ana e rebeca

Menina teve uma idéia,
e ainda não sabia
se era idéia brilhante.
Mas sabia – isso sim –
que precisava testar,
pra conseguir descobrir.

Olha o Olho da Menina – Marisa Prado, disponibilizado pela autora on line

 Pois é. Nos comentários do post de ontem, a Ana disse uma coisa muito legal: que a compulsão também era uma forma de quebrar regras. Eu li isso e sabe quando acende uma luzinha no alto da cabeça, como nos desenhos animados? Foi exatamente o que aconteceu comigo, fez até barulhinho!!!!

Porque encaixou com algo que eu venho pensando há tempos, que é: O que eu faço com a Rebelde (chamada Rebeca) que mora em mim?

Eu desde pequena tenho uma veia muito, muito rebelde. Sou alguém que detesta regras, detesta rituais, detesta imposições e autoridades de todo tipo. (Mas como aqui também mora Estela, a Estranha, eu fui fazer Antropologia pra aprender o valor dos rituais e das regras na vida. E como não há humanidade possí­vel sem elas. E fui cultivar a espiritualidade pra me entregar í  mais arbitrária de todas a coisas que é a divindade. Qualquer que seja, ainda que seja o Amor.)

Mas isso é outra história, deixa eu concluir meu raciocí­nio:

Então minhas dietas, regimes, e RAs não duram nem meio dia, porque acordam furiosamente a furiosa Rebeca Rebelde. Ela não se conforma, grita esperneia, e diz: não, não vou deixar. Você não vai se submeter a estas regras, a essa privação de prazer não senhora! Você não vai se conformar com essa imposição ridí­cula da sociedade, ou seja lá de quem for. Não vai não!!!

E Rebeca a Rebelde, me força a ler coisas absolutamente maravilhosas como esta aqui. E esta. E esta (só pra falar de algumas das leituras que tem a ver diretamente com o corpo), o que alimenta ainda mais sua sanha, pois desnudam muitos véus de coisas e mitos e etcéteras que nos prendem.

Eu já desconfiava que tinha uma boa dose de rebeldia tanto na minha gordura, como na compulsão. Eu como e engordo também porque não pode. Porque não deve, porque todo mundo se priva, mas eu não, eu não vou fazer isso. Grita Rebeca. Também porque no mundo de hoje ser gordo é praticamente uma aberração, é um pecado. Tá todo mundo fechando a boca, se conformando. Rebeca não. O mundo está invadido cada vez mais por uma carbofobia? Então Rebeca ama os campos de trigo, de milho… É verdade o sugar blues ou é mais um delí­rio? Rebeca vê e me obriga estudar a importância do açúcar para o capitalismo, para a história da civilização, para as senzalas brasileiras… Pra provar sabe lá o quê.

Tá vendo que Rebeca me impulsiona também? Mas Rebeca é adolescente, precisa de orientação…

E ontem o comentário da Ana chegou numa boa hora porque eu percebi que Rebeca Rebelde na verdade não quer protestar contra isso exatamente. Na verdade ela quer se livrar é de outras situações bem mais delicadas que existem na minha vida, mas não encontra forças. Ou não encontra meios, na verdade. Então ela pensa, olha, olha, e decide atacar a parte mais vulnerável que é essa parte da comida. Talvez seja um grito desesperado pra me fazer entender que com certas coisas não dá pra me conformar. Realmente é preciso gritar, espernear e… Mudar.

Talvez ela esbraveje tanto pra me fazer acordar. E talvez ela tenha me feito inchar tanto tanto pra que eu enxergue isso, não é engordando que eu vou dar jeito em nada, só vou alimentar o carrasco que me prende. Mas isso é outra longa história também, fica pra depois. Essa da gordura ser uma big prisão, um carrasco na verdade.

Aí­ eu aprendi ontem que o Caminho vai passar forçosamente pela Rebeca. Pela satisfação da fome dessa Rebelde. Que no fundo no fundo não se conforma em me ver infeliz. E por alimentar a bichinha adequadamente. E aprender com ela que a minha rebeldia pode ser melhor, bem melhor aproveitada…

Por isso, thank you very very much Ana!!!

6 comentários em “ana e rebeca”

  1. Nalu, adorei mais uma vez o post. Eu tenho uma Rebeca bem gritona e esperneadeira em mim também. Mas meus ‘ciclos’ estão mais longos que o menstrual, graças a Deus. Tenho fases de querer comer e me proibir, e comer mesmo assim, pra me punir, pra ter prazer, sei lá pra quê. Mas estou numa fase muito tranquila, não tenho compulsão. E assim é muito mais fácil manter a naturalidade da alimentação (comer apenas por fome e o suficiente pra matar a fome). Do contrário quanto mais pensamos que não podemos, mais queremos, né? com tudo tudo na vida.
    Porém entre uma fase e outra, passo por uma intermediária, que é a de ter fome demais, por ter acostumado o corpo com comida demais. Esta eu acho a pior pra mim…
    beijos!

  2. Nalu,
    Eu já disse que te amo?? Olha, vou pensar nisso tudo o que vc falou aqui porque agora vc me pegou! Tudo o que foi dito se aplica a mim. Eu também tenho uma rebeca enlouquecida! E ela berra tanto, mais tanto, que já virou até crise de pânico. As vezes eu dou ouvidos a ela e as coisas melhoram, mas acho que a chave para tudo isso está aí! Em ouvir a minha Rebeca! Em aceitar que ela tem que se integrar a mim. Acho que na verdade, a minha Rebeca pode ser representada como um grande saco que eu carrego nas costas, sabe, a lá papai noel. Então tudo o que eu engulo, tudo o que eu não concordo mas faço para me adequar as regras da sociedade vão parar nesse sacão. Mas tem uma hora que esse saco tá pesado de mais e eu deixo de aguentar. Que ele vira uma sombra na minha vida. E acho que ele tem que deixar de ser uma sombra, porque na verdade ele também sou eu! E ele merece fazer parte de mim.
    Mas é tão complicado…
    Vou pensar mais sobre isso. As vezes eu tenho uma saudade da minha psicóloga…

  3. Nalu,detesto regras, adoro ser diferente, amo chocar.Sou sagitariana você sabe.Não ando fazendo nada, tenho estado nos trilhos e talvez por isso não tenho andado muito feliz.Acho que preciso despertar a Rebeca que existe em mim e decidiu dormir cem anos.
    Amei seu novo blog.Ótimo como o anterior.

  4. Sabe, Nalu, que eu sempre desconfiei q muitas vezes eu engordei por pura rebeldia? Pq me irrita cobrarem corpo bonito, quando o cérebro não precisa se exercitar. Pessoas q considero “burras” normalmente são as que tem os corpos mais bonitos. E eu sempre achei q a inteligência, conhecimento, cultura, isso era o que importava. E naõ a beleza. Então era a forma de eu me rebelar! A gordura mostrava que eu era diferente, que eu não me entregaria tão facilmente… enfim, hj penso diferente. Canalizei minha rebeldia para outras coisas, desde q descobri o qto a gordura extra me prejudicava em coisas q eu considerava importantes. Será q ficou confuso?? hehehe bjs

  5. Nalu, não há mais muito a ser dito, não é? Escrevo apenas para concordar muito com você e com a Ana.
    Sim, essa rebeldia, essa ânsia de quebrar regras, de querer impor a própria vontade independente de tudo e arcando com as consequências de ir contra a maré, mora fortemente em mim também.
    E me ataca das mais diversas formas: ao fazer engenharia para ir contra a tendência da época, de todo mundo fazer computação ou medicina ou publicidade foi uma delas. O bater o pé e sair de casa para morar em BH, sozinha, com 15 anos, foi outra. O comer à vontade, o que eu quero e quando eu quero, sem dúvida, é outra delas.
    E esse é um veio da minha personalidade que eu acho totalmente geminiano, porque é avassalador e volúvel, como os geminianos são. E tanto me faz bem, me coloca para cima e me faz andar, como me faz mal e me provoca auto-sabotagens do tipo engordar descontroladamente, só para mostrar que eu posso, sim, ser feliz (?) e vencer o mundo mesmo estando gorda.
    Bom, falei demais e tinha dito que não ia falar nada, né? Mas é que esse assunto também é muito presente para mim.
    Beijo grande.

  6. Nalu, assino embaixo!!! Eu tenho e muito dessa tal “Rebeca Rebelde” em mim, e com certeza, metade dessas minhas gordurinhas extras é uma rebeldia contra esse mundo de modelos magérrimas e infelizes que andam por aí… sei sei que preciso emagrecer sim, não pra ser uma modelo magérrima, mas para ser uma pessoa saudável pra poder criar a minha filha e dar exemplos de vida saudável a ela… é isso…acho que deu pra entender né??? hehehe Um beijão!

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