Mothern

mothern.jpgMOTHERN MANUAL DA MAE MODERNA
LAURA GUIMARAES, JULIANA SAMPAIO

ISBN: 8587431447
Editora: MATRIX EDITORA
Número de páginas: 176
Encadernação: Brochura
Edição: 2005
Só mesmo duas mães para escrever tudo o que as mães gostaria que alguém tivesse escrito sobre elas e seus filhos. Melhor ainda quando isso vem recheado de muito bom humor. Essa é a receita de Mothern – Manual da Mãe Moderna. Um livro que surgiu a partir do famosí­ssimo blog Mothern e das colunas das autoras na revista Trip. Na obra, elas contam as aventuras e desventuras das mães dos tempos de hoje: na maternidade, nas festas infantis, nas hora do choro, na brincadeira, nas viagens, na fase dos porquês, no restaurante. Sempre de uma maneira alegre, prática, realista e inteligente. Afinal, muito melhor do que padecer no paraí­so é se divertir nele.
Esse livro tem que ler, tem que ler o blog, tem que ver o seriado. Foi graças í s motherns que eu descobri mesmo o mundo dos blogs. Foi por causa delas que eu criei o meu blog, e por causa delas que eu tenho dias deliciosos com outras motherns no Livro de visitas do Blog delas.

Amamentar

Eu pensei pensei e não consegui encontrar um enfoque legal par tratar a amamentação. Muita coisa sobre os benefí­cios e vantagens já foi ou está sendo dita…E eu hoje estou de favor num computador alheio, então preciso ser rápida. Daí­ me lembrei da minha dificuldade em amamentar e resolvi apenas dizer que não ter procurado ajuda me atrapalhou muito. Por isso quem tiver dificuldade, por menor que seja, procure ajuda, não se acanhe, existem milhares de maneiras de ser ajudada, existem bancos de leite por toda parte, existem órgãos que fazem isso. Na internet mesmo, basta um clique e um tanto de informação virá. Quando eu procurei informação já era tarde, e foi doloroso descobrir que podia ter sido diferente. Lembre-se que seu leite é o melhor alimento para seu bebê, é todinho sob medida pra ele. Além de alimentar e nutrir fortalece o elo amoroso entre vocês dois.
Se for possí­vel já que eu estou de mudança, ainda escrevo mais, pois a semana toda é de incentivo í  amamentação. Mas não queria deixar passar em branco essa data e a blogagem coletiva, pois esse assunto é muito importante, para as mães, bebês e para o planeta em geral. Amamentar é ecológico, o planeta agradece.
Lá no Sí­ndrome de Estocolmo tem uma relação de blogs que estão participando da blogagem coletiva. Dêem uma olhada.

A Ira Feminina

A Ira Feminina

Sandra Moreira Ebisawa

Sinto-me dentro de um caldeirão, sendo cozinhada através dos tempos, com ingredientes do pecado original – a culpa da decadência humana é minha, a força poderosa que amedronta, a que destrói ou fortalece, sou eu. A responsabilidade de resignificar essa história, descobrindo sua essência bem dentro de mim, é minha também.

Sou Mulher. Perceber a “crueldade feminina” diante do sofrimento imposto í  mulher através da história de nossa gênese enquanto seres humanos, é tarefa hercúlea. Requer ponderação, enquanto busco dentro de mim, os primórdios do meu próprio sofrimento, para entender e dar í  luz a verdadeira redenção feminina, que eu tanto necessito para simplesmente ser. Acredito ser esse o grande sofrimento da alma feminina.

Tantas mulheres morreram pela culpa, pelo veredicto que se impôs a elas pela história. Mártires e sacrificadas somos nós até hoje…A história sempre contradisse o verdadeiro anseio feminino. O anseio de libertação. Para mim este tem sido um exercí­cio de auto conhecimento, de redenção, um verdadeiro purgatório. Sentar-me aqui e escrever sobre a crueldade, não é confortável. Mas me parece fundamental que esse estado seja trazido í  minha consciência, a fim de que eu possa utilizá-lo. É como uma cozinheira que não poderá alquimizar os alimentos sem saber como lidar com o fogo.

O que sinto agora é como um parto. Algo dentro de mim está se desenvolvendo, um tipo de consciência que antes não estava aqui. Esse incômodo permanente que até agora não tinha um nome, já está em mim há muito tempo. Tantos erros já foram cometidos por causa disso, ciclos internos atropelados, gritos estridentes e mudos ecoam ainda dentro de mim. Meus homens e meus filhos já sofreram muito com esse desvario. E ainda assim, sou eu a responsável. Preciso parir, dar í  luz, emergir e libertar a Lilith amaldiçoada de dentro de minhas células.

A primeira crueldade que a culpa gera é a submissão de minha força natural í s leis de dominação da terra, de aperfeiçoamento da natureza (como se isso fosse possí­vel). Fui eu quem neguei í  Adão a doce ilusão de sua supremacia, fui eu quem nos igualou e fui banida, me transformando num demônio. Fui a culpada pela expulsão do paraí­so.
Como posso ser í­ntegra e feliz com toda essa carga sobre meus ombros? Ainda não descobri, mas vou. Esse banimento em mim me remete a Lilith, ela está aqui entre nós, dentro de nós e precisa ser rendida. Precisamos dessa redenção. Estamos banidas de nossa Terra, de nosso lugar no mundo. Fomos condenadas e até hoje, mesmo com todas as conquistas, continuamos excluí­das, amaldiçoadas.

í€s vezes me dá a impressão de que toda essa “conquista feminina” foi orquestrada pelas forças “poderosas” que determinaram o próprio banimento da mulher. Posso até estar sofrendo de paranóia, o que seria mais do que compreensí­vel, mas o que percebo no processo de emancipação da mulher, é uma aliança entre a mulher e o homem para fortalecer o império contra a alma feminina.

Que me perdoem os entendidos, mas creio que posso devanear, já que todas as informações oficiais são duvidosas. Me causa estranheza que o feminismo tenha surgido ao mesmo tempo em que a industria farmacêutica lança seu mais poderoso produto no mercado: a pí­lula anticoncepcional. As mulheres passaram a contar com o apoio da ciência para não conceber. Não precisam mais estar atentas aos seus ciclos naturais se quiserem evitar filhos, seus homens estão eternamente desobrigados da responsabilidade com a fertilização, já que passaram a prescindir até dos preservativos, não precisam mais conhecer os perí­odos férteis da mulher.

Um verdadeiro incentivo a negligencia masculina ao que é essencialmente feminino, e isso com o apoio do movimento de libertação da Mulher. Que desatino! Esse foi o maior crime contra a alma feminina. Quantas conseqí¼ências desastrosas não surgiram dessa “conquista”? Ao utilizar a pí­lula e levantar a bandeira da liberdade sexual, gerações inteiras de mulheres passaram a enviar mensagens a seus cérebros de que não havia necessidade de produzirem determinado hormônio, para 40/50 anos depois, na menopausa, precisaram repor os mesmos hormônios artificialmente. Quanto lucro para essas indústrias! Um planejamento digno de admiração, não fosse essa a principal arma contra a mulher, representante mais significativa da alma feminina na humanidade. Nesse momento da história, nós agimos exatamente como Lilith, nos privando da força natural feminina e utilizando essa mesma força contra nós mesmas.

Hoje nos vemos distanciadas de nossos ciclos naturais, nos perdemos quando as sensações da energia feminina emergem em nosso corpo. Nos perturbamos com a menstruação, com a menopausa, com nossa capacidade de sentir orgasmos. Não sabemos mais parir ou amamentar sem o apoio da ciência, que passou a ser um selo de qualidade em tudo que nós fazemos e sentimos. Ciência í  serviço da industria, que está a serviço do capitalismo, que está a serviço da conquista da terra, do território, da alma feminina.
A ira feminina voltou-se contra nossos próprios corpos, desejávamos o sentimento de pertencer e para isso nos aliamos ao patriarcado, reproduzindo seu modelo…seu modus vivendi.

Em nossos corações sabemos que a ira feminina está presente em nossos atos e pensamentos. Sempre que nos sentimos culpadas por não conseguir estar com nossos filhos, por não conseguir entregar um trabalho no prazo ou mesmo por não corresponder aos desejos “sexuais localizados” de nosso parceiro, estamos experimentando a ira feminina atuando em nós. Ela se manifesta através de nossas frustrações pessoais, profissionais e sociais.

Ela se manifesta nos cânceres de mamas, de ovários, de útero. A ira feminina se expressa também através dos maremotos, terremotos e dilúvios, numa tentativa desesperada de salvar a Terra. Tantas são suas manifestações e tão grande o seu poder. Procurando uma explicação que me satisfizesse para o fato da mulher atual estar enfartando tanto quanto os homens, encontrei o seguinte ao pesquisar a palavra enfarte:Infarto: área de necrose conseqí¼ente í  baixa de teor de oxigênio; enfarte. Enfarte: ato ou efeito de enfartar, fartação; empanzinamento. Isso me sugeriu a asfixia que a alma feminina experimenta atualmente. Com seu corpo pedindo socorro! Precisando ardentemente ser regida por sua própria natureza! Uma analogia í  Mãe Terra e suas terrí­veis manifestações em resposta í  negligência de seus ciclos, suas necessidades.

Um dia desses uma criança me perguntou como o homem pode ser sido a primeira criatura se não existia a mãe dele. Como ele poderia ter nascido? Foi aí­ que, tentando lhe responder, me lembrei de uma conversa que tive com uma amiga, chegamos í  conclusão que o homem foi feito do pó, ou seja, do barro, da terra, sí­mbolo do feminino, onde Deus (céu, masculino) soprou e criou a existência humana. Do alto de seus 9 anos, ela fez uma carinha iluminada e disse: Agora sim, eu entendi mais ou menos. Pois acho que eu também estou começando a entender mais ou menos.

Mas de uma coisa eu já começo a entender com mais clareza: é vital que nossa essência seja resgatada e que a partilha entre as mulheres seja estimulada, se quisermos ter uma representação autêntica da Alma feminina em nosso mundo. Só assim nossos filhos não serão mais “roubados” pela sociedade para se tornarem os prisioneiros, guardiões do portal invisí­vel que nos separa de nós mesmas e nos mantém banidas.