A Ciranda Das Mulheres Sábias


Eu reli esse livro esse mês, por conta do espí­rito do mês, que era de f roda de mulheres, de cí­rculo de mulheres, de bruxas, de comadres. Adoro esse livro, fininho pequeno, cheio de poesia e de esperança.

CIRANDA DAS MULHERES SABIAS, A
Formato: Livro
Autor: ESTES, CLARISSA PINKOLA
Editora: ROCCO
Assunto: PSICOLOGIA
ISBN: 8532521509
ISBN-13: 9788532521507
Idioma: português
Encadernação: Brochura
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2007
Número de páginas: 122

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Em ‘A ciranda das mulheres sábias’, a psicanalista e poetisa Clarissa Pinkola Estés reverencia a maturidade feminina e faz uma comovente e profunda homenagem í quelas mulheres que souberam acumular sabedoria ao longo de suas existências. O livro tem uma linguagem metafórica, que se assemelha í s antigas histórias contadas de mães para filhas, e chega í s livrarias na última semana de maio. Clarissa Pinkola Estés parte de um doce convite í  leitora para que se acomode ao seu lado e deguste com ela a bebida que foi reservada para ‘uma situação especial’, a fim de que possam conversar sobre ‘assuntos que importam de verdade’ a duas mulheres, com a garantia de que ‘aqui sua alma está em segurança’. Seduzida por uma linguagem terna, emocionante e poderosa, a autora apresenta os encantos deste ‘arquétipo misterioso e irresistí­vel da mulher sábia, do qual a avó é uma representação simbólica’ e que ‘não chega de repente, perfeitamente formado e se amolda como uma capa sobre os ombros de uma mulher de determinada idade’. O aspecto mais sedutor do livro reside, justamente, na representação simbólica contida nas avós. Das matriarcas da mitologia í s avós dos contos de fadas, passando por aquelas anônimas de suas vivências profissionais, a autora chega í s avós de suas tradições familiares, descrevendo de forma magní­fica a chegada í  América das ancestrais que passaram a fazer parte de sua vida familiar, aquelas ‘quatro velhas refugiadas que saltaram de enormes trens pretos para o nevoeiro noturno na plataforma onde nós as aguardávamos com grande expectativa’. Ao final, as nove preces de gratidão – por todas as idosas do mundo, pelas mulheres mais velhas matreiras, pelas avós nas cozinhas, pelas tias perspicazes, pelas filhas que estão aprendendo, por todas as filhas e velhas – representam um perfeito arremate ao prazer da leitura destas páginas plenas de luz, melodia, emoção e encantamento.

faça o teste

Você é feminista?
Eu vi essa teste na Cynthia Semí­ramis e tenho que deixar aqui. Pra você testar se você é feminista. A Cynthia escreveu isto e eu assino embaixo. O blog dela vale demais a leitura viu?
1. Você concorda que uma mulher deve receber o mesmo valor que um homem para realizar o mesmo trabalho?
2. Você concorda que mulheres devem ter direito a votarem e serem votadas?
3. Você concorda que mulheres devem ser as únicas responsáveis pela escolha da profissão, e que essa decisão não pode ser imposta pelo Estado, pela escola nem pela famí­lia?
4. Você concorda que mulheres devem receber a mesma educação escolar que os homens?
5. Você concorda que pesquisas médicas devem ser feitas levando em consideração as diferenças biológicas (e principalmente hormonais) entre homens e mulheres?
6. você concorda que mulheres devem ter autonomia para gerir seu dinheiro e seus bens?
7. Você concorda que mulheres devem poder escolher se, e quando, terão filhos?
8. Você concorda que uma mulher não pode ser punida por se recusar a fazer sexo ou a obedecer ao pai ou marido?
9. Você concorda que atividades domésticas são de responsabilidade dos moradores da casa, sejam eles homens ou mulheres?
10. Você concorda que cuidar das crianças seja uma obrigação de ambos os pais?

Cada resposta sim significa assumir um ponto de vista feminista. Bem-vind@ í  turma! ;)

Interpretação da lei não terá distinção de Gênero

Eu fico pensando que eu realmente devo ter sido abduzida e não lembro, porque se isso é notí­cia e precisa ser decidido, é porque eu tô no planeta errado mesmo.

Interpretação da lei não terá distinção de Gênero

 

As mulheres brasileiras não poderão mais ser privadas de direitos legais por causa de má interpretação das leis que garantem direitos a todos os trabalhadores – expressão utilizada no gênero masculino, mas que engloba ambos os gêneros.

 

 

O reconhecimento dos direitos femininos está previsto no Projeto de Lei do Senado 62/06 – Complementar, da senadora Roseana Sarney (PMDB/MA), que recebeu nesta quarta-feira (27) parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça do Senado (CCJ).

 

 

O projeto determina que, na redação de textos legais, “qualquer referência será entendida como abrangendo ambos os gêneros, indistintamente, salvo quando houver disposição expressa em contrário”.

 

 

Trabalhadoras

 

Segundo a autora da proposta, o projeto tem o objetivo de evitar o desrespeito a certos direitos das trabalhadoras, sob o argumento de que tais direitos apenas beneficiam trabalhadores homens, não obstante a vedação constitucional a tal discriminação.

 

 

Com o objetivo de corrigir a distorção, a matéria altera a Lei Complementar 95, de 1998, que dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, com o objetivo de garantir a aplicação das normas legais contra a discriminação de gênero.

 

 

Má interpretação

 

Em seu relatório favorável ao projeto, a senadora Serys Slhessarenko (PT/MT) lembrou que é comum que as trabalhadoras mulheres sejam prejudicadas pela má interpretação da lei, que somente refere-se a homens, embora queira abranger ambos os sexos.

 

 

“Essa é mais uma conquista importante para as mulheres. Mais um motivo para se comemorar o Dia Internacional da Mulher” afirmou a relatora. A matéria passará ainda no plenário da Casa.

Fonte: Diap com Agência Senado

La Vida Ya Es Un Castigo

TíTULO:La Vida Ya Es Un Castigo ¡Y Encima Hacemos Dieta!
ISBN: 8466612785
Número de páginas: 204
Autor: Gray, Serena;
Editorial: Vergara

¿QUÉ PROBLEMA TENEMOS LAS MUJERES CON EL CUERPO? ¿Las caderas? ¿Los muslos? ¿El tamaño de nuestro trasero? Y tú, ¿alguna vez has estado a régimen? ¿Sólo una? ¿Cuánto hace que estás a dieta? ¿Una semana? ¿Un mes? ¿Más de cinco años? Si no estás a régimen en este momento, ¿cuándo vas a empezarlo? ¿El lunes? ¿Cuando termines ese pastelito de crema? Seamos realistas. La mayorí­a de las mujeres vivimos gran parte del tiempo preocupadas por el peso. Rara es la mujer que jamás se ha puesto a régimen o que no está a punto de comenzar una dieta, y más rara aún es la que puede afirmar con una sonrisa que su cuerpo le parece perfecto tal como está. Si te cuentas entre los millones de mujeres que suspiran por estar más delgadas y sueñan con lograr que la pizza no se les instale directamente en las nalgas, o con que alguien invente un pastel de chocolate de cero calorí­as que además sepa a chocolate, entonces éste es el libro que estabas esperando. Con su humor fresco e irónico, y su estilo ingenioso e inteligente, Serena Gray describe los secretos, artimañas, esperanzas, situaciones jocosas, éxitos efí­meros y fracasos recurrentes que jalonan nuestra conflictiva relación con nuestro cuerpo. Porque, convengamos… LA VIDA YA ES UN CASTIGO… ¡Y ENCIMA HACEMOS DIETA!

O Intolerável Peso Da Feiúra

O INTOLERíVEL PESO DA FEIíšRA

JOANA DE VILHENA NOVAES

ISBN: 8576171090
Editora: EDITORA GARAMOND
Número de páginas: 272
Encadernação: Brochura
Edição: 2007

“Beleza é artigo de primeira necessidade”: este é o lema que perpassa os depoimentos das mulheres entrevistadas por Joana Vilhena ao longo dos dez anos de sua pesquisa de campo. Nas academias de malhação, nas antes-salas das clí­nicas de cirurgia plástica, ou nos grupos de pacientes a espera de gastroplastia redutora, há o consenso: “só é feia quem quer”. E quem não quiser se enquadrar nos atuais cânones de beleza sofrerá o merecido castigo da rejeição e da exclusão. Pois beleza e feiúra nada têm de “natural”. São vivenciadas em termos morais, e lembra a autora que a feiúra era vista, pelos antigos gregos, como reveladora de defeitos de caráter. Na sociedade ocidental contemporânea, que se define pela busca narcisista do gozo imediato e pelo abandono dos valores religiosos, culpa e pecado emigram para o terreno da modelagem do corpo.

Monique Augras. Veja


No decorrer da história das artes houve uma ruptura no conceito de um padrão único de estética. Vários artistas sofreram por essa mudança, que significou um redesenho de todas as possibilidades de entendimento sobre a forma. Nas artes a tirania da figura-fundo e do desenho em perspectiva linear foi enfrentada, não sem preço, que o diga Van Gogh, permitindo para o mundo culto e erudito uma estética das possibilidades e da tendência ao infinito pela multidiversidade.
No entanto, nosso corpo, e em especial o corpo feminino, não experimentou essa ruptura estética. O texto de Joana Vilhena de Novaes nos fala desta tirania estética. Se numa viagem no tempo descobrimos que esta imposição estética sobre o corpo ocorreu em várias épocas, de diferentes maneiras, ela agravou-se no tempo de hoje.
Joana nos oferece uma dimensão trágica desta tirania sofisticada do contemporâneo. Porque temos a possibilidade de modificarmos o nosso corpo com o desenvolvimento de uma infinidade de tecnologias, que vão desde as tecnologias de educação fí­sica í s cirurgias de correção, a manutenção de um corpo nãp adequado passou a ser considerada socialmente como um desvio de caráter e um ato de vontade.
A tirania estética atual transformou o corpo inadequado de outrora, que podia ser considerado no locus simbólico do sujeito vitimizado, para um outro lugar, onde o sujeito passou a ser responsabilizado por não estar com seu corpo adequado.
A gravidade aumenta quando sabemos que no universo simbólico o padrão é etéreo e difí­cil de ser objetivado e mensurado. A perfeição idealizada encontra na realidade sempre alguma imperfeição que, segundo a autora, obrigarão o sujeito í  submissão de uma bateria de esforços absolutamente insanos e cruéis, em busca de um modelo inalcançável.
Joana Vilhena de Novaes é uma crí­tica do comportamento contemporâneo e nos oferece um belo texto, permeado de uma ironia maravilhosa, que se oferece como um libelo de liberdade.

Ricardo Vieiralves de Castro
Professor da UERJ
Diretor do Museu da República


SOBRE A AUTORA

Joana de Vilhena Novaes é doutora em Psicologia Clí­nica pela PUC-Rio e coordenadora do Núcleo de Doenças da Beleza do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa e Intervenção Social (LIPIS) da Vice-Reitoria Comunitária da PUC-Rio. A autora é também consultora de várias empresas para assuntos de estética feminina e possui considerável número de artigos publicados em periódicos, revistas e jornais no Brasil e no exterior.

 

calendario hormonal

Entenda seu calendário hormonal

da Revista da Folha

Ao menos já se sabe por que “mulher é um bicho esquisito”. Enquanto os homens passam a maior parte da vida produzindo testosterona regularmente, a mulher tem variações na produção de estrogênio e progesterona. Essa oscilação hormonal divide o ciclo menstrual em fases bem definidas marcadas por instabilidade emocional e fí­sica, o que reflete diretamente no seu comportamento e disposição. O quadro só piora se o desequilí­brio entre os dois principais hormônios femininos é muito acentuado, causando um rebuliço tão grande que caracteriza a TPM (tensão pré-menstrual). Estudos mostram que cerca de 80% das mulheres apresentam algum tipo de alteração no perí­odo pré-menstrual, e 52% delas têm mudanças drásticas no humor e no comportamento.

Nos últimos anos, alguns tratamentos têm amenizado os sintomas com o uso de antidepressivos, hormônios como a progesterona e o estradiol, além de vitaminas, minerais e aminoácidos. Os médicos, no entanto, dizem que mudanças nos hábitos alimentares, alí­vio nas tensões do dia-a- dia e inclusão de atividades fí­sicas podem resolver a maioria dos casos. O calendário menstrual abaixo mostra as principais mudanças que acontecem durante o ciclo e dá dicas para lidar com cada fase. Compare com o que você sente e entenda melhor por que há dias em que você está cheia de energia e outros em que é difí­cil até levantar da cama.

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a última bruxa

BRUXA CONDENADA NA 2ª GUERRA

Visto aqui: http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2007/05/a_ultima_bruxa.html

Após mais de 60 anos, o caso de Helen Duncan – a última mulher na Inglaterra a ser presa por bruxaria – se recusa a morrer. Enquanto seus partidários buscam um perdão póstumo, surgiram evidências de que ela pode ter sido a ví­tima de um enredo envolvendo agentes de inteligência britânica, inclusive Ian Fleming, o criador de James Bond.

Nos anos 40, Duncan, uma dona de casa e mãe de seis, viajou o paí­s participando de sessões espí­ritas para um público cansado da guerra que buscava freqí¼entemente notí­cias sobre os seus familiares. Como médium de materialização que era, ela entrava em transe e produzia ectoplasma, através do qual os espí­ritos assumiam caracterí­sticas fí­sicas para se comunicar com os vivos. Assim, Duncan construiu uma reputação como uma das maiores heroí­nas de espiritualismo.

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aniquilamento

O ANIQUILAMENTO DO FEMININO PELA MIDIA

por Irene Carmo Pimenta – irenecarmopimenta@hotmail.com

barbievelha

Apesar do grande avanço na luta travada pelas mulheres do mundo para conquistar espaços e oportunidades, há muito a ser feito para que se reverta toda uma história de opressão e desigualdade, construí­da através de séculos de desrespeito aos valores ligados ao feminino. Em relação í  violação dos direitos humanos, a violência contra a mulher é um ponto sensí­vel que precisa ser tocado para que possa sanado nas diversas esferas em que ocorre.

Seja no ní­vel coletivo ou domestico, a violência e o desrespeito aos direitos da mulher é um fato. Entretanto, uma outra forma de violência contra a mulher acontece diariamente diante dos nossos olhos. Uma violência psicológica que tem sido perpetrada pelo Grande Deus Mercado, devidamente assessorado pela mí­dia. A moderna cultura ocidental é dominada por uma filosofia narcisista, que “coisifica” o ser humano. Conseqí¼entemente pensamentos e comportamentos são influenciados por essa filosofia, gerando uma sociedade imagética que privilegia a imagem em detrimento de outros conteúdos.

Em relação í  mulher, a imagem veiculada pela mí­dia é escancaradamente “coisificada”. Os valores ligados ao feminino são subvertidos e apresentados de maneira preconceituosa e distorcida, reforçando o conceito (ou preconceito) de que o valor da mulher está ligado a sua imagem e nunca a sua inteligência ou capacidade profissional. Reduzida a peitos, bocas e bundas, a mulher é retratada apenas como um corpo que vende qualquer produto e não um sujeito real de carne e osso. Mas o absurdo não para por aí­.

Colocada a serviço de um mercado que visa apenas o lucro, a mí­dia publicitária impõe um padrão de beleza que é inalcançável para a maioria das mulheres. Um modelo de beleza pasteurizado – a mulher branca, magra, de cabelos lisos e loiros. Na tentativa de se adequarem a esse padrão, as mulheres, principalmente adolescentes, passam a subverter a própria aparência e a camuflar a sua identidade étnica. Muitas destas jovens acabam ficando tão obcecadas em atingir esse padrão de beleza que acabam negligenciando outros aspectos do seu desenvolvimento, desconsiderando inclusive suas capacidades intelectuais.

Drogas anorexisticas, regimes e dietas malucas, cirurgias estéticas, lipoaspiração, liposescultura e muito implante de silicone. Vale tudo para ficar parecida com a “top-model” famosa, a atriz da novela das oito ou com a BBB da última estação. A pressão sofrida para atingir esse ideal estético gera uma relação de conflito com o próprio corpo. Acabam surgindo em decorrência, patologias fí­sicas na forma de distúrbios alimentares (anorexia, bulimia) e transtornos psicológicos (depressão, ansiedade, fobias).

A frustração e o sentimento de inadequação acabam por dificultar as relações afetivas e sociais. Mas a parte mais perversa desse fato é que a mesma frustração gerada e alimentada pela mí­dia torna a mulher uma presa fácil de todo tipo de anuncio publicitário. De cosméticos a aparelhos de ginástica, passando por dietas e formulas emagrecedoras que prometem “milagres”, a baixa estima e a frustração feminina com sua própria imagem GERA LUCRO E MUITO LUCRO!

Para confirmar isso é só dar uma olhada na programação da televisão aberta. Salvo rarí­ssimas exceções, o que se vê é pouca ou nenhuma informação que possa ser considerada útil. Muita fofoca televisiva, muita futilidade, musica de péssima qualidade, receitas engordativas e muito, mais muito merchandising. Questões mais profundas não fazem parte da pauta dos programas destinados í s mulheres. Na mí­dia impressa a coisa não é diferente.

As revistas femininas, que mais se assemelham a catálogos publicitários, reforçam nas entrelinhas de suas paginas a imagem de uma mulher narcisista que precisa preencher o vazio da sua existência com fofocas sobre gente famosa. Contraditórias em seus conteúdos trazem na mesma edição matérias que ensinam a cozinhar “pratos maravilhosos” para conquistar o seu homem pelo estomago e dietas milagrosas que vão deixá-la magra (na verdade quase bulimica) para poder caber nas roupas que os estilistas famosos criaram para modelos de passarela e não para mulheres reais.

Para fazer frente a essa realidade somente com muita lucidez e discernimento. Não consumir produtos que utilizem a imagem da mulher de forma pejorativa pode ser um caminho. Uma forma de obrigar o mercado a rever as suas estratégias publicitárias.

Educar nossas crianças com bases que contemplem mais os valores humanos e menos o consumo também é uma atitude que se faz urgente. Mas do que homens ou mulheres somos seres humanos. E seres humanos não são coisas e nem “mercadoria” a ser consumida. Um masculino saudável e equilibrado só irá se reconhecer através de um feminino saudável e equilibrado e vice versa. Esse equilí­brio não pode ser alcançado em uma sociedade “corpocentrica” – que não incentiva o desenvolvimento integral do ser humano.

Paz e Luz nos caminhos de todos! (e muita consciência!)

Irene Carmo Pimenta

semana da amamentação

eu e TatáEsse é um post de participação da blogagem coletiva da Semana da Amamentação. Toda vez que penso neste assunto, sinto dor. Até hoje, passados quase quatro anos ainda é um assunto doloroso pra mim não ter podido amamentar como eu queria. E acho que eu errei num lado muito básico, pois depois ouvi muitas mães falarem que passaram pelo mesmo problema.

A gente se prepara para o nascimento, para o parto e tudo mas não se prepara para amamentar. Na minha cabeça amamentar era algo tão simples, bastava querer amamentar e pronto! Eu me esqueci que não fui amamentada nem meus irmãos. que minha irmã também não amamentou suas filhas e nem pensei em questionar porque.

E na minha vez, pimba!, claro que foi problemático. Eu me lembro de na época ter escrito um texto sobre os motivos que me impediram e mandei até para uma lista de discussão. Ano passado falei sobre essa dificuldade, nesse post e sobre como é importante pedir ajuda. Esse ano, resolvi transcrever um texto muito bom que li sobre a ambivalência que pode estar contida na amamentação, sobre o quanto isso é normal e como as mães passam por isso todos os dias nesse processo. Espero que ajude.

O livro do qual tirei esse texto é todo muito bom, vale a pena ler, é um livro com uma linguagem simples, direta, e desmistifica muita coisa na amamentação. Recomendo muito pra quem se interesse. E obviamente, o blog da Denise, o ótimo Sindrome de Estocolmo é uma referência no assunto. Lá você vai encontrar muita informação, muitos links, referências, e uma visão muito interessante sobre a amamentação. A autora do blog é uma especialista em amamentação, além de uma pessoa muito interessante e uma expert nesse assunto. Vale a visita.

Abaixo segue o texto.

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Ambivalência

Adolfo Paulo Bicalho Lana

TAR444002O fenômeno básico da amamentação é a ambivalência, isto é, conflitos, sentimentos opostos em relação í  amamentação, o querer e o não querer amamentar. Os conflitos surgem em situações em que duas ou mais necessidades incompatí­veis concorrem e fazem com que a mãe se sinta puxada simultaneamente para dire-ções diferentes. Ela reconhece as vantagens da amamentação, e por isto quer amamentar. Mas isto exige dela obrigações, compromissos e mudanças profundas no seu modo de viver, e por isto reluta. A ambivalência aparece, pois há grandes perspectivas de mudanças, o que certamente vai envolver perdas e ganhos.

A amamentação tem momentos agradáveis e desagradáveis. O contato estreito com o bebé pode ser muito bom para o bebé e também para a mãe. Mas para a mãe a amamentação não é só prazer. Envolve cansaço, tolhe a liberdade e dificulta o lazer e a profissão. Por isto, ela oscila entre o sim e o não.

O sentimento é ambivalente não só quanto í  amamentação mas também em relação ao bebé de um modo geral. Afeto e hostilidade alternam-se frequentemente, aumentando o sofrimento da mãe, que só aceita ter sentimentos positivos em relação ao bebé. Em relação í s visitas, também é ambivalente, pois gosta das homenagens recebidas, mas ao mesmo tempo quer estar longe do tumulto causado por elas.
Há conflito ainda por querer se ocupar unicamente da criança, que necessita de cuidados e atenção a todo o momento, e por desejar também cuidar um pouco de si mesma, do seu marido, dos outros filhos, da sua profissão.

A mãe aceita relativamente bem as modificações de seu corpo na gravidez, mas após o parto tem uma pressa enorme de se livrar daquela cintura volumosa, do quadril largo, do abdome protruso, da barriga flácida. As mudanças da imagem corporal durante a gravidez podem evocar sentimentos negativos, os quais são muito intensificados no pós-parto, passando a mãe a querer livrar-se imediatamente deste corpo e retornar ao anterior í  gravidez. Apesar de saber que se estiver amamentando a criança “devorará” seu excesso de peso e que mesmo sem diminuir a quantidade habitual de alimentos emagrecerá, ela entra em conflito, pois está acostumada a associar a ideia de emagrecer a comer pouco e sabe que durante a amamentação não deverá fazer dieta.

A mama é vista mais como um órgão sexual do que como um órgão destinado í  amamentação. A mãe tem dificuldade de associar estas duas funções, instalando-se a ambivalência. Há conflito também em relação ao tamanho da mama: permanecerá grande se amamentar; se não amamentar, retornará ao tamanho anterior.

A mãe, que no final da gravidez limitava suas saí­das, agora quer se sentir solta, livre. E a amamentação é um compromisso que a prende. Sabe da importância da amamentação, mas precisa respirar outros ares, sair, passear. Pode até saber que a situação é temporária, que lá pelo segundo mês de vida as mamadas costumam ter um intervalo de até três horas ou mais, que pode ordenhar seu leite antecipadamente, que este leite pode ser dado ao bebé na sua ausência e que poderá ficar fora durante muitas horas, mas é tomada de uma urgência em solucionar este impedimento. O conflito é permanente. A mãe oscila também entre uma alegria imensa por ter tido um filho que quer acima de tudo e um sentimento de medo de ser superexigida por ele ou um sentimento de raiva por estar sendo superexigida. Oscila entre sentimentos de intensa saudade do bebe quando se ausenta dele por algum tempo e de impaciência e irritação por causa das demandas constantes dele.

A ambivalência, í s vezes, mostra-se pela falta de preparação da mãe para com os cuidados que a criança necessita, inclusive no que diz respeito í  amamentação, como expressão de uma rejeição inconsciente.

Se o leite acaba ou há qualquer impedimento para a amamentação, a mãe pode reagir com um misto de frustração e alí­vio, o que é tí­pico da ambivalência.

Esses sentimentos conflitantes geram ansiedade e culpa, e isto pode dificultar o bom andamento da amamentação. Se a mãe sentir-se bem consigo mesma, haverá harmonia e tranquilidade na relação mãe-filho. Daí­ ser imprescindí­vel informar í  mãe que ela poderá ser tomada por estes sentimentos e que é natural que eles existam, e que são compartilhados, em maior ou menor grau, por todas as mães.
É totalmente compreensí­vel que a mãe sinta um nó na garganta, uma saudade da vida de antes em que não havia um bebé chorando durante a noite ou querendo mamar a todo instante, precisando de tantos cuidados que ela não sabe se é capaz de patrocinar.

 

Extraí­do de: “O Livro de Estí­mulo í  Amamentação” de Adolfo Paulo Bicalho Lana, Editora Atheneu