É mês de maio, a vida tem seu esplendor

Recheios de Maio

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Maio já está no final
O que somos nós afinal se já não nos vemos mais
Estamos longe demais longe demais
Maio já está no final
É hora de se mover prá viver mil vezes mais
Esqueça os meses esqueça os seus finais esqueça os finais
Eu preciso de alguém sem o qual eu passe mal sem o qual
eu não seja ninguém eu preciso de alguém
Kid Abelha

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Maio foi um mês surreal, surreal. Começou em abril e acho que está terminando só hoje. Vou postar hoje, 2 de junho, mas com data de 31 de maio, só pra fins de organização, porque a verdade é que ainda é maio. Hoje é maio.

Tanta alegria, tantos preparativos, minha vida em suspensão, tanta coisa boa. E uma coisa péssima no final. Isso é a vida. Isso É Vida.

E maio começou em abril. Depois de uma conversa com uma amiga, quando eu pensei em fazer um encontro de bruxas, aproveitar e celebrar meu aniversário. E aí­ um grupo de amigas queridas resolveu comparecer. E vieram. 13 amigas, num bate e volta só pra me dar um abraço e celebrar meu aniversário. De 4 estados diferentes do paí­s. Mas meu Deus, quanta felicidade! Dizem que a gente alcança um ponto auge da vida e nem percebe. Acho que eu tive a fortuna de perceber esse ponto. ¡Gracias, muchissimas gracias!

Não tenho mesmo, não tive antes e continuo sem ter agora como expressar o que essas meninas significam pra mim. São mais que amigas, acho que nós já passamos dessa esfera. Somos Co-Madres* mesmo. Nos conhecemos num grupo de mães. E aprendemos a ser um pouco mães umas das outras também.

E esse aniversário acabou sendo uma oportunidade dessa moçada toda, que conversa o dia inteiro, todo dia, há tantos anos, de se encontrar, ao vivo, quase todas juntas no mesmo lugar numa tarde que eu achei inesquecí­vel.  Nós já nos encontramos várias vezes, em lugares e circunstâncias diferentes, mas nunca em número tão grande, quase todas nós juntas. E daqui de BH estavam os amigos que eu amo também. Com poucas ausências, justificadas. Os Amigos, na verdade. Ou seja, tudo perfeito.

E quem eu amo mesmo estava lá, comigo, celebrando a nova década que entrou mesmo, com força toda.  Agora eu sou uma quarentona de verdade. Mesmo que o aniversário tenha sido de 41.

E cheia de planos, mas deixa esses pra junho.  Agora no final de maio perdi um colega de trabalho, trabalhando, em consequência também do risco que a gente corre nesse ofí­cio ingrato. Foi muito triste, porque ele ficou desaparecido cinco dias, e foi morto de maneira violenta e muito triste. As duas últimas semanas de maio foram adrenalina pura. Mas. C’est la vie.

Por isso maio foi de pouco filme, pouca leitura, pouca cozinha porque eu fiquei envolvida demais nisso tudo. E nossa, que recheio em maio, que maio, que maio!

Alegrias

  • Confraria
  • O Mês quase todo de preparação pro Grande Encontro.
  • O Grande Encontro
  • Aniversário do meu amor
  • Meu Aniversário

Filmes
Livros

  • O Espetáculo Mais Triste da Terra
  • A Ciranda das Mulheres Sábias
  • Norwegian Wood (lendo ainda)

Comidas

  • Bolo
  • Latke
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♫ Mês de Maio, Almir Sater
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 COMADRE — Em espanhol, esse termo significa
 algo semelhante a "eu sou sua mãe e ao mesmo
 tempo você é minha mãe". E uma palavra usada
 para descrever a relação í­ntima entre mulheres
 que cuidam uma da outra, que dão ouvidos e
 ensinam uma í  outra, de uma forma na qual a
 alma está sempre incluí­da; í s vezes ela é o
 assunto da conversa, e í s vezes é com ela
 diretamente que se fala.
Esse grupo começou como Mais Que Comadres.
Mas estava destinado a Comadres mesmo.

Nascimento do Gael parte I

Hoje meu bebê faz um mês. Nem preciso dizer como passou rápido. Mesmo com tanta peleja com amamentação, passou rápido demais.

Eu preciso escrever o relato, a história da gravidez, que foi super cheia de altos e baixos. Preciso contar como começou a história do meu caçula, pra registrar para mim e para ele. Com o Tatá eu não fiz e hoje muitos detalhes, muita coisa me escapa, eu preciso ficar reconstruindo. E agora quero fazer, porque acho que ele vai gostar de saber que teve um nascimento tão bonito e diferente. E porque o parto dele foi a experiência mais louca que eu tive na minha vida. Assim como a amamentação está sendo a coisa mais difí­cil que eu já fiz.

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Vou contando, aos poucos, depois reúno tudo como numa colcha de retalhos.

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Segue um pouquinho da história e aproveito o pretexto e o preâmbulo (hohoho) para agradecer a algumas amigas queridí­ssimas que tão importantes foram pra mim nesse perí­odo.

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Eu nunca quis ser mãe. Até conhecer marido e casar. Ai veio a vontade, o relógio biológico tocou e tal. Depois de um ano e pouco de casados resolvemos ter um filho. E engravidar foi fácil, mais fácil o que eu pensava. Com isso comecei a ver um mundo novo todinho na minha frente. Eu descobri o mundo da gravidez, parto e afins. E descobri o quanto gostava do assunto. Que tem tudo a ver com outro tema que me apaixona, o feminino. E também com o fato de que eu sou neta, bisneta e tataraneta de parteiras, dos dois lado.

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Quando o Tatá, meu primeiro filho nasceu eu descobri as listas de parto, de maternidade e eu continuei amando esse assunto e sai da maternidade já querendo outro filho. Eu que nunca tive muita afinidade com criança, nunca fui do tipo que brinca e faz cuti cuti com crianças, que não sacava nada do universo infantil… Nunca imaginei que pudesse amar tanto ter filhos, que ganhar um filho é ganhar mais um amor. E amor é o que faz a vida valer í  pena…

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E com o nascimento do Tatá eu me sentia bem de ter conseguido dar um nascimento legal pra ele, mesmo tendo tido uma gravidez de alto risco, com pré eclampsia, diabetes gestacional e etc… tanto problema. Por vários motivos, fomos adiando a segunda gravidez, até 2008, qunado sentimos estarmos prontos pra outra empreitada. Até começamos a tentar, mas aí­ paramos porque eu voltei a fumar.

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Mas logo no começo de 2009 deu o clique e do dia 13 para 14 de fevereiro de 2009 eu engravidei. Esse dia tem um simbolismo muito bonito. Apesar de contestado, é considerado por alguns a porta de abertura da era de aquário. É o dia em que aconteceu de fato as configurações astrais que o filme Hair fala (When the moon is in the Seventh House And Jupiter aligns with Mars Then peace will guide the planets And love will steer the stars.)

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E coincidentemente é aniversário de uma bisavó que eu tive, uma parteira e benzedeira de mão cheia, conhecida em toda cidade que viveu, e cuja morte paralisou essa cidade e rendeu homenagens lindí­ssimas. E cuja reencarnação veio sendo alardeada para alguns membros da minha famí­lia…

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Mas eu não sabia que estava grávida ainda.

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O que acontece é que por causa da maternidade eu acabei conhecendo umas meninas muito porretas, umas meninas que hoje são minhas amigas de alma e coração. Conheci essas meninas através do livro de visitas do blog mothern. E mesmo depois do declí­nio da convivência através do livro de visitas, nós continuamos a conviver diariamente.

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E um dia, numa das muitas conversas diárias que temos, eu comentei que estava atrasada e que tinha feito o teste de farmácia e que tinha aparecido uma linha fraquinha demais, quase imperceptí­vel. E foi um auê, elas me falando enfaticamente que eu tava grávida sim, que fosse fazer o exame de sangue pra confirmar, me dando os parabéns e coisa e tal.

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E eu tinha almoçado uns dias antes com uma delas, a Isa e ela percebeu que eu tava grávida, bem antes de mim. E todas elas souberam que eu tava grávida, bem antes de mim mesma. E festejaram, vibraram e me apoiaram muito…E elas acompanharam dia a dia, mesmo, essa gravidez que foi uma verdadeira montanha russa. Cada exame, cada notí­cia elas compartilhavam e me apoiavam.

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Então esse relato será um agradecimento por todo apoio, todo acompanhamento, toda paciência e ouvidos que essas meninas tiveram durante esses nove meses tão emocionantes. Obrigada í  Ana, Alessandra,

Bibi,Denise RJ, DeSP, Dinha, Greice, Isa, , Márcia PoA, Marcinha, , Lê, por todo apoio nesses nove meses, pelas palavras diárias de carinho, por toda torcida que sei que tiveram por mim, e por ajudarem na tranqí¼ilidade que me proporcionou manter uma gravidez saudável.

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Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espí­rito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agí¼entem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsí­veis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
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Oscar Wilde

my way

Eu pari na raça.  Em casa, sem intervenção nenhuma.  E dá licença, eu tenho orgulho disso!

Trilha sonora do parto do Gael:

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My way

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And now, the end is near,
And so I face the final curtain.
My friends, I’ll say it clear;
I’ll state my case of which I’m certain.

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I’ve lived a life that’s full –
I’ve travelled each and every highway.
And more, much more than this,
I did it my way.

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Regrets? I’ve had a few,
But then again, too few to mention.
I did what I had to do
And saw it through without exemption.

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I planned each charted course –
Each careful step along the byway,
And more, much more than this,
I did it my way.

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Yes, there were times, I’m sure you knew,
When I bit off more than I could chew,
But through it all, when there was doubt,
I ate it up and spit it out.
I faced it all and I stood tall
And did it my way.

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I’ve loved, I’ve laughed and cried,
I’ve had my fill – my share of losing.
But now, as tears subside,
I find it all so amusing.

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To think I did all that,
And may I say, not in a shy way –
Oh no. Oh no, not me.
I did it my way.

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For what is a man? What has he got?
If not himself – Then he has naught.
To say the things he truly feels
And not the words of one who kneels.
The record shows I took the blows
And did it my way.

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Yes, it was my way.

pode vir

Quem quiser nascer tem que destruir um mundo.

Herman Hesse

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Meu filhote querido,

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tivemos alguns percalços até aqui né? Mas eu queria muito que você soubesse o quanto foi desejado, amado e esperado. O quanto, apesar de todas as dores, obstáculos, sustos e surpresas, foi e é um enorme prazer carregar você aqui. Que o que possa vir daqui em diante é pequeno diante de tudo que ainda temos pra escrever. Como você me fez e me faz sentir maravilhosa, plena, poderosa. Como você trouxe algo pra o meu ser que antes de você não existia. E que passou a ser parte (melhor) de mim porque você veio habitar aqui.

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Eu queria que você soubesse que esse é um mundo bom. Que a vida é boa. Que a vida pode ser espetacular mesmo que bem prosaica. Que existe a dor, que existem tropeços e suor, mas que o balanço geral é muito bom. Que se eu e seu pai não amássemos desesperadamente a vida, que nos não trarí­amos a você e ao seu irmão para cá. E que se trouxemos é porque vemos a maravilha, a beleza e a unicidade de estarmos vivos, aqui, neste momento.

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Que com toda dor a vida é deliciosa. E que eu desejo pra você somente que você possa realmente saber em todo seu ser e em todo seu caminho, que a vida vale, em toda sua curta duração.

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Pode vir, meu bem, vem, porque aqui do lado de fora pode ser muito bom também. Aqui tem surpresas que você (nem eu) nunca imaginamos. Tem tanta coisa diferente, tanta maravilha que eu levaria a vida mesmo toda, e mesmo assim nunca poderia descrever.

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Te aguardo, com alegria.

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40 semanas amanhã.

a las cinco de la tarde

Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.

El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y ní­quel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones de bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
¡Y el toro solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en Punto de la tarde.

Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oí­do
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugí­a por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agoní­a
a las cinco de la tarde.
A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentí­o rompí­a las ventanas
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
¡Ay, qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

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Garcí­a Lorca

Pido permiso para nacer

Pablo Neruda

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Hoy volveré a nacer: pido permiso.
Permiso útero, permiso cordón prieto.
Permiso agua, placenta, oscuridades.

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No podrá retenerme la tibieza
plácida y calma del vientre cobijante.
No podrán disuadirme las presiones
de este túnel de carne que hoy me puja.
Con decisión inequí­voca y sagrada
determino nacer: me doy permiso.
Y aquí­ estoy, desnudo de corazas,
dispuesto a recibir besos y abrazos
(no la palmada que provoque el grito:
ya no permitiré que me golpeen.)
Parteros de quien vengo renaciendo,
miren quién soy: soy digno. Los recibo.
Miren quién soy: adultamente niño.
Miren quién soy: vengo a ofrecer mi entrega.
Miren quién soy: apenas si respiro,
pero, de pie, me yergo y me estremezco,
dándome a luz en mi realumbramiento.
Tengo coraje para empezar de nuevo:
fortalecido en mis fragilidades
lloro de dicha, de dolor… Lloro de parto.
Lloro disculpas a quienes no me amaron,
por el maltrato, el frí­o, el abandono:
lloro la herida de todo lo llorable.
Y lloro de ternura y de alegrí­a
por tanto recibido y encontrado:
lloro las gracias por el amor nutricio,
por la bondad de los que me ampararon.
Lloro de luz, y lloro de belleza
Por poder llorar: lloro gozoso.

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Bienvenida es vuestra bienvenida.
Sin más queja, dolido y reparado
por la caricia de este útero abrazante,
aquí­ estoy: recí­banme. Soy digno.
Me perdono y perdono a quien me hiriera.
Vengo a darles y a darme í­ntimamente
una nueva ocasión de parimiento
a la vida que siempre mereciera.
Me la ofrezco y la tomo. Me redimo.

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Con permiso o sin él, YO me lo otorgo:
me doy permiso para sentirme digno,
sin más autoridad que mi Conciencia.

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PEí‡O PERMISSíƒO PARA NASCER

Hoje irei nascer de novo: peço permissão.
Permissão cordão umbilical, permissão útero.
Permissão água, placenta, obscuridades.
Não vou me deter pelo calor da barriga
plácida e calma, envolvente.
Não serei dissuadido pelas pressões
deste túnel de carne que me puxa
Com a determinação inequí­voca e sagrada
me determino nascer hoje: m e dou permissão.
E aqui estou eu, despido de armadura,
disposto a receber abraços e beijos
(sem tapa para causar o grito:
já não permitirei que me machuquem)
Parteiras e obstetras com quem venho renascer,
Olha quem eu sou: Eu sou digno. Os recebo também.
Olha quem eu sou: adultamente criança.
Olha quem eu sou: Eu venho a oferecer a minha entrega.
Olha quem eu sou: apenas sim, respiro.
Mas, em pé, eu estou de pé e eu me movo ,
me de a luz no meu renascimento.
Tenho a coragem de começar de novo:
fortalecido em minhas fragilidades.
Eu choro de alegria, lágrimas de dôr … de parto.
choro e desculpo í queles que não me amavam,
pelo maltrato, pelo frio, pelo abandono:
choro pela ferida por todos os gemidos.
E choro de ternura e de alegria
Por tanto recebido e encontrado:
choro as graças pelo amor que nutre,
pela bondade dos que me receberam e me ajudaram.
choro de luz e de beleza
por poder chorar: chorar de alegria.
Bem-vindo é o seu bem-vir.
Sem nenhuma queixa nem mágoas
pela carí­cia do útero em chamas,
aqui estou eu: recebam-me. Eu sou digno.
Me perdôo e perdôo quem me magoou.
Eu venho para eles e para mim intimamente
uma nova oportunidade para parir
a vida que você deseja e merece.
me ofereço esta vida e assumo. Eu resgato.
Com ou sem permissão, eu me concedo:
Eu dou permissão para ser digno,
nenhuma autoridade é maior do que a minha consciência.
Pablo Neruda

rumba de las madres

Agora que tá chegando a hora…

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Rumba de las madres

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Mi abuela parió a mi madre.
Mi madre me parió a mí­.
Todas paren en mi casa,
yo también quiero parir.

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Yo quiero parir tranquila,
que nadie me meta prisas,
que mi chico esté conmigo,
por si hay lágrimas o risas.

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Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.
Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.

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Si pides, yo te doy teta;
Si lloras, te cojo en brazos;
Que gusto darte un abrazo
y llevarte en bicicleta.

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Marí­a no tiene niños,
pero ella también es madre:
envuelve con su cariño
a quien se pone delante.

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Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.
Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.

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Tu quieres una mamá
y yo quiero tener hijitos;
muy pronto te iré a buscar
pa poder vivir juntitos.

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Amatxik ama erditu zuen.
Amak ni erditu zuen.
Etxeko emakumeek erditzen dute,
nik ere erditu nahi.

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Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.
Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.

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Miña avoa pariu miña nai.
Miña nai pariume a min.
Todas paren na miña casa,
eu tamben quero parir.

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L’í via va parir ma mare.
Ma mare em va parir a mi.
Totes pareixen a casa,
jo també vull parir.

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Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.
Mi mamá me mima ma, mí­mame mamá, mamá.

Amei essa Rosa Zaragoza e esse cd nacer renacer também amei…

Desfralde Precoce e Palmadas: 20 Anos Depois

Alexander Lowen é um renomado psiquiatra que trabalha com análise bioenergética, uma forma de psicoterapia que combina o trabalho da mente e do corpo.

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“Nossa inabilidade para vivenciar a resposta orgástica plena é devida í  falta de paixão durante o ato sexual. Freqí¼entemente, a paixão foi minada muito cedo na vida através de experiências dolorosas nos perí­odos de desenvolvimento denominados fase oral e edí­pica. A fase oral refere-se aos primeiros três anos de vida, quando o bebê precisa de nutrição, suporte e contato amoroso que são supridos pela sua mãe. Durante este perí­odo, seu ní­vel de energia está elevado ao grau que torna a paixão possí­vel. Estas necessidades podem ser supridas pelo ato da amamentação, uma vez que isso provê o contato mais í­ntimo, excitante e satisfatório entre a mãe e o filho.

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Uma criança não será privada de comida ou carinho se ela não é amamentada. Mas os bebês precisam sentir o corpo da mãe, para sentir a vida materna e absorver a energia dela. O contato com o corpo materno estimula a respiração do bebê e aumenta seu metabolismo.

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Outro efeito danoso no ní­vel de excitação de uma pessoa vem da inabilidade dos pais de tolerarem o alto ní­vel de energia numa criança. Eles acusam-na de serem exigente demais, ativa demais ou de querer tudo. Eles acreditam que crianças devem ser vistas e não ouvidas. Com a idade de 3 anos, muitas crianças já sofreram uma grande perda da sua vivacidade. Já vi muitas crianças que parecem apáticas, com olhos sem brilhos e voz fraca, sendo empurradas num carrinho por uma mãe ou babá indiferente.

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Um corpo livre de ordens do superego – “seja uma boa menina, obedeça seus pais e não levante a mão para eles” – é um corpo livre de tensão. É uma ordem subentendida na nossa cultura que as crianças precisam controlar seus sentimentos. A ordem pode ser dada como “não perca a cabeça e não deixe seus sentimentos controlarem você”. Algum auto-controle é positivo, mas quando o controle torna-se inconsciente, ele é mantido por tensão muscular crônica e é um processo de auto-destruição. De fato, a tensão associada com o medo de perder a cabeça é responsável por artrite nas vértebras cervicais e dor de cabeça por tensão. Uma tensão similar na base da espinha onde se junta com o osso sacro é a base da maioria das dores lombares. Esta tensão crônica, agindo concomitantemente com a tensão nos músculos, como o quadrí­ceps (na coxa), imobiliza a pelve de forma que ela seja incapaz de se mover espontaneamente.

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A pelve imóvel é forçada ou para frente ou para trás. Em seu estado normal, a pelve mexe-se de forma livre para frente e para trás, com o movimento natural do corpo e em harmonia com as ondas respiratórias. No ápice da excitação sexual, os movimentos da pelve tornam-se rápidos e poderosos. Eles não ocorrem se a pelve está imobilizada numa posição ou na outra. Na posição fixa posterior (para trás), a pelve parece estar sempre pronta para ação, denotando claramente contenção do desejo sexual. É mais comum em mulheres, já que nelas a ordem de reprimir os desejos sexuais é mais freqí¼entemente imposta. Em homens, o distúrbio mais comum é a pelve fixa anterior (para frente), que tem um significado pseudo-agressivo. Trazer a pelve para frente é um movimento sexualmente agressivo, mas uma vez que a pelve está fixa nesta posição, a aparência não condiz com a realidade. A pelve precisa ser puxada para trás para que qualquer movimento para frente torne-se possí­vel. Quando a pelve é mantida para frente, as costas estão curvas e em colapso e parece a atitude de um cão com o rabo entre as pernas.

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Se a pessoa tem a pelve nesta posição, é geralmente porque foi maltratada. Qualquer forma de abuso fí­sico diminui a natural auto-confiança de alguém, tornando-a medrosa e submissa, mas a forma mais comum de punição que consegue tal efeito é a palmada. Uma criança que leva palmadas vai inevitavelmente trazer a pelve para frente e contrair as nádegas em resposta í  dor. Mas o dano vai além do fí­sico. Levar palmadas é uma experiência humilhante que traz severos danos narcisí­sticos ao ego da criança. Em alguns casos, a criança é forçada a assistir í  própria punição ao expor as nádegas nuas, dobrar o corpo para frente, deitar no colo dos pais ou buscar o cinto. No meu ponto de vista, há outras formas de disciplinar uma criança sem recorrer a essa forma sádica de punição. Levar palmadas torna muito difí­cil para o indiví­duo caminhar ereto com orgulho ou caminhar com uma pelve livre.

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A maioria das pessoas não está ciente de que tem a pelve fixa. í€s vezes elas podem mover-se de forma que aparente estar livre, mas quando não estão fazendo um efeito consciente, voltam í  posição fixa. No ato sexual, as pessoas que têm a pelve fixa para frente têm que fazer força para os movimentos sexuais. Os que têm a pelve fixa para trás tendem a restringir seus movimentos.

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Aqui um exercí­cio simples para ajudar você a sentir se sua pelve é fixa:

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Fique de pé em frente a um espelho, de forma que você possa ver suas costas quando vira a cabeça para trás. Suas costas parecem retas, sua cabeça está erguida, sua pelve para trás? Agora coloque seus pés paralelos um com o outro e cerca de 15 cm de distância separando-os, depois force a pelve para frente. Você consegue ver ou sentir como sua coluna curva-se ou dobra-se, fazendo com que você fique mais baixo? Qual a sensação associada com cada posição? Qual a sua posição habitual?

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Agora, quando ficar de pé, dobre seus joelhos levemente e tente deixar sua pelve livre, mexendo como sua mão ao redor do punho. Respire fundo e devagar, tentando sentir a onda respiratória ir profundamente até a pelve. Você sente algum movimento nesta estrutura? Como sente? Consegue sentir ansiedade ao realizar o movimento? Pelas razões mencionadas anteriormente, isso não ocorre com a maioria das pessoas”.

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Como vimos, a resposta sexual é afetada pela tensão em qualquer parte do corpo. Mas a habilidade de entregar-se ao orgasmo é particularmente afetada pela tensão no assoalho pélvico. Na maioria das pessoas o assoalho pélvico é mantido tenso por um medo inconsciente de que relaxá-lo pode resultar numa evacuação involuntária. Este medo vem de experiências de desfralde precoce. Quando o treinamento para o desfralde ocorre antes de 2 anos e meio, a criança usa os músculos do assoalho pélvico e as nádegas para controlar a função excretória, já que o esfí­ncter anal não se torna funcionante antes dessa idade.

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Mesmo depois que o esfí­ncter anal já funciona, o medo persiste e mais tarde estende-se para o orgasmo. Uma pessoa não consegue permitir a descarga sexual do orgasmo de forma total e livre porque isso requer livrar-se do auto-controle. Quanto mais cedo uma criança é treinada para o desfralde, maior a tensão no assoalho pélvico. Como resultado, tal treinamento muitas vezes resulta em distúrbios intestinais. Se os pais reagem com o uso de enemas e supositórios, o problema da criança aumenta pela invasão e violação do seu corpo. Já tratei de duas mulheres que foram treinadas para largar as fraldas aos 9 meses de idade e, como conseqí¼ência, sofriam de perda quase completa de sensação na pelve e no assoalho pélvico.

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Dois esfí­ncteres circundam o ânus. O esfí­ncter interno, que não está sob controle consciente, permanece fechado até que o bolo fecal esteja acumulado e encha o reto. Até este ponto, o esfí­ncter externo permanece aberto e relaxado. Quando o reto está cheio de fezes e a pessoa sente vontade de evacuar, o esfí­ncter interno relaxa, enquanto o externo fecha-se bem apertado até que a pessoa esteja em posição de evacuar apropriadamente. Isso significa que na ausência de vontade de defecar, podemos manter o assoalho pélvico realxado e o esfí­ncter externo aberto, mas muitas pessoas vivem amedrontadas de que deixar-se levar pela liberação da energia sexual durante o orgasmo poderia resultar numa evacuação involuntária. Em alguns casos, este medo é generalizado em uma ansiedade constante de que “o bumbum vai cair”, como se um evacuação acidental fosse eternamente uma possibilidade.

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Na verdade, todos os medos afetam o assoalho pélvico. Um susto pode causar uma contração aguda. Medo contido, por outro lado, pode causar tensão crônica. Mas se não estamos conscientes do medo, não sentiremos a tensão. Para relaxar o assoalho pélvico, precisamos primeiramente estar cientes da extensão em que o mantemos tenso.”

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Do livro The Spirituality of The Body, Alexander Lowen, M.D.

Da comunidade Pediatria Radical, orkut.

Ainda a minha pequena – o impacto do segundo filho

momboys

Ainda a minha pequena – o impacto do segundo filho

O nascimento do segundo filho pode ter um impacto profundo e, em alguns casos, devastador nos sentimentos da mãe pelo primeiro filho, como Rebecca Abrams descobriu. Mesmo assim, o tema continua a ser um dos grandes tabus da maternidade

Na noite anterior ao nascimento do meu segundo filho, o obstetra de plantão parou ao pé da minha cama e após ler as notas do meu caso por um instante, disse algo que eu imagino que tinha a intenção de ser solidário: “A maioria das pessoas não se dá conta que dar a luz é uma coisas mais perigosas que uma mulher pode fazer.” Não foi muito delicado, eu pensei, mas deixei passar. Duas semanas antes eu tinha sido internada com pré-eclâmpsia, uma complicação da gravidez que pode ser fatal, então esse comentário de certa maneira era justificado.

Meu filho Solomon nasceu í s 4 horas do dia seguinte. Um parto tranquilo. Um menino saudável. Minutos após o parto, no entanto, as coisas começaram a complicar. Algo a ver com a placenta, não com a pré-eclâmpsia. Ela está com hemorragia, alguém falou. Alguém pegou o bebê e o entregou ao meu marido. O quarto tranquilo e pouco iluminado um minuto antes foi inundado de luzes fortes e equipamento médico. Uma folha de consentimento foi posta na minha frente. Alguém pos uma caneta na minha mão, eu não tinha idéia do que estava assinando, eu mal segurava a caneta. Algum tempo depois eu recobrei a consciência. O meu corpo recebia uma transfusão de sangue por um braço e doses cavalares de antibióticos pelo outro. Você está fora de perigo, todos me davam os parabéns. Muito obrigada í  medicina moderna!

Relembrando o nascimento do meu filho, apesar do susto que houve, eu nunca podia imaginar o drama complexo que viria a seguir. Dar í  luz é perigoso, sem dúvida, mas os perigos que acompanham a maternidade vem em muitas formas e o perigo fí­sico não era o único a temer.

No dia seguinte, meu marido trouxe minha filha de 2,5 anos, Jessie, ao hospital para conhecer o seu irmão. Quantos livros com figurinhas nós mostramos a ela para prepará-la para esse momento? Com que cuidado nós preparamos esse primeiro encontro para que ele acontecesse de forma alegre e positiva para ela? E mesmo assim, apesar dos nossos cuidadosos preparativos, nenhuma fração de ansiedade foi dedicada ao que realmente passou.

A garotinha que entrou no quarto, segurando nervosamente a mão do pai, que subiu a cama do hospital e se jogou sobre mim num abraço afetuoso não era a mesma a quem eu tinha deixado em casa dois dias antes. Uma metamorfose bizarra aconteceu. De repente, ela parecia enorme. Não era mais uma menininha, de jeito nenhum. Comparados aos delicados membros do bebê, as suas mãos e pés pareciam enormes. Comparada í  fragilidade do recém-nascido, a sua vitalidade vigorosa parecia quase ameaçadora. Num intervalo de apenas 48h, os meus olhos se desacostumaram a ela.

Uma semana depois eu fui dada de alta e fui para casa para uma nova vida de mãe de dois filhos. Já esgotada pela gravidez difí­cil e o parto, eu estava totalmente despreparada para a montanha-russa emocional que veio a seguir – cuidando, ou tentando cuidar – de um bebê nervoso e uma menininha exigente. Eu me tornei o tipo de mãe que nunca sonhei ser, o tipo que se embevece com o bebê e no instante seguinte dá uma palmada na filha travessa.

Os meses seguintes foram um pesadelo – ruins para mim, infinitamente pior para minha filha, um pesadelo que nunca terminava. Eu sempre me preocupei se seria capaz de amar o novo bebê, mas a verdade era que naqueles primeiros dias com duas crianças, não era o bebê mas a minha filha que eu tinha dificuldade de amar.
Estupefata pela minha frieza, ela se agarrou, tentou chamar a atenção, se afastou, em resumo, fez tudo o que pode para tentar recuperar a nossa antiga proximidade. Ela vestia os seus ursinhos de pelúcia com a roupa recém passada do bebê, subia ao moisés com a roupa cheia de barro, quando eu me sentava para amamentar, ela subia nos meus ombros, quando finalmente o bebê dormia, ela esfregava a sua cara e o acordava. Seus esforços cada vez mais extravagantes para chamar a minha atenção tiveram sempre o efeito oposto.

Eu estava pouco menos estressada que ela pela mudança na nossa relação. Era como entrar no seu quarto favorito e descobrir que tudo mudou de lugar : os móveis , os quadros, os objetos dentro do armário, os enfeites das prateleiras. Nada era como eu esperava ou como eu queria. Eu andava pela casa em estado de agonia, desorientação e perda.

Quando eu olhava a minha menininha eu não sentia nenhuma das coisas que eu queria sentir. Quando ela me olhava, era como se eu estivesse sendo confrontada por um estranho. Só tarde da noite, quando eu entrava no seu quarto na ponta dos pés para beijá-la e ver o seu rostinho adormecido é que eu sentia um pouco da ternura anterior. Mesmo agora, 12 anos depois, é quase insuportável pensar como essa época deve ter sido para ela.

Foi a vergonha do meu fracasso em amá-la como deveria que me deixou tão determinada a esconder o fato de todo mundo? Eu poderia ter ganhado um Oscar pela atuação na frente de cada visita. Deprimida? Claro que não! Conseguindo dar conta do recado com duas crianças? Sem problemas! Eu não contava a ninguém, nem famí­lia nem amigos. Não contei nem mesmo ao meu marido. O que ele teria dito? Ele ficaria chocado. E essa seria a reação natural. Eu, seguramente, era a não-natural.
Cheia de culpa, atarantada pela falta de sono, descompensada hormonalmente, eu tinha pouca disposição para pensar ou lidar com o que estava acontecendo. A pouca energia que eu tinha era usada para coisas práticas e os deveres emocionais eram dirigidos totalmente ao bebê. Não porque eu queria assim, mas porque simplesmente era assim.

Uma necessidade evolutiva que dá preferência í  criança mais vulnerável? Uma forma de depressão pós-parto? Uma falha na minha capacidade de ser mãe? Todas as anteriores? Mas talvez influências mais amplas também tenham afetado. De acordo com o psicólogo Penny Munn, a maternidade na cultura ocidental é “baseada em idéias do amor romântico que assumem que uma boa mãe vai reproduzir o relacionamento afetuoso com todo e cada um dos seus filhos.”

Esse modelo de maternidade é uma progressão natural das revistas de adolescentes e das histórias de amor que as garotas devoram na sua adolescência, uma versão maternal do mesmo cenário: duas pessoas se apaixonam e essa relação permanece assim aconteça o que acontecer. É um modelo que pode funcionar para uma criança, mas é profundamente afetada pela realidade de ter que ser mãe de mais de um.

As razões pelas quais o amor materno muda e, em alguns casos, falha são muitos e complexos e a chegada do segundo filho não é em absoluto o único catalisador. Para algumas mães, até mesmo amar uma só criança é difí­cil. Quaisquer que sejam as razões, o fato é o mesmo: amar crianças não é algo que vem facilmente ou naturalmente. Esse sempre foi e ainda é um dos grandes tabus da famí­lia moderna: uma experiência comum, mas oculta e com o potencial de ter consequências devastadoras e silenciosas.

O romancista Thomas Keneally disse uma vez: “Escrever um romance é ir nu, não importa o que você esteja escrevendo. Vocí¨ sempre se revela.” Eu não pretendia ir nua quando entrei no meu romance, Touching Distance. Baseado na história real de um médico do século XIX chamado Alexander Gordon, o que me chamou a atenção foi o dilema de um homem que fez uma descobrimento médico assombroso que estava além do seu tempo. Eu não tinha idéia, pelo menos, não conscientemente, que escrever essa história me levaria a reviver as repercussões emocionais causadas pelo nascimento do meu filho. Mas, enquanto o romance se desenrolava, duas narrativas complementares surgiram: uma contava a história da descoberta do dr. Gordon e a sua busca abnegada da verdade cientí­fica; a outra centrada na história dos perigos ocultos do parto, tanto fí­sicos quanto emocionais.

Quanto mais eu lia e pensava a respeito dos problemas das mulheres do passado, morrendo no parto devido í  falta de assistência e recursos que eu tive e que sem sombra de dúvidas salvaram a minha vida e a do meu filho, mas interessada no assunto eu ficava. A descoberta brilhante do dr.Gordon era que os médicos e parteiras estavam espalhando uma infecção fatal para as mulheres que eles assistiam no parto. Se tivessem acreditado nele, inúmeras vidas poderiam ter sido salvas no curso do século seguinte. Com uma taxa de uma mulher morrendo por minuto nos dias de hoje devido a complicações na gravidez ou no parto, essa tragédia é tão real hoje como era no passado, a grande diferença sendo que agora é mais comum na ísia e na ífrica que na Grã-Bretanha.

Mas, além da óbvia tragédia da morte por parto, havia a história não contada do impacto naquelas que sobreviveram aos partos difí­ceis, mas foram profundamente afetadas pela experiência, mulheres que se distanciaram dos seus filhos, de seus maridos e delas mesmas como resultado do impacto psicológico de tornar-se mãe. No personagem de Elisabeth, a mulher de Alexander Gordon e através da sua relação com a filha de cinco anos, Mary, eu encontrei uma maneira de explorar minha própria experiência. O preço emocional do parto difí­cil, a culpa e a vergonha de não amar o seu filho como você gostaria, a perplexidade, os sentimentos não-reconhecidos, a luta para encontrar uma distância tolerável entre os dois, a distância suportável: tudo entrou na história de Elisabeth, nem eu sabia que eu gostaria de escrever sobre isso. Mas, lá está tudo, apesar de mim mesma.

No caso de Elisabeth, o estranhamento com a filha se torna cada vez maior. Isso acontece na vida real também, com maior frequência que sabemos ou admitimos. Felizmente, não foi o que aconteceu com Jessie e eu.

Uma noite, mais ou menos um ano após o nascimento do meu filho, eu estava pondo os dois para dormir.Nós tí­nhamos escutado a fita de Woody Guthrie cantando Goodnight Little Darlin’ e eu me abaixei para beijar a cabeça de Jessie e disse: “Boa noite minha pequena”. Ela se virou para mim pensativa e perguntou: “Eu ainda sou a sua pequena? Mesmo tendo três anos e meio?”

í€s vezes, a vergonha é útil. Ela pode penetrar as defesas que ela mesma construiu. Aquela pergunta tão direta despertou um sentimento que a escritora Helen Simpson descreve como: “os dentes afiados do remorso.” A muralha havia sido penetrada. “Sim”, eu respondi, enfaticamente e naquele momento com menos confiança que eu gostaria.

Minha tia, com quem eu um dia me abri, me deu um conselho sábio: “Essas coisas acontecem. Você não pode proteger seus filhos da vida. Dê tempo ao tempo. O amor vai voltar.” E com o tempo, voltou. Não só com o tempo, mas com trabalho duro e esforço consciente. As pessoas falam que é preciso trabalhar o casamento e foi assim que eu trabalhei meu relacionamento com minha filha. Eu arrumei tempo para fazer coisas juntas, divertir-nos juntas, tempo de atenção exclusiva para reconstruir a confiança dela em mim e para que eu a conhecesse outra vez. Pessoalmente, eu cultivei o hábito de amá-la tão cuidadosamente como um vinicultor cultiva seus vinhos. Eu reeduquei a maneira de vê-la, de pensar nela como eu fazia antes: como adorada e adorável. Gradualmente, com o tempo, o hábito tornou-se natural e sem esforço como tinha sido originalmente.

Quando Jessie tinha uns seis anos, nós viajamos de férias com outra famí­lia. A filha deles tinha a mesma idade do nosso filho, a mesma idade que Jessie tinha quando ele nasceu. Vendo a filha de 3 anos dos nossos amigos, eu me dei conta que eu não tinha lembranças da Jessie nessa idade. Era como se eu tivesse perdido minha memória ou parte dela, naquela época. Como se eu tivesse sofrido uma espécie de amnésia emocional, uma cegueira temporária do coração.

Faz pouco tempo, eu perguntei a Jessie sobre essa época da vida dela e parece que algo semelhante aconteceu com ela: “Quando as pessoas me perguntavam sobre o que eu lembrava de ter um irmãozinho, eu dizia que minha mãe tinha ido ao hospital muito doente e ficou lá por dois anos. Acho que na verdade foram duas semanas, mas é assim que eu me lembro: você não estar por um longo tempo.”

Ela não tem muita memória consciente daquela época, mas ela acha que isso explica muitas coisas. “Tipo como eu odiava quando você saí­a. Eu entrava em pânico. E eu ainda lembro de te ver vendo a tv e odiar o fato de eu ver você, mas você não me ver. Isso me incomodava muito. Talvez pelo que aconteceu quando eu era pequena, eu não sei.” Ela acha que isso afetou nosso relacionamento a longo prazo? “Não”, ela diz, “Eu não acho. Eu acho que somos bem unidas.” É importante saber o que aconteceu? “Sim, mas também me deixa triste”, diz ela.

Se antes de eu ter o meu segundo filho alguém me alertasse para o sofrimento emocional que eu poderia ter, eu teria acreditado? Eu duvido. A idéia de que qualquer coisa pudesse me fazer deixar de amar a minha menina preciosa e maravilhosa pareceria ultrajante.

E ainda parece.

Eu traduzi esse artigo da edição impressa do jornal inglês The Guardian, do dia 04/07/2009

Texto Retirado da Comunidade do Orkut pediatria Radical.

Link:http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=1651309&tid=5361223924012011773&na=4