Fúria nas trevas o vento
Num grande som de alongar,
Não há no meu pensamento
Senão não poder parar.
Parece que a alma tem
Treva onde sopre a crescer
Uma loucura que vem
De querer compreender.
Raiva nas trevas o vento
Sem se poder libertar.
Estou preso ao meu pensamento
Como o vento preso ao ar.
Num grande som de alongar,
Não há no meu pensamento
Senão não poder parar.
Parece que a alma tem
Treva onde sopre a crescer
Uma loucura que vem
De querer compreender.
Raiva nas trevas o vento
Sem se poder libertar.
Estou preso ao meu pensamento
Como o vento preso ao ar.
Fernando Pessoa, in “Cancioneiro”
Esse poema traduz tudo que estou sendo no momento.
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O que fazer quando um dia são muitos dias num só? São muitos meses, são muitas vidas num só dia? O que fazer quando o dia é cheio de som e fúria e sem abrigo, sem porto seguro, sem velas ao longe? O que fazer quando o dia é tão cheio de meses e anos que não se tem um pingo de fome, mas se tem um fixação oral incontrolável? Quando na verdade só o útero ou o seio materno adiantariam pra amenizar tanto sentimento junto?
Nada é suficientemente saudável num dia assim.
Oi Nalu!
Vi que me ‘linkaste’ lá no blog e vim te fazer uma visitinha também…
Gostei dos teus posts…
Em especial esse último com o poema de F. Pessoa. Têm dias que nem um ponto de interrogação é suficiente para demonstrarmos que não compreendemos nada… nenhum porquê. Mas são dias… logo amanhece e já voltamos a sorrir!!!
Um beijo,
Cáie
Hummmm! Complicado! Talvez o melhor seja lembrar que vai passar! Tudo sempre passa: o melhor e o pior! Bjs
Vou dar uma espiada no livro que você mencionou no outro post.
Sobre esta fase esquisita, ela passa.
Beijo grande
Esse seu post me lembrou um poema, se não me engano é um trecho do Poema Sujo, do Ferreira Gullar, que fala sobre as várias velocidades do dia e como em um dia há muitos dias…
Beijo!
Nalu, a escrita me ajuda a fazer uma auto análise, eu gostaria de expor todos meus poréns…. mas tenho medo. Tenho medo da crÃtica, do julgamento mas contar para alguém certos sentimentos e coisas por que passei me ajuda a me absolver, estou encarcerada num poço de culpa e de sentimentos que jogam contra mim o tempo todo mas aos poucos, quem sabe, eu consigo ir me libertando…. Não gosto de posar de vÃtima mas minha criação foi punk e com certeza é uma das coisas que me mantém escrava de vários bichos, bjs, escreve mais, é sempre muito bom te ler!! Bjs, Ge.