Maio 2015

minhamaeMaio foi corrido, e normalmente estranho. Passou voando.


No começo do século XX, os alarmes sobre “superpopulação” refletiam, em última instância, a inadequação cada vez mais evidente da indústria de remoção e reciclagem do lixo em sua forma ortodoxa, inaugurada no princí­pio da era moderna e refinada no curso da história desse perí­odo. Acima de tudo, refletiam a impossibilidade da tarefa, nunca antes confrontada, de fornecer soluções globais para problemas produzidos localmente. O “problema”, ou seja, a redundância humana, é agora produzido em termos globais, e não no âmbito local; todas ou quase todas as terras do planeta caem hoje na categoria de produtoras de redundância pura e anseiam por exportar seu excesso populacional, embora nenhuma delas, ou quase nenhuma, seja capaz de absorver ou possa ser forçada a admitir os excessos populacionais produzidos em outros lugares. Em nossa era caracterizada por uma facilidade de viajar sem precedentes e por uma inédita mobilidade, os excedentes populacionais são fixados aos lugares em que são produzidos, os quais se mostram incapazes de acomodá-los – e as gangues especializadas no contrabando de pessoas são sua única chance de apelar contra o veredicto do destino.
Como observou Milan Kundera, o único significado até agora da unificação da humanidade é que não há para onde fugir.

(Do livro Isto não é um diário, Zigmunt Bauman)


Recheios

  1. Pizza Sur e cinema com Akio
  2. Clube do Livro
  3. Cervejada com Rada, Karina e Humberto
  4. Centro Zanmi
  5. Começo da Reforma
  6. Aniversário

Livros

  1. Madrugada Suja 
  2. A Idade Decisiva
  3. Acabadora
  4. Isto Não É Um Diário

Filmes

  1. Cake
  2. Não Me Esqueça (documentário)
  3. Esse Viver Ninguém Me Tira (documentário)
  4. Simone de Beauvoir (documentário)

Séries

  1. O Desafio (3ª Temporada)
  2. Mad Man (1ª e 2ª Temporadas)

 
Não teve arte completa.
Não teve comida, porque maio foi o mês inteiro sem cozinha, sem fogão, sem geladeira.

Abril 2015

11193220_1440762226236236_1819870315825438293_nAbril

Absolutamente não são os livros o que você está procurando! Descubra essa coisa onde puder, nos velhos discos fonográficos, nos velhos filmes e nos velhos amigos; procure na natureza e procure em você mesmo. Os livros eram só um tipo de receptáculo onde armazenávamos muitas coisas que receávamos esquecer. Não há neles nada de mágico. A magia está apenas no que os livros dizem, no modo como confeccionavam um traje para nós a partir de retalhos do universo. É claro que você não poderia saber disso, é claro que você ainda não pode entender o que quero dizer com tudo isso. Mas intuitivamente está certo, isso é o que conta. Três coisas estão faltando. A primeira: você sabe por que livros como este são tão importantes? Porque têm qualidade. E o que significa a palavra qualidade? Para mim significa textura. Este livro tem poros. Tem feições. Este livro poderia passar pelo microscópio. Você encontraria vida sob a lâmina, emanando em profusão infinita. Quanto mais poros, quanto mais detalhes de vida fielmente gravados por centí­metro quadrado você conseguir captar numa folha de papel, mais “literário” você será. Pelo menos, esta é a minha definição. Detalhes reveladores. Detalhes frescos. Os bons escritores quase sempre tocam a vida. Os medí­ocres apenas passam rapidamente a mão sobre ela. Os ruins a estupram e a deixam para as moscas. Entende agora por que os livros são odiados e temidos? Eles mostram os poros no rosto da vida. Os que vivem no conforto querem apenas rostos com cara de lua de cera, sem poros nem pelos, inexpressivos. Estamos vivendo num tempo em que as flores tentam viver de flores, e não com a boa chuva e o húmus preto. Mesmo os fogos de artifí­cio, apesar de toda a sua beleza, derivam de produtos quí­micos da terra. No entanto, de algum modo, achamos que podemos crescer alimentando-nos de flores e fogos de artifí­cio, sem completar o ciclo de volta í  realidade. Você conhece a lenda de Hércules e Anteu, o gigantesco lutador cuja força era invencí­vel desde que ele ficasse firmemente plantado na terra? Mas quando Hércules o ergueu no ar, deixando-o sem raí­zes, ele facilmente pereceu. Se não existe nessa lenda nenhuma lição para nós hoje, nesta cidade, em nosso tempo, então sou um completo demente. Bem, aí­ temos a primeira coisa de que precisamos. Qualidade, textura da informação.

Ray Bradbury – Fahrenheit 451 ( a melhor leitura do mês)


Abril foi um mês mais gentil que março. Fiz mais coisas, tive mais alegrias e foi um mês mais rico. E ainda fechou com promessas para maio.
Acho que saí­ da grande crise de março, que beleza!


Recheios

  1. Passeio com Gael pelos sebos
  2. Almoço e cinema com Akio
  3. Clube do Livro
  4. Tarde em Macacos
  5. Tarde na Karina
  6. Almoço com a Rô

Livros

  1. A Escrita ou a Vida – Jorge Semprún
  2. Mrs. Dalloway – Virginia Woolf
  3. Como eu era Antes de Você – Jojo Moyes
  4. Segredos e Mentiras – Diane Chamberlain
  5. Fahrenheit 451 – Ray Bradbury
  6. Crônica da Casa Assassinada – Lúcio Cardoso

Filmes

  1. Bagdá Café (revi)
  2. O Sal da Terra
  3. Um fim de Semana em Paris
  4. O Clube dos Cinco
  5. Shirley Valentine

Séries

  1. Ally McBeal 2ª e 3ª Temporadas
  2. The Practice – 2ª Temporada

Cozinha

  1. Latke

Não fiz nenhuma arte, estou trabalhando em uma bolsa e uma toalha, mas são demoradas, vai levar ainda mais algum tempo.

Teve tanta coisa boa, tantos pontos altos. Mas teve perda também. Ou talvez seja mais apropriado dizer que eu vi o encerramento de um ciclo. Mas, c’est la vie.

Fue otro abril alegre
y otra tarde plácida.
El balcón florido
solitario estaba…
Ni la pequeñita
risueña y rosada,
ni la hermana triste,
silenciosa y pálida,
ni la negra túnica,
ni la toca blanca…
Tan sólo en el huso
el lino giraba
por mano invisible,
y en la oscura sala
la luna del limpio
espejo brillaba…
Entre los jazmines
y las rosas blancas
del balcón florido,
me miré en la clara
luna del espejo
que lejos soñaba…
Abril florecí­a
frente a mi ventana.

Antônio Machado

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