O que é o fileteado porteño, meu deus, que coisa mais linda!

 

As fotos, algumas pelo menos, da viagem, da universidade.

 

Com a chegada do ano novo, esse blog vai passar por mudanças. Até segunda feira mais tardar. Aquelas necessárias pra eu emagrecer. Porque eu não suporto mais ser assim. Eu poderia ter curtido muito mais a viagem, as aulas, o doutorado se não estivesse tão gorda. Eu poderia estar curtindo melhor a vida né? E não aguento mais. Pensei muito se devia escrever isso aqui, porque esse blog mais parece um relato de sucessivos fracassos. Mas afinal o objetivo dele, por mais mal educado que seja dizer isso não é entreter leitores, não é ser legal ou divertido, é ser mais uma ferramenta pra me ajudar. Então relevem os maus modos e desejem me sorte!

 

*Tendência í , a ou tendência de? Nossa meu português tá de doer. Fora que esses dias estava com dificuldade de somar e dividir. Imagina o que me aguarda, aff…

O Intolerável Peso Da Feiúra

O INTOLERíVEL PESO DA FEIíšRA

JOANA DE VILHENA NOVAES

ISBN: 8576171090
Editora: EDITORA GARAMOND
Número de páginas: 272
Encadernação: Brochura
Edição: 2007

“Beleza é artigo de primeira necessidade”: este é o lema que perpassa os depoimentos das mulheres entrevistadas por Joana Vilhena ao longo dos dez anos de sua pesquisa de campo. Nas academias de malhação, nas antes-salas das clí­nicas de cirurgia plástica, ou nos grupos de pacientes a espera de gastroplastia redutora, há o consenso: “só é feia quem quer”. E quem não quiser se enquadrar nos atuais cânones de beleza sofrerá o merecido castigo da rejeição e da exclusão. Pois beleza e feiúra nada têm de “natural”. São vivenciadas em termos morais, e lembra a autora que a feiúra era vista, pelos antigos gregos, como reveladora de defeitos de caráter. Na sociedade ocidental contemporânea, que se define pela busca narcisista do gozo imediato e pelo abandono dos valores religiosos, culpa e pecado emigram para o terreno da modelagem do corpo.

Monique Augras. Veja


No decorrer da história das artes houve uma ruptura no conceito de um padrão único de estética. Vários artistas sofreram por essa mudança, que significou um redesenho de todas as possibilidades de entendimento sobre a forma. Nas artes a tirania da figura-fundo e do desenho em perspectiva linear foi enfrentada, não sem preço, que o diga Van Gogh, permitindo para o mundo culto e erudito uma estética das possibilidades e da tendência ao infinito pela multidiversidade.
No entanto, nosso corpo, e em especial o corpo feminino, não experimentou essa ruptura estética. O texto de Joana Vilhena de Novaes nos fala desta tirania estética. Se numa viagem no tempo descobrimos que esta imposição estética sobre o corpo ocorreu em várias épocas, de diferentes maneiras, ela agravou-se no tempo de hoje.
Joana nos oferece uma dimensão trágica desta tirania sofisticada do contemporâneo. Porque temos a possibilidade de modificarmos o nosso corpo com o desenvolvimento de uma infinidade de tecnologias, que vão desde as tecnologias de educação fí­sica í s cirurgias de correção, a manutenção de um corpo nãp adequado passou a ser considerada socialmente como um desvio de caráter e um ato de vontade.
A tirania estética atual transformou o corpo inadequado de outrora, que podia ser considerado no locus simbólico do sujeito vitimizado, para um outro lugar, onde o sujeito passou a ser responsabilizado por não estar com seu corpo adequado.
A gravidade aumenta quando sabemos que no universo simbólico o padrão é etéreo e difí­cil de ser objetivado e mensurado. A perfeição idealizada encontra na realidade sempre alguma imperfeição que, segundo a autora, obrigarão o sujeito í  submissão de uma bateria de esforços absolutamente insanos e cruéis, em busca de um modelo inalcançável.
Joana Vilhena de Novaes é uma crí­tica do comportamento contemporâneo e nos oferece um belo texto, permeado de uma ironia maravilhosa, que se oferece como um libelo de liberdade.

Ricardo Vieiralves de Castro
Professor da UERJ
Diretor do Museu da República


SOBRE A AUTORA

Joana de Vilhena Novaes é doutora em Psicologia Clí­nica pela PUC-Rio e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LIPIS) da Vice-Reitoria Comunitária da PUC-Rio. A autora é também consultora de várias empresas para assuntos de estética feminina e possui considerável número de artigos publicados em periódicos, revistas e jornais no Brasil e no exterior.

 

então, que saco!

Olha só. Eu engordei. É mole? Juro que pensei em trapacear. Colocar uma foto antiga da pesagem no controle do peso. Sábado passando em branco, dia de pesagem. O último já passou, sem resultado. Eu fingi que nem era comigo. Mas assustei e já é sábado de novo.

Penso assim: mas que merda, de que adianta tanto blábláblá se no final das contas eu não só não emagreci como ainda engordei?

Então fico p da vida, xingo e crio diálogos mentais massacrantes, do tipo que todo mundo com esse drama conhece:

mas eu não tenho jeito mesmo, que porca gulosa, que coisa horrí­vel, não consegue se controlar. Tão simples, basta ter controle. Ora bolas, pra alguém que já veio até aqui, porque não fecha a boca sua babaca, é tão simples.

E fico nesse diálogo (retardado) mental excruciante durante horas.

Que vergonha!!!!!!!!!

Olha só, as meninas vão vir aqui e tudo que eu sou é essa imensa decepção. Fulana é forte e tá conseguindo. A outra, uma coitadinha e também está conseguindo. A segunda é vermelha e consegue. Ai meus sais, mais uma amarela do cabelo verde que conseguiu! Mas como alguém amarelo do cabelo verde consegue emagrecer e eu não?!?!?!?!?!?! Até aqueloutra que usa saia de brim consegui! Talvez eu também devesse usar sai de brim e brincos dourados.

Eu sou idiota mesmo. Tenho mais é que me calar, e pronto

A segunda parte:

mas Nalu, olha só, foi a operação da sua mãe, depois a complicação da cirurgia dela, depois aquele problema tão grande que vc tá passando e não é pouca coisa, sua irmã surtando de novo, no hospital, vc sem apoio nenhum pra ir trabalhar e sustentar a porra da casa, 5 dias de férias perdidos, e ainda por cima uma TPM adiantada de novo (meu ciclo tá doido). Querer e não querer ir pro exterior em janeiro, mas a licença tá concerdida e agora eu tem que ir, ai meus sais…

Então, Nalu, calmaaaaaa. Tá vendo como tem um monte de motivos (bons) pra vc ter engordado? E de todo modo vc nem pensou em se educar , não fez visualização, não meditou, dormiu pouco… Nalu, minha filha, estado de exceção. Tirania do momento e vc sucumbiu…Again and again and again…

Dai outras centas horas nessa inhaca sem fim. Mil desculpas pra me isentar. Outras milhões pra me chafurdar na lama da auto-depreciação de vez. Fecho o blog. Sumo do mundo, como pode alguém ser assim tão idiota! Então pára de tentar emagrecer e se contenta.

E aqui em casa tem um espelhão no fim do corredor principal. Eu passo por ele. Olho de relance, finjo que não vejo. Sigo. Mas não dá. Volto e encaro a gorda ali. Dá pra me contentar em ser assim? Não, por enquanto não, não dá! Eu não gosto da imagem. Ela vai contra todas as milhões e milhões e milhões de imagens com as quais eu fui bombardeada desde que era aquela bebezinha linda, doravante educada pra se achar feia (qualquer dia tenho que contar mais sobre isso). No cinema, nas novelas, nas revistas femininas (e masculinas), na literatura e na poesia recheadas de imagens de um corpo feminino que não podia ser espelho do meu. Nem do seu, Pedro Bó. Isso não foi o que me ensinaram a achar bonito. Nem sexy. E no atual estado, nem muito menos remotamente aceitável. E destilo mais uma dose de ódio contra essa fulana gorda do espelho. Não faltam lamúrias.

Daí­ me canso. Tento esquecer e pensar em outras coisas. Não dá, o ví­cio em pensar nisso talvez seja mais forte do que o ví­cio do sabor.

Então, minha filha, dá um jeito né? Que puta saco isso.

Então percebo.

Que só tem um jeito. Recomeçar. De novo. E de novo. E de novo ad nauseam. É só o que eu posso fazer. Então hoje decidi mais uma vez um monte de coisa. Que nem vou contar que já tem lenga-lenga demais aqui.

 

post da fal

Eu resolvi postar hoje aqui uma das coisas mais legais sobre ser/estar gorda. Foi a genial Fal que escreveu. Eu chorei no dia que li isso pela primeira vez. Só estava esperando ela autorizar pra postar. E hoje ela autorizou. Eu tava doida pra colocar aqui pra todo mundo ler também.

Gordos e magros. E principalmente pras pessoas cheias de boas intenções e doidas pra emagrecer os entes queridos, os vizinhos, os amigos, etc.

***

Leiam: Continuar lendo post da fal

segredos da gordinha feliz

Tinha escrito um post meio-amargo (mas claro que não estava bom que nem o chocolate). Reclamão. Mas na verdade, eu estou com preguiça até de reclamar. Eu tenho feito um esforço há algum tempo pra parar de reclamar. Reclamação só na terapia, que reclamar é muito chato (embora eu seja uma pessoa super paciente com reclamações alheias). Mas eu tô num perí­odo eu não me aguento. Deve ser por causa da semana de Saturno que eu estou vivendo. Mas dia 22 vem Júpiter, meu padrinho, e as coisas hão de melhorar.

Então, que ninguém merece post-reclamão, eu vou colocar um livro aqui que consumiu minhas horinhas de folga ontem. Li numa sentada. É um livro muito bem humorado, que põe o dedo na ferida de uma forma muito legal. Daqueles livros que em vários pedaços eu pensei: Nossa, mas eu poderia ter escrito isso! Escrito por uma gordinha, claro. Garota Gorda, como ela prefere ser chamada. Recomendo muito. Toca em assuntos que tem pontos em comum com dois outros livros muito interessantes, mas é menos profundo, digamos assim. Tem paralelos com o Mito da Beleza e com Gordura é uma questão feminista. Sobre o livro:

SEGREDOS DA GORDINHA FELIZ
Wendy Shanker

TíTULO ORIGINAL: FAT GIRL’S GUIDE TO LIFE, THE
ISBN: 9788576860280
IDIOMA: Português.
ENCADERNAí‡íƒO: Brochura | Formato: 14 x 21 | 266 págs.
ANO DA OBRA/COPYRIGHT: 2004
ANO EDIí‡íƒO: 2007
AUTOR: Wendy Shanker
TRADUTOR: Marisa de Menezes de Assis Gomes
Editora: Verus Editora


RESENHA

“Considerando que sou uma pessoa saudável, por que será que tanta gente (incluindo minha vizinha, minha prima e as editoras de revistas femininas) está decidida a fazer com que eu seja magra?” Com essa pergunta e muitas outras, Wendy Shanker nos convida a refletir sobre um tema que preocupa milhões de pessoas. Dos sete pecados capitais, a gula hoje parece o mais presente, e comer sem se preocupar com os quilos a mais não é bem-visto pela sociedade em quase nenhuma situação – das relações sociais e profissionais até as sexuais. Wendy Shanker é uma garota com vários quilos a mais, mas também é uma mulher inteligente e com grande senso de humor que, depois de ter tentado todas as dietas e métodos para emagrecer, decidiu que podia se dar ao luxo de ser feliz com seu tamanho extragrande. Segredos da gordinha feliz conta as aventuras de Wendy em academias e clí­nicas de emagrecimento, mostra seu espanto diante de dietas absurdas, diverte com suas incursões por lojas de roupa e emociona com seus relatos sobre a aceitação de si mesma, além de apresentar dados alarmantes sobre as empresas que estão por trás do mito da mulher ideal e fazer uma lúcida radiografia da sociedade atual.

tiranias

porquecomemos.jpgEssa semana eu li esse livro. Porque comemos tanto. De Brian Wasnick. É bem mais interessante do que eu esperava, foge do muito óbvio no assunto comer. Eu até posso (e vou) falar um pouco mais sobre ele em outra ocasião, mas agora preciso dizer sobre algo que acontecia comigo e que este livro nomeou. E ao nomear, clarificou muito a coisa. Porque a gente sabe que as coisas sem nome ás vezes são invisí­veis, mas í s vezes têm um poder muito grande. Um poder mais fluido, mais insidioso.

Pois bem, ao ler este livro, bem lá nos finalmentes ele fala de um fato que chama de “a tirania do momento”. Que seria o seguinte, nas palavras do autor: Continuar lendo tiranias