implacável

“O melhor espelho é um velho amigo.

George Herbet

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Eu me afastei da minha melhor amiga, minha madrinha de casamento, aquela amiga com a qual vc passa horas ao telefone conversando sobre tudo e nada, (aquela que teoricamente nunca vai sair da sua vida, pois já está nela diariamente há tantos anos que você não se lembra da vida antes dela), por um motivo muito triste. Muito triste: a implacabilidade

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Como começou, eu não sei, ou sei, mas não vem ao caso. Mas começou devagar, começou com a negação do direito de sofrer, de reclamar. Ela me negou o direito de reclamar da vida, da unha encravada, do cabelo rebelde, pois afinal, eu estava empregada, saudável e minha vida financeira resolvida, não tinha o direito de reclamar de nada que não fosse um câncer ou uma morte e olhe lá (olhe lá mesmo, porque quando alguém querido tentou se suicidar meu sofrimento também não era bastante).

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E quem me conhece sabe que eu não sou uma pessoa mais reclamona que o normal, que a média. E que eu também não sou implacável, pelo menos não era assim.

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E diante disso, minha defesa foi me tornar implacável também. Com ela. Eu também não permiti mais a ela que sofresse por nada menor que uma grande tragédia. E assim nos arrastamos por mais um tempo, mas uma amizade não pode ser implacável, não esse tipo de amizade, não a melhor amiga, especialmente se a amizade não tinha esse mote e passou a ter depois. Aconteceu aos poucos, imperceptivelmente, mas anos de implacabilidade não são em vão.

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E claro, a amizade não se sustentou, eu não podia mais viver o fingimento de estar ótima, linda e saltitante todos os dias, nem ela. E acabou.

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Eu acho que esse é um motivo muito triste pra terminar uma amizade de mais de 10 anos. Ainda mais nesse mundo tão cheio de gente estranha, gente esquisita, falsa, mentirosa, complicada egoí­sta _________. E numa idade em que já não se faz mais amizades tão facilmente, porque é dificil se entregar como mais jovem.

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Eu fico me perguntando: Por que nos tornamos tão implacáveis assim uma com a outra? Puxa vida, como eu gostaria de estar dividindo com ela esse meu momento, e o momento dela também, que é igualmente grande e igualmente bonito. Mas a implacabilidade é isso, nada menos. É o que causa, é esse muro alto e cinza.

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Eu ainda tenho saudade dela, ainda queria apagar isso tudo, queria pular este pedaço, voltar a um dia antes da implacabilidade, pois existiu esse dia. Tem dois anos, já, mas ainda dói. E ainda não tem remédio. Mas é a vida, não? Vida que segue.

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a criança nova que habita

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo o que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é o de saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção de meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Fernando Pessoa

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Eu estou grávida de 8 semanas. E não estou enjoando, nem sei o que é isso, ainda. Mas, o fato é que eu venho ouvindo muito que emagreci, que estou bem e tal. Hoje fui í  dois eventos com dois grupos de amigos diferentes e ouvi 4 vezes que eu “afinei”, que estou super bem, que estou bonita…

Engraçado que eu amo estar grávida, amo demais, me acho, me sinto e coisa e tal, mas uma coisa que eu sei é que não sou uma grávida do tipo bonita, eu fico mais feia que o normal. Isso não é pra ganhar confetes, é uma constatação mesmo, porque apesar de me achar na outra gravidez, eu sei que não estava bonita. E nem nessa, mas realmente eu emagreci e nem tem nada a ver com a gravidez em si (será mesmo?) porque não estou enjoando. Ah, e nem por isso, por me achar mais feia eu curto menos.

Acho que alguma coisa se curou (ou caminha para a cura), antes da gravidez, e está refletindo agora. De todo modo é ótimo ouvir isso, seja como for. Tem também o fato de que eu estou mais vaidosa do que nunca, e isso é muito engraçado, eu nunca fui assim durante tanto tempo seguido. Eu tenho surtos de me arrumar, emperequetar, como diz minha mãe, mas passa rápido. Agora não, tem tempo já. E tô adorando. Muito engraçado.

Vejo que essa cura teve muito a ver com a personal witch, não sei no que ela mexeu, com seus shiatsus, reikis, agulhas, florais e sotaque chileno. Sei que já fiz muitos tratamentos alternativos, já fiz tudo isso outras vezes, mas nunca tive o resultado de agora.(Isa, nunca vou te agradecer o suficiente.)

E pra falar a verdade eu pratiquei muito o Brahma Mudra, acho que ajudou muito também. É um mudra fácil demais de fazer e eu fazia sempre que me lembrava, por alguns minutos, 2, 3.

O fato é que tem muitos anos que eu não me sinto tão bem. Espero que este estado dure a gravidez toda, no parto e que depois eu possa reencontrar a pessoa que ficou perdida em algum canto que era eu.

Eu sei que esse post ficou bem vaidosão e meio sem noção, mas ah, nem ligo, acho bom, isso aqui é pra isso mesmo.

uma parte de mim não sou eu

“Depois que um corpo comporta outro corpo, nenhum coração suporta o pouco.”

Alice Ruiz

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Então que este blog andou bem í s moscas. Eu não sabia o que dizer, adiei a vinda. É porque ele vai entrar em recesso, por um longo tempo…Porque eu estou grávida e agora não é hora de pensar em dieta. Nem em emagrecimento.

Coisa boa estar grávida assim, com uma reeducação alimentar engrenada. Isso só vai me fazer bem e ao baby que vem por aí­…

Mas a verdade é que não é hora de me ocupar com estes assuntos, minha cabeça e meu coração estão cheios de outras coisas. O bom de aprender a se alimentar direito é poder levar isto consigo pra vida toda. Eu na verdade neste primeiro perí­odo até emagreci, não de enjoar que ainda não enjoei, mas de estar o tempo todo com uma sensação de plenitude.

E agora, é cuidar da alimentação, de mim, enfim, eu estou mergulhada nesta gravidez, e muito, muito feliz.

A jornada é longa, então o blog entra em recesso por um tempo, ou até que eu tenha algo de relevante a dizer sobre o assunto de que aqui eu trato, ou um dia desses aí­.

Gravidez me “empodera”, e eu espero retirar forças pra acabar de vez com os resquí­cios que me faziam me maltratar. Eu sei que não é milagre, que a luta continua, companheir@as, mas posso almejar melhorar com este evento na minha vida. Que sim, é um senhor evento. Pra mim não tem nada de banal. E eu sei que daqui a pouco com esse filho, vai nascer uma nova pessoa, a história interior da gravidez pra mim sempre traz a oportunidade de uma reinvenção. É isso. Até a volta.

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Ainda coloco aqui um selinho fofo que ganhei de uma hermana querida de blog lá da Argentina. Mariana, desculpe a demora.

Figura: Ancestral Path tarot

Instante

semente.jpgUma semente engravidava a tarde.
Era o dia nascendo, em vez da noite.
Perdia amor seu hálito covarde,
e a vida, corcel rubro, dava coice,

mas tão delicioso, que a ferida
no peito transtornado, aceso em festa,
acordava, gravura enlouquecida,
sobre o tempo sem caule, uma promessa.

A manhã sempre-sempre, e dociastuto
seus caçadores a correr, e as presas
num feliz entregar-se, entre soluços.

E que mais, vida eterna me planejas?
O que se desatou num só momento
não cabe no infinito, e é fuga e vento.

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Carlos Drummond de Andrade, A Vida Passada a Limpo, 1959

Clique para ampliar. Figura daqui: http://niilismo.net/galeria/index_10.php

camiseta

graciasaellasp.jpgPor causa do famigerado 8 de março, lembrei dessa camiseta linda que comprei na argentina. Minha orientadora me indicou uma livraria lá em Buenos Aires especializada no feminino e eu vi essa camiseta, linda, amei e trouxe. Pena que era a última. Mas estava pra chegar mais. Da próxima trago uma pra Cynthia e pra Lollo. Porque, graças a ellas mesmo e a muchas más…

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Essa livraria é uma delí­cia, eu fiquei perdidinha lá. Pequena, não é aparente na rua, você tem que tocar uma campainha pra entrar. Fica na sede de uma ong. Recomendo muito. É a Libreria de Mujeres. Aliás, em Buenos Aires também se acha muito material sobre gênero, muito, mas muito mais que aqui em Belo Horizonte, com certeza.

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Eu to doida pra entrar na prática prática da minha tese, que é obre a legislação sobre o corpo feminino, pra ver como são as coisas na Argentina no que diz respeito ao feminino, direito das mulheres e tal…

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Clique para ampliar

dispenso esta rosa!

Post reproduzido da Marjorie Rodrigues, porque eu concordo com TUDO o que está aqui.

Dia 8 de março seria um dia como qualquer outro, não fosse pela rosa e os parabéns. Toda mulher sabe como é. Ao chegar ao trabalho e dar bom dia aos colegas, algum deles vai soltar: “parabéns”.

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Por alguns segundos, a gente tenta entender por que raios estamos recebendo parabéns se não é nosso aniversário (exceção, claro, í  minoria que, de fato, faz aniversário neste dia). Depois de ficar com cara de bestas, num estalo a gente se lembra da data, dá um sorriso amarelo e responde “obrigada”, pensando: “mas por que eu deveria receber parabéns por ser mulher?”.

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Mais tarde, chega um funcionário distribuindo rosas. Novamente, sorriso amarelo e obrigada. É assim todos os anos. Quando não é no trabalho, é em alguma loja. Quando não é numa loja, é no supermercado. Todos os anos, todo 8 de março: é sempre a maldita rosa.

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Dizem que a rosa simboliza a “feminilidade”, a delicadeza. É a mesma metáfora que usam para coibir nossa sexualidade – da supervalorização da virgindidade é que saiu o verbo “deflorar” (como se o homem, ao romper o hí­men de uma mulher, arrancasse a flor do solo, tomando-a para si e condenando-a – afinal, depois de arrancada da terra, a flor está fadada í  morte). É da metáfora da flor, portanto, que vem a idéia de que mulheres sexualmente ativas são “putas”, inferiores, menos respeitáveis.

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A delicadeza da flor também é sua fraqueza. Qualquer movimento mais brusco lhe arranca as pétalas. Dizem o mesmo de nós: que somos o “sexo frágil” e que, por isso, devemos ser protegidas. Mas protegidas do quê? De quem? A julgar pelo número de estupros, precisamos de proteção contra os homens. Ah, mas os homens que estupram são psicopatas, dizem. São loucos. Não é com estes homens que nós namoramos e casamos, não é a eles que confiamos a tarefa de nos proteger. Mas, bem, segundo pesquisa Ibope/Instituto Patricia Galvão, 51% dos brasileiros dizem conhecer alguma mulher que é agredida por seu parceiro. No resto do mundo, em 40 a 70 por cento dos assassinatos de mulheres, o autor é o próprio marido ou companheiro.Este tipo de crime também aparece com frequência na mí­dia. No entanto, são tratados como crimes “passionais” – o que dá a errônea impressão de que homens e mulheres os cometem com a mesma frequência, já que a paixão é algo que acomete ambos os sexos. Tratam os homens autores destes crimes como “românticos” exagerados, prí­ncipes encantados que foram longe demais. No entanto, são as mulheres as neuróticas nos filmes e novelas. São elas que “amam demais”, não os homens.

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Mas a rosa também tem espinhos, o que a torna ainda mais simbólica dos mitos que o patriarcado atribuiu í s mulheres. Somos ardilosas, traiçoeiras, manipuladoras, castradoras. Nós é que fomos nos meter com a serpente e tiramos o pobre Adão do paraí­so (como se Eva lhe tivesse enfiado a maçã goela abaixo, como se ele não a tivesse comido de livre e espontânea vontade). Várias culturas têm a lenda da vagina dentata. Em Hollywood, as mulheres usam a “sedução” para prejudicar os homens e conseguir o que querem. Nos intervalos do canal Sony, os machos são de “respeito” e as mulheres têm “mentes perigosas”. A mensagem subliminar é: “cuidado, meninos, as mulheres são o capeta disfarçado”. E, foi com medo do capeta que a sociedade, ao longo dos séculos, prendeu as mulheres dentro de casa. Como se isso não fosse suficiente, limitaram seus movimentos com espartilhos, sapatos minúsculos (na China), saltos altos. Impediram-na que estudasse, que trabalhasse, que tivesse vida própria. Ela era uma propriedade do pai, depois do marido. Tinha sempre de estar sob a tutela de alguém, senão sua “mente perigosa” causaria coisas terrí­veis.

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Mas dizem que a rosa serve para mostrar que, hoje, nos valorizam. Hoje, sim. Vivemos num mundo “pós-feminista” afinal. Todas essas discriminações acabaram! As mulheres votam e trabalham! Não há mais nada para conquistar! Será mesmo? Nos últimos anos, as diferenças salariais entre homens e mulheres (que seguem as mesmas profissões) têm crescido no Brasil, em vez de diminuir. Nos centros urbanos, onde a estrutura ocupacional é mais complexa, a disparidade tende a ser pior. Considerando que recebo menos para desempenhar o mesmo serviço, não parece irônico que o meu colega de trabalho me dê os parabéns por ser mulher?

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Dizem que a rosa é um sinal de reconhecimento das nossas capacidades. Mas, no ranking de igualdade polí­tica do Fórum Econômico Mundial de 2008, o Brasil está em 10oº lugar entre 130 paí­ses. As mulheres têm 11% dos cargos ministeriais e 9% dos assentos no Congresso – onde, das 513 cadeiras, apenas 46 são ocupadas por elas. Do total de prefeitos eleitos no ano passado, apenas 9,08% são mulheres. E nós somos 52% da população.

A rosa também simboliza beleza. Ah, o sexo belo. Mas é só passar em frente a uma banca de revistas para descobrir que é exatamente o contrário. Você nunca está bonita o suficiente, bobinha. Não pode ser feliz enquanto não emagrecer. Não pode envelhecer. Não pode ter celulite (embora até bebês tenham furinhos na bunda). Você só terá valor quando for igual a uma modelo de 18 anos (as modelos têm 17 ou 18 anos até quando a propaganda é de creme rejuvenescedor…). Mas mesmo ela não é perfeita: tem de ser photoshopada. Sua pele é alterada a ponto de parecer de plástico: ela não tem espinhas nem estrias nem olheiras nem cicatrizes nem hematomas, nenhuma dessas coisas que a gente tem quando vive. Ela sorri, mas não tem linhas ao lado da boca. Faz cara de brava, mas sua testa não se franze. É magérrima (í s vezes, anoréxica), mas não tem nenhum osso saltando. É a beleza impossí­vel, mas você deve persegui-la mesmo assim, se quiser ser “feminina”. Porque, sim, feminilidade é isso: é “se cuidar”. Você não pode relaxar. Não pode se abandonar (em inglês, a expressão usada é exatamente esta: “let yourself go”). Usar uma porrada de cosméticos e fazer plásticas é a maneira (a única maneira, segundo os publicitários) de mostrar a si mesma e aos outros que você se ama. “Você se ama? Então corrija-se”. Por mais contraditória que pareça, é esta a mensagem.

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Todo dia 8 de março, nos dão uma rosa como sinal de respeito. No entanto, a misoginia está em toda parte. Os anúncios e ensaios de moda glamurizam a violência contra a mulher. Nas propagandas de cerveja e programas humorí­sticos, as mulheres são bundas ambulantes, meros objetos sexuais. A pornografia mainstream (feita pela Hollywood pornô, uma indústira multibilionária) tem cada vez mais cenas de violência, estupro e simulação de atos sexuais feitos contra a vontade da mulher. Nos videogames, ganha pontos quem atropelar prostitutas.

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Todo dia 8 de março, volto para casa e vejo um monte de mulheres com rosas vermelhas na mão, no metrô. É um sinal de cavalheirismo, dizem. Mas, no mesmo metrô, muitas mulheres são encoxadas todos os dias. Tanto que o Rio criou um vagão exclusivo para as mulheres, para que elas fujam de quem as assedia. Pois é, eles não punem os responsáveis. Acham difí­cil. Preferem isolar as ví­timas. Enquanto não combatermos a idéia de que as mulheres que andam sozinhas por aí­ são “convidativas”, propriedade pública, isso nunca vai deixar de existir. Enquanto acharem que cantar uma mulher na rua é elogio , isso nunca vai deixar de existir. Atualmente, a propaganda da NET mostra um pinguim (?) dizendo “ê lá em casa” para uma enfermeira. Em outro comercial, o russo garoto-propaganda puxa três mulheres para perto de si, para que os telespectadores entendam que o “combo” da NET engloba três serviços. Aparentemente, temos de rir disso. Aparentemente, isso ajuda a vender TV por assinatura. Muito provavelmente, os publicitários criadores desta peça não sabem o que é andar pela rua sem ser interrompida por um completo desconhecido ameaçando “chupá-la todinha”.

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Então, dá licença, mas eu dispenso esta rosa. Não preciso dela. Não a aceito. Não me sinto elogiada com ela. Não quero rosas. Eu quero igualdade de salários, mais representação polí­tica, mais respeito, menos violência e menos amarras. Eu quero, de fato, ser igual na sociedade. Eu quero, de fato, caminhar em direção a um mundo em que o feminismo não seja mais necessário.

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Não se surpreenda se também encontrar este texto em outros blogs e perfis do orkut ou se recebê-lo por e-mail ou impresso. Isto faz parte de uma campanha conjunta, organizada por Marjorie Rodrigues e por esta comunidade.

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Se quiser, pode reproduzir o texto e a imagem em seu blog ou perfil! No entanto, não se esqueça de dar os créditos pela autoria. Também seria muito legal se você linkasse as meninas.

Quando o Corpo Consente

Tí­tulo: Quando o Corpo Consente
Autoras: Marie Bertherat, Thérí¨se Bertherat e Paula Brung

Ano: 1997
161 pág. 21 x 14 cm

DESCRIí‡íƒO

Em 1996, Thérí¨se Bertherat escreveu com sua filha Marie Bertherat, que estava grávida, e Paule Brung, uma parteira, Quando o Corpo Consente. Neste livro a três vozes, elas falam do jogo das forças que se animam no corpo da mulher grávida. Thérí¨se Bertherat propõe também movimentos muito precisos para preparar seu corpo para o nascimento.

Este é o diário de Marie. Com palavras simples, ela conta o que experimentou em seu corpo e percebeu na própria carne. Durante nove meses.

Para lhe transmitir isso, ela prosseguiu sua pesquisa com inteligência e rigor. Sempre de forma generosa e com a doçura obstinada que é o seu jeito de ser… Mas que não haja equí­voco: esses nove meses que a tornaram mãe não devem ser vistos como convite í  caminhada fácil…

Uma mãe, Thérí¨se Bertherat, descobre a filha que julgava conhecer tão bem -, e essa revelação a surpreende, enchendo-a de alegria e respeito. Uma filha, de repente, pede í  mãe algo além de afeto e carinho. Solicita sua experiência como terapeuta.

Thérí¨se Bertherat a tranqí¼iliza e lhe explica o jogo de forças que nela se manifestam. Propõe-lhe catorze movimentos muito precisos para preparar o corpo para a hora do nascimento. Baseados em dados anatômicos e fisiológicos corretos, eles despertam na futura mãe o gosto pelas sensações sutis, o desejo de habitar todos os recantos do próprio corpo com ternura, com respeito por ela e pelo bebê. Se você está grávida e, por isso, preocupada, desejosa de uma palavra de apoio ou de uma explicação prática, ouça o que estas mulheres têm a lhe dizer.

Como Paule Brung, uma parteira especial com quarenta anos de profissão e a confiança que só se adquire com experiências que tiveram um desfecho feliz, todas as três encontram, a seu modo, os gestos e as palavras certas.

tenha a santa paciência

Si cada dí­a cae
dentro de cada noche,
hay un pozo
donde la claridad está encerrada.
Hay que sentarse a la orilla
del pozo de la sombra
y pescar luz caí­da
con paciencia.

Pablo Neruda, El mar y las campanas (Obras completas, III, p. 931)

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Tudo está conectado né? Pois é, e as caracterí­sticas da gente também, por supuesto…E daí­ que eu sou (como todo mundo) um pacote de caracterí­sticas. Que me fazem fazer as escolhas que eu faço, que por sua vez fazem de mim quase tudo que eu sou, bláblábla.

E o que isso tem a ver com emagrecer? Acho que é óbvio, mas também é daquelas coisas óbvias que eu preciso falar em voz alta pra que eu mesma acredite e pra ver se tomo uma atitude.

Porque o fato de eu ser uma pessoa extremamente impaciente (mas realmente muito, muito impaciente) me atrapalha demais na dieta. Eu sou praticamente um poço de impaciência. E não tenho paciência com dieta (ou regime, ou reedeucação alimentar, ou Aprendizado, whatever…) E vê lá se dieta sem paciência funciona. Claro que não.

Mas peraí­! Voltemos ao exercicio que a personal witch me passou: eu sou impaciente, mas posso mudar né? Ou posso ser impaciente numas coisas e noutras não…

Faz parte do pacote não ser acabada, graças a Zeus. Graças a Zeus eu NíƒO posso encher a boca pra falar: Eu sou assim, Eu sou assado. Toda hora eu mudo. (Tenho medo de gente com certezas demais, gente que é demais, chega a me dar arrepios na espinha).

Y oigo una voz que dice con razón
“Vos siempre cambiando, ya no cambiás más”
y yo estoy cada vez más igual
Ya no se que hacer conmigo.

Cuarteto de NosYa No Sé Que Hacer Conmigo

(clica ai pra ouvir que essa música é ótima. E me lembra de mudar mas não tanto assim)

http://www.divshare.com/flash/playlist?myId=6722723-3b6

Bom, não importa. O fato é que eu preciso entender que pra se fazer dieta há que se ter paciência. Na verdade eu preciso entender que pra se viver há que se ter paciência…

É bem isso que eu estou tentando (e tenho até conseguido) ter, paciência com a dieta, paciência pra viver um dia depois do outro sem que estes se transformem numa massa sem fim de descontroles. E paciência comigo mesma e com as pessoas.

Aqui tem um maravilhoso texto budista, do venerável mestre Thich Nhat Hanh. Lindo texto.

Figura de Marta Oliveira: http://www.artbr.com.br/todosossantos/martaoliveira/index.html

patinha bonita

“Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida.
Cada mudança, cada projeto novo causa espanto: meu coração está espantado.
É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue”

Clarice Lispector, Um sopro de vida, Nova Fronteira, 1978

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Essa semana minha personal witch* me deu um dever de casa pra fazer. Eu teria que evitar me julgar. Policiar meus pensamentos e pegá-los no pulo e não deixá-los ir pra frente se fossem negativos.

Rá! Logo eu, judiciosa por natureza? Carrasca e tudo mais? (E o post de hoje do outro blog foi dedicado a mim também.) Aliás, alguém aí­ consegue isso? Como se faz isso?

Seria o mesmo que conseguir a proeza de parar o diálogo interno**! Missão ninja. Mas eu tento, estou tentando. Segundo ela nós nos tratamos da mesma forma que os adultos nos tratavam quando tinhamos até 5, 6 anos. Aff… Minha história de tratamentos até essa época definitivamente não foi das melhores. E não tenho auto piedade por causa disso. Mas é fato. Só que é um exercí­cio que acaba ajudando no emagrecimento. Apesar de que í s vezes eu duvido muito da eficácia deste tipo de coisa. Mas. Vamos lá fazer, né? Minha criança interior agradece. (Mas o que raios é criança interior, heim?)

É preciso reforçar o clichê da auto-estima, ué. É? Mais fazer do que questionar, que minha garganta dói de tanto questionar. Minha Rebeldia sempre foi verbal.

E eu não me vi afinar, minhas roupas não estão mais largas, eu continuo imensa nas fotos. Mas me sinto melhor, me sinto menos feia e seinto força. De onde vem essa força, eu não sei, mas voua aproveitar enquanto ela está aqui. E amanhã vou anotar de novo. Hoje sei que não extrapolei, mas não anotei. Trabalhei debaixo do sol das duas horas da tarde, literalmente e fiquei esgotada, por causa do calor. Eu tenho uma alergia séria ao calor. ODEIO.

Como diz a Menina: das dez coisas que eu mais odeio neste mundo, as 9 primeiras são o calor. E como eu trabalho na rua, amarguei muito sol hoje.

Não jaquei não.

Vou emagrecer devagarzinho, mas vou. Porque eu não consigo comer 1000 calorias, 1200 por dia, eu preciso de mais. Mas,

“Se sorte está contra você, para quê*** pressa? Se a sorte está com você, para quê pressa?”

Provérbio afegão

*é a moça que me faz massagem e acupuntura, uma bruxa de verdade, com vassoura e tudo.
**esse exercicio é muito legal, e por instantes para mesmo o diálogo mental.
***Para quê? Tem acento?
Imagem Whimiscal Taro, inspirada no The Ugly Duckling

pois é

Eu estava estudando e meditando um pouco sobre a carta do Tarot “A Justiça” quando me deparei com uma citação que adorei.

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E resolvi dedicar para tod@s @s paladin@s da justiça, guardiães da moral e dos bons costumes, para @s que tomam para si os cargos de carrasco, julgador, sentenciador. E @s afins tod@s.

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“Eu amo o mau que sabe que é mau, mais do que o justo que sabe que é justo. Mas dos maus que se julgam justos, diz-se o seguinte: ‘Já nos umbrais do inferno eles não tentam retroceder, pois imaginam que estão sendo levados para o inferno a fim de salvar as almas dos que lá estão’.”

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Contos de Chassidim

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