minúsculos assassinatos e alguns copos de leite

Nem preciso dizer que adorei. Peguei ele pra ler ante da Fal vir aqui. Onze horas da noite eu comecei. Duas da manhã eu tinha acabado de devorar, com muito, muito gosto. É delicioso, delicioso. Amei.

MINíšSCULOS ASSASSINATOS E ALGUNS COPOS DE LEITE
Autor: Fal Azevedo
ISBN: 9788532523556
Páginas: 204
Formato : 14×21

Sinopse do Livro

“Tenho 44 anos e sei que isso não é felicidade.

Mas sei também que não deixa de ser.”

Boitempo II, livro de poemas memorialí­sticos de Carlos Drummond de Andrade, traz o seguinte subtí­tulo: “esquecer para lembrar”. Parafraseando e contradizendo o “poeta maior”, a pintora quarentona Alma passa em revisão sua biografia, num ritual pessoal de “lembrar para esquecer” – um acerto de contas com o passado na tentativa de escrever felicidade em seu futuro, algo mais intenso do que “sigo vivendo”. Alma é a protagonista de Minúsculos assassinatos e alguns copos de leite, primeiro e surpreendente romance da paulistana Fal Azevedo.

A autora constrói, no livro, a narrativa de maneira não-linear, alternando discursos diferentes, momentos distantes e vozes distintas. Tais vozes interagem indiretamente com Alma, através de cartas, postais e e-mails, e confundem-se com a própria protagonista e narradora – qual um diálogo interno de alguém em auto-análise.

O nome da personagem, aliás, é o sopro de uma humanidade marcada por conflitos, diferenças, feridas. Alma desenrola, no presente, em sua casinha, na estância balneária de Bertioga, em São Paulo – em meio aos vários cachorros, inúmeros gatos, os bolos, os mimos do vizinho, Seu Lurdiano, as missivas e correios eletrônicos de uma extensa legião de amigas e amigos (Biuccia, Cláudio, Tela, Binho, Ticcia, Gigio, Rose, entre outras e outros) -, o novelo da sua vida, atravancada em nós trágicos e dolorosos.

Cada capí­tulo da obra é intitulado com o nome de alguma comida, tempero ou bebida – “Doce de leite”, “Croquete”, “Manjericão”, “Suco de uva”. Paladares que marcam o gosto, na memória, de cada instante vivido com pessoas que forjaram sua história: pai; mãe; a irmã do meio, Violeta; o padrasto, Eliano; a meia-irmã, Ana Beatriz; os avós paternos, Estela e Juan; os maternos, Greta e Max; o ex-marido, Otávio; a única filha, Fernanda. A lembrança é um relicário de sensações muito reais; as cicatrizes são as provas cabais da experiência – “uma vida feita de pequenas omissões e minúsculos assassinatos”. A vida que só Alma sabe viver.

Verdadeiro soco no estômago, o livro de Fal Azevedo é uma grata surpresa na cena literária contemporânea, que emociona sem pieguices. As perdas dos entes mais queridos de Alma levam, invariavelmente, o leitor a reavaliar suas relações familiares e a pensar, com o coração apertadinho, em ligar para o pai, a mãe, os irmãos, os filhos, quem quer que lhe seja especial. Afinal, a morte, essa novidade indesejada, sempre nos pega de surpresa e rouba um pedaço da gente.

Fal e Obama

Daqui há algum tempo a gente vai se perguntar onde estava no dia em que o Obama ganhou as eleições e a humanidade deu esse grande passo. Eu estava primeiro aqui ó. Depois fomos bebemorar e recepcionar a querida da noite, a Fal. Com gente da melhor qualidade, torcendo muito, bebendo todas. Vou me lembrar sempre desse dia. Porque acho que a humanidade cresceu e ficou um pouco melhor.

Sobre o Obama, recomendo a leitura desse post aqui.

abismo e borboletas


Clique para ampliar – Domí­nio Público

 

“E se você olhar longamente para um abismo, o abismo também olha para dentro de você.”

Friedrich Nietzsche. Além do Bem e do Mal,
Ed. Companhia das letras, pág 79, aforismo 146.


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Mais de uma semana sem vir aqui. E uma péssima semana em termos alimentares. Tive muitas crises de compulsão bravas. Muito chocolate, muita comida sem noção. E algumas conclusões também.

A primeira delas é que eu realmente preciso de alguma ajuda, sozinha tá muito dificil. Quando eu estou perto de algum grupo ou algum programa fica mais fácil me motivar, eu encontro mais ânimo pra tentar, pra fazer cardápio, fazer pratos leves, comer frutas e tal. Vou tentar desenvolver esse assunto em outros posts.

 

Se eu estou por minha conta, eu sou a menina das borboletas.

A segunda conclusão é que a minha história é a seguinte: eu tenho um enorme abismo, escuro e cheio de perigos que preciso encarar. Eu preciso me atirar nesse abismo, atravessá-lo para conseguir superar algumas coisas na minha vida, coisas essenciais e cruciais. E o caminho até o abismo é longo, longo e cheio de obstáculos e perigos. Uma verdadeira floresta dos contos de fada. Uma verdadeira jornada do herói.
E eu me armo, me encho de suprimentos, e faço um trabalho árduo pra chegar até lá. Caminho, me perco, sofro, mas chego í  beira do abismo. E o abismo é fascinante, é maravilhosamente tenebroso. Assustador. Eu caminho até sua beirada e me abaixo para encará-lo. Naquilo que seria talvez o momento mais importante da minha vida. Encarar o abismo, travar um diálogo com ele, atravessá-lo. E ai, bem na hora H, em que eu estou quase nauseada de olhar a profundidade desse abismo, passa uma linda borboleta colorida na minha frente e eu me distraio com a beleza de suas cores, de seu vôo e saio correndo atrás dela, enlevada.

Clique para ampliar – Imagem daqui, creative commons

E quando percebo, estou de volta ao começo do caminho, distraí­da e atraí­da por uma borboleta colorida. Assim tem sido minha história, perdendo o foco toda hora com borboletas. Hipnotizada pela flauta de Hamelin. E o esforço que eu tenho que fazer: Deixar de lado as borboletas, por mais atraentes que sejam e me concentrar, me fixar no foco. É isso.
 
Aqui encontra-se disponí­vel para download o livro Além do bem e do Mal, de domí­nio público. Em espanhol.

nostalgia

Hoje, no meu google reader, eu tava lendo um post de um blog que eu sigo, e nostálgica, pensando num lugar que fosse também meu estado de espí­rito, como a moça do blog fala que os dela são Paris e São Tomé das Letras.

E me deparo com essa foto, que me fez voltar uns 20 anos ao passado. Nesse lugar, bem ai nessa calçada, eu ajudava os hippies meus amigos na época, a vender artesanato. Imediatamente eu me transportei pra lá, pra esse momento no tempo. Cara, que saudade…Época boa, intensa, cheia de vida. Preciso voltar lá um dia desses.

Saudades daquele estado de espí­rito.