LIVRO DAS MIL E UMA NOITES, V.1
Autor: ANONIMO
Tradutor: JAROUCHE, MAMEDE MUSTAFA
Editora: GLOBO
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA
ISBN: 8525039683
ISBN-13: 9788525039682
Livro em português
Encad. c/ sobrecapa
1ª Edição – 2005
424 pág.
Este livro foi traduzido diretamente de manuscritos árabes e na íntegra. A tradução, de Mamede Mustafa Jarouche, foi feita a partir dos três volumes do manuscrito árabe da Biblioteca Nacional de Paris, a fonte mais valiosa para a edição do livro. Além disso, o tradutor, que é professor do curso de árabe da USP, cotejou esses manuscritos com quatro das principais edições árabes do livro – a edição de Breislau (1825-1843), a edição de Bulaq (1835), a segunda edição de Calcutá (1839-1842) e a edição de Leiden (1984). E para suprimir lacunas dos manuscritos originais e apontar variantes de interesse para a história das modificações operadas no livro, utilizou ainda quatro manuscritos do chamado ramo egípcio antigo. A publicação do ‘Livro das mil e uma noites’ está projetada em cinco volumes. Este primeiro volume traz as 170 primeiras noites, com detalhada introdução de Mamede Mustafa Jarouche. Nela, o tradutor conta a intrincada história das supostas fontes em persa e sânscrito que teriam sido a base para o livro e conclui afirmando a originalidade árabe das narrativas. A edição apresenta centenas de notas sobre aspectos lingí¼ísticos ou que explicam o cotejo entre manuscritos e edições árabes, além de anexos valiosos, com traduções de passagens do livro que possuem mais de uma redação, e que servem de elementos de comparação para o leitor interessado na história da constituição do próprio ‘Livro das mil e uma noites’. Os volumes seguintes também conterão notas e anexos, o que torna a presente tradução uma referência obrigatória daqui em diante para os admiradores e estudiosos da literatura árabe, no Brasil e no exterior.
Correio Braziliense / Data: 16/8/2006
Ouvinte de Shahrazad
Nahima Maciel
“O Livro das Mil e Uma NoiÂtes” não tem exatamente um autor e não se sabe ao certo quando foi esÂcrito. É anônimo e, durante sécuÂlos, as histórias contadas por Shahrazad fascinaram o mundo. Ganharam traduções em quase todas as línguas e foram compilaÂdas ao longo dos anos por gente tão desconhecida quanto o criaÂdor da obra. Até o ano passado, o livro mais conhecido da literatuÂra árabe só havia chegado í s praÂteleiras dos leitores brasileiros em traduções do francês e do inglês. Agora, há muito o que comemorar desde que o tradutor Mamede Mustafa Jarouche se deÂbruçou sobre o texto original.
Professor da Universidade de São Paulo (USP), descendente de árabes libaneses do Vale do Bekaa, Mamede concluiu a tradução de dois dos seis volumes da obra. Lançados pela Editora Globo, os livros mereceram o prêmio Jabuti de Tradução e são tema de palesÂtra que Mamede faz, hoje, í s 19h, pelo projeto Vertentes Literárias, no Centro Cultural Banco do BraÂsil (CCBB). “O Jabuti significa a valorização da tradução direta. Vale para o árabe, mas também para o russo, o chinês, o japonês, o hebraico, o sânscrito, o latitn, o grego, enfim, todas as línguas nas quais ainda circulam traduções indiretas”, celebra.
Manuscritos em Paris – As primeiras frases do clássico da literatura árabe foram escritas no século 9, mas dessa época exisÂtem apenas alguns fragmentos em papiro, nada mais que 20 linhas. Mamede buscou o texto hoje traduzido para o português em manuscritos do século 14 da Biblioteca Nacional de Paris. Os dois primeiros volumes oferecem ao leitor detalhes de costumes de época e expressões que foram perdidas nas traduções indiretas. Escrito em árabe antigo, o texto tem estrutura complexa e, muitas vezes, fragmentada. É comum, por exemplo, encontrar observaÂções sobre quem está narrando a história. As notas trazem indicaÂções como “disse o copista”, “disÂse o autor” ou “disse o narrador”.
Mamede fez questão de manter tais detalhes como forma de orientar o leitor, assim como a grafia dos nomes dos personagens, transcritas da forma mais fiel possível. “No caso específico da literatura, cuja matéria básica é a própria linguagem, pareceÂ-me que a tradução direta é condiÂção ‘sine qua non’. Todas as línÂguas devem falar diretamente ao português, sem intermediários. Tradução indireta é o cúmulo do servilismo cultural, coisa de quinÂta categoria”, ataca Mamede.
Na obra,Shahrazad se oferece ao rei Sahriyar por vontade própria. Pretendia assim suspender um costume cruel. Sahriyar era um rei da dinastia sassânida que dominou a índia e a Indochina entre os séculos 226 e 641 d.C. A cada noite tomava uma mulher como esposa para matá-Ia no dia seguinte. Sharahzad pretendia seduzir o rei com histórias e, toda noite, desenvolvia narrativa cujo final ficava em aberto. Curioso, Sahriyar poupava a vida dela. “O livro é valorizado por grupos feÂministas, que têm em Shahrazad uma espécie de precursora”, conÂta Mamede. A tradução é ponta-Âpé para popularizar o acesso aos clássicos da literatura árabe. Ele traduziu outras obras como KaliÂia e Dimna, de Ibn Hazm.
Sobre o autor:
JAROUCHE, MAMEDE MUSTAFA
Mamede Mustafa Jarouche é professor de língua e literatura árabe na USP. Entre outros trabalhos, preparou e prefaciou uma edição das ‘Poesias da Pacotilha’e das ‘Memórias de Um Sargento de Milícias’. Atualmente, dedica-se í tradução do ‘Livro das 1001 Noites’ a partir de seus originais árabes.