Alexander Lowen é um renomado psiquiatra que trabalha com análise bioenergética, uma forma de psicoterapia que combina o trabalho da mente e do corpo.
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“Nossa inabilidade para vivenciar a resposta orgástica plena é devida í falta de paixão durante o ato sexual. Freqí¼entemente, a paixão foi minada muito cedo na vida através de experiências dolorosas nos períodos de desenvolvimento denominados fase oral e edípica. A fase oral refere-se aos primeiros três anos de vida, quando o bebê precisa de nutrição, suporte e contato amoroso que são supridos pela sua mãe. Durante este período, seu nível de energia está elevado ao grau que torna a paixão possível. Estas necessidades podem ser supridas pelo ato da amamentação, uma vez que isso provê o contato mais íntimo, excitante e satisfatório entre a mãe e o filho.
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Uma criança não será privada de comida ou carinho se ela não é amamentada. Mas os bebês precisam sentir o corpo da mãe, para sentir a vida materna e absorver a energia dela. O contato com o corpo materno estimula a respiração do bebê e aumenta seu metabolismo.
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Outro efeito danoso no nível de excitação de uma pessoa vem da inabilidade dos pais de tolerarem o alto nível de energia numa criança. Eles acusam-na de serem exigente demais, ativa demais ou de querer tudo. Eles acreditam que crianças devem ser vistas e não ouvidas. Com a idade de 3 anos, muitas crianças já sofreram uma grande perda da sua vivacidade. Já vi muitas crianças que parecem apáticas, com olhos sem brilhos e voz fraca, sendo empurradas num carrinho por uma mãe ou babá indiferente.
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Um corpo livre de ordens do superego – “seja uma boa menina, obedeça seus pais e não levante a mão para eles” – é um corpo livre de tensão. É uma ordem subentendida na nossa cultura que as crianças precisam controlar seus sentimentos. A ordem pode ser dada como “não perca a cabeça e não deixe seus sentimentos controlarem você”. Algum auto-controle é positivo, mas quando o controle torna-se inconsciente, ele é mantido por tensão muscular crônica e é um processo de auto-destruição. De fato, a tensão associada com o medo de perder a cabeça é responsável por artrite nas vértebras cervicais e dor de cabeça por tensão. Uma tensão similar na base da espinha onde se junta com o osso sacro é a base da maioria das dores lombares. Esta tensão crônica, agindo concomitantemente com a tensão nos músculos, como o quadríceps (na coxa), imobiliza a pelve de forma que ela seja incapaz de se mover espontaneamente.
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A pelve imóvel é forçada ou para frente ou para trás. Em seu estado normal, a pelve mexe-se de forma livre para frente e para trás, com o movimento natural do corpo e em harmonia com as ondas respiratórias. No ápice da excitação sexual, os movimentos da pelve tornam-se rápidos e poderosos. Eles não ocorrem se a pelve está imobilizada numa posição ou na outra. Na posição fixa posterior (para trás), a pelve parece estar sempre pronta para ação, denotando claramente contenção do desejo sexual. É mais comum em mulheres, já que nelas a ordem de reprimir os desejos sexuais é mais freqí¼entemente imposta. Em homens, o distúrbio mais comum é a pelve fixa anterior (para frente), que tem um significado pseudo-agressivo. Trazer a pelve para frente é um movimento sexualmente agressivo, mas uma vez que a pelve está fixa nesta posição, a aparência não condiz com a realidade. A pelve precisa ser puxada para trás para que qualquer movimento para frente torne-se possível. Quando a pelve é mantida para frente, as costas estão curvas e em colapso e parece a atitude de um cão com o rabo entre as pernas.
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Se a pessoa tem a pelve nesta posição, é geralmente porque foi maltratada. Qualquer forma de abuso físico diminui a natural auto-confiança de alguém, tornando-a medrosa e submissa, mas a forma mais comum de punição que consegue tal efeito é a palmada. Uma criança que leva palmadas vai inevitavelmente trazer a pelve para frente e contrair as nádegas em resposta í dor. Mas o dano vai além do físico. Levar palmadas é uma experiência humilhante que traz severos danos narcisísticos ao ego da criança. Em alguns casos, a criança é forçada a assistir í própria punição ao expor as nádegas nuas, dobrar o corpo para frente, deitar no colo dos pais ou buscar o cinto. No meu ponto de vista, há outras formas de disciplinar uma criança sem recorrer a essa forma sádica de punição. Levar palmadas torna muito difícil para o indivíduo caminhar ereto com orgulho ou caminhar com uma pelve livre.
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A maioria das pessoas não está ciente de que tem a pelve fixa. í€s vezes elas podem mover-se de forma que aparente estar livre, mas quando não estão fazendo um efeito consciente, voltam í posição fixa. No ato sexual, as pessoas que têm a pelve fixa para frente têm que fazer força para os movimentos sexuais. Os que têm a pelve fixa para trás tendem a restringir seus movimentos.
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Aqui um exercício simples para ajudar você a sentir se sua pelve é fixa:
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Fique de pé em frente a um espelho, de forma que você possa ver suas costas quando vira a cabeça para trás. Suas costas parecem retas, sua cabeça está erguida, sua pelve para trás? Agora coloque seus pés paralelos um com o outro e cerca de 15 cm de distância separando-os, depois force a pelve para frente. Você consegue ver ou sentir como sua coluna curva-se ou dobra-se, fazendo com que você fique mais baixo? Qual a sensação associada com cada posição? Qual a sua posição habitual?
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Agora, quando ficar de pé, dobre seus joelhos levemente e tente deixar sua pelve livre, mexendo como sua mão ao redor do punho. Respire fundo e devagar, tentando sentir a onda respiratória ir profundamente até a pelve. Você sente algum movimento nesta estrutura? Como sente? Consegue sentir ansiedade ao realizar o movimento? Pelas razões mencionadas anteriormente, isso não ocorre com a maioria das pessoas”.
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Como vimos, a resposta sexual é afetada pela tensão em qualquer parte do corpo. Mas a habilidade de entregar-se ao orgasmo é particularmente afetada pela tensão no assoalho pélvico. Na maioria das pessoas o assoalho pélvico é mantido tenso por um medo inconsciente de que relaxá-lo pode resultar numa evacuação involuntária. Este medo vem de experiências de desfralde precoce. Quando o treinamento para o desfralde ocorre antes de 2 anos e meio, a criança usa os músculos do assoalho pélvico e as nádegas para controlar a função excretória, já que o esfíncter anal não se torna funcionante antes dessa idade.
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Mesmo depois que o esfíncter anal já funciona, o medo persiste e mais tarde estende-se para o orgasmo. Uma pessoa não consegue permitir a descarga sexual do orgasmo de forma total e livre porque isso requer livrar-se do auto-controle. Quanto mais cedo uma criança é treinada para o desfralde, maior a tensão no assoalho pélvico. Como resultado, tal treinamento muitas vezes resulta em distúrbios intestinais. Se os pais reagem com o uso de enemas e supositórios, o problema da criança aumenta pela invasão e violação do seu corpo. Já tratei de duas mulheres que foram treinadas para largar as fraldas aos 9 meses de idade e, como conseqí¼ência, sofriam de perda quase completa de sensação na pelve e no assoalho pélvico.
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Dois esfíncteres circundam o ânus. O esfíncter interno, que não está sob controle consciente, permanece fechado até que o bolo fecal esteja acumulado e encha o reto. Até este ponto, o esfíncter externo permanece aberto e relaxado. Quando o reto está cheio de fezes e a pessoa sente vontade de evacuar, o esfíncter interno relaxa, enquanto o externo fecha-se bem apertado até que a pessoa esteja em posição de evacuar apropriadamente. Isso significa que na ausência de vontade de defecar, podemos manter o assoalho pélvico realxado e o esfíncter externo aberto, mas muitas pessoas vivem amedrontadas de que deixar-se levar pela liberação da energia sexual durante o orgasmo poderia resultar numa evacuação involuntária. Em alguns casos, este medo é generalizado em uma ansiedade constante de que “o bumbum vai cair”, como se um evacuação acidental fosse eternamente uma possibilidade.
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Na verdade, todos os medos afetam o assoalho pélvico. Um susto pode causar uma contração aguda. Medo contido, por outro lado, pode causar tensão crônica. Mas se não estamos conscientes do medo, não sentiremos a tensão. Para relaxar o assoalho pélvico, precisamos primeiramente estar cientes da extensão em que o mantemos tenso.”
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Do livro The Spirituality of The Body, Alexander Lowen, M.D.
Da comunidade Pediatria Radical, orkut.